Antes desta leitura, leia o texto Por que acredito em Deus, que traz a primeira parte desta análise.
Feita
a constatação de que a consciência é indispensável para que o universo em que vivemos
tenha as leis físicas e, com isto, toda a configuração que experimentamos, façamos
outra análise.
Primeiro,
constata-se que se a conformação do universo depende da consciência, da mente,
então não se pode falar que é a matéria que gera a mente (no cérebro, como é suposto
pela ciência mais ortodoxa).
Pelo
experimento da escolha retardada com o uso do apagador quântico, fica claro que
não só a sobreposição de estados de dada partícula só é desfeita quando é
possível se distinguir uma dentre
duas possibilidades físicas (sem que tal distinção implique em qualquer tipo de
interação com o elétron, ou fóton, que já não tenha ocorrido), ou seja, se o
pesquisador consegue definir, a partir do que é captado pelos sensores, se uma partícula
elementar obrigatoriamente apresentou um só caminho percorrido. O curioso é que
tal possibilidade independe do tempo. Em outras palavras, a medição feita hoje
afeta, ao menos em nível de escala atômica, o futuro e o passado. Mas, como Stephen Hawking e Leonard Mlodinow propõem,
essa característica de “seleção dentre possibilidades” para uma partícula pode
(e deve) ser estendida a toda a história do universo e às leis que o regem.
A
citada característica de independência temporal se denomina por “atemporal”.
Logo, os efeitos da consciência na matéria, quando atua como seletor que permite
definir a história descrita e despreza as potencialidades concorrentes, são
atemporais.
A
implicação disto é que a observação feita no que percebemos como “agora” define,
em todo ou em parte, a história do universo do seu momento inicial ao seu fim
(se existir um). Saindo da escala macro do universo e retornando a observação de
um fóton, o que equivale a se ater a experiência já citada aqui, note que a
redução de estado (perda de sobreposição) implica em definir um (grupo de)
caminho para a partícula no seu deslocamento no tempo, momento a momento. Em
dado contexto, pode-se assim afirmar que a partícula tenha estado nesta ou
naquela posição. Isso ilustra a característica temporal e local da matéria.
Todavia,
se a matéria exibe características locais e temporais, a característica não
local só pode vir da outra componente fundamental do universo: a consciência. Contudo,
se o fator atemporal é inerente à consciência, então, por certo, no momento
inicial do universo, a mente já existia [1], ainda que o espaço-tempo fosse um
embrião e a matéria um aglomerado de densidade descomunal. Note que, neste
contexto, não faz sentido supor consciências (múltiplas): o universo tem
dimensões pontuais neste estágio. Mais ainda: não faz sequer sentido em
postular uma consciência local, presa a influências exclusivamente daquilo que
a cerca.
Assim
sendo, a proposição de uma mente única, uma só consciência, da qual somos parte
(e utilizamos de fração da mesma) é a proposta que atende de forma simples e
direta as necessidades físicas (e metafísicas) daquilo que observamos na natureza.
O mais
prudente seria afirmar que aquilo que chamamos de consciência deriva de algo
que existe no universo, na criação, que independe do tempo e espaço. É
exatamente essa consciência, ou mente, primária, da qual tudo deriva, é que
pode ser chamada de Deus.
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[1] O correto seria afirmar simplesmente que a mete existe, visto que, de acordo com a análise aqui apresentada, ela é atemporal: não faz sentido, portanto, colocar o verbo no passado ou futuro.
[1] O correto seria afirmar simplesmente que a mete existe, visto que, de acordo com a análise aqui apresentada, ela é atemporal: não faz sentido, portanto, colocar o verbo no passado ou futuro.
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