Experimento
mental: em filosofia e em física, um experimento mental ou experiência
mental (da expressão alemã Gedankenexperiment)
constitui um raciocínio lógico sobre um experimento não realizável na prática,
mas cujas consequências podem ser exploradas pela imaginação, pela física ou pelas matemáticas.
INTRODUÇÃO
Assumamos
uma postura muito parecida com Descartes: duvidemos sobre a veracidade da
existência de tudo (de forma metódica)! Assim, colocando em cheque a realidade
percebida a esse ponto extremo, Descarte concluiu que o pensamento (no caso a
dúvida sobre o que existe ou não) persistia, daí a famosa conclusão do
filósofo: “Penso, logo existo!”.
Cogito, ergo sum significa "penso, logo sou";
ou ainda Dubito, ergo cogito,
ergo sum: "Eu duvido, logo penso, logo existo" - Cogito, ergo sum [Wikipedia em 21 Mar
15]
Mas há quem discorde,
e com razão, dessa conclusão de Descartes: que é possível concluir a existência
do “eu” de forma direta a partir da constatação da dúvida. Vejamos o que Elifas
Levi aponta em seu livro Dogma e Ritual da Alta Magia:
Porém, dizer "Eu penso, logo existo", é concluir da
consequência ao princípio, e recentes contradições levantadas pelo grande
escritor Lamennais demonstra [filósofo e escritor
político francês, 1782-1854] a imperfeição
filosófica deste método. Eu sou logo existe alguma coisa, nos parece uma base
mais primitiva e mais simples da filosofia experimental.
Assim, cabe um trabalho dedutivo maior aqui. O “existe alguma
coisa”, apontada por Levi (acima), mas na dúvida metódica de Descartes o “eu”
foi eliminado no processo sistematizado que ele desenvolveu em sua filosofia. A
dúvida, a qual se mencionou no primeiro parágrafo, ou, talvez, algo mais (ou
algo além), é conclusiva quanto a sua existência. A dúvida faz parte de uma
classe de entes que definimos como pensamento. Isto posto, pode-se dizer que se
pode duvidar de tudo, mas não de que o pensamento existe.
Com essa modelagem se ilustra o processo que é aqui empregado
para propor uma sequência lógica, blindada às falhas, para deduzir a existência
e algumas assertivas sobre a mesma.
METODOLOGIA
O
presente experimento utilizará conceitos básicos para deduzir os mais
complexos. Esta dedução será conduzida por um processo que inicia de um
conceito validado, de pergunta(s) que possam ser formulada(s) sobre tal
conceito, questionamento(s) básico(s) de forma que possua(m) resposta(s) simples e
objetiva(s): sim (S) ou não (N). Em função dessas respostas serão extraídos novos
conceitos válidos.
Ocasionalmente,
é possível que, para algumas perguntas, os conceitos não sejam suficientes para
obter apenas uma resposta válida (S ou N). Nestes caso, se existirem, será considerada
uma sobreposição, um paralelismo (P), de ambas as respostas até que se obtenha
pelo menos um segundo conceito válido que permita a quebra do paralelismo
anteriormente identificado.
Para auxiliar a visualização da formulação a que se está chegando,
será utilizado um fluxograma que sintetizará, inicialmente por partes e,
posteriormente de forma geral, as deduções alcançadas, ilustrando conceito(s),
pergunta(s), reposta(s) e fluxo(s) sequencial(is) que se está seguindo. Para
tanto, considere as representações abaixo e o significado atribuído às mesmas.
** No penúltimo símbolo, a letra “A” significa que o fluxo
conduz a um absurdo lógico. O último símbolo, o círculo, é um conector entre 2
partes de uma mesmo fluxograma.
Este ensaio possui 2 partes: uma analítica e esquemática, na
qual a existência é deduzida desde um constituinte elementar até se alcançar
todo o universo físico; o outro é analítico e emprega os conceitos da ciência
moderna.
Premissa: é possível conhecer algo.
Observe que não admitir essa premissa implica em assumir a impossibilidade de obter todo e qualquer conhecimento (sem falar de ignorar a filosofia e a ciência).
DESENVOLVIMENTO
Exposição Analítica
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Fluxograma
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Após
questionar a existência de tudo aquilo que usualmente se admite como
existente, a percepção de um espaço vaziou e/ou da dúvida persiste.
Pergunta (P00): identifica-se algo?
Isso
equivale a perguntar se algo é percebido, ou seja, é como afirmar que existe
a percepção. Assim, é forçoso admitir um mecanismo primário direto pelo qual a
existência é experimentável e atestada. Se for negada a existência da
percepção, então se nega a capacidade de conhecer, pois não seria possível a
captação de informação: isso equivale a negar algo factual que ocorre neste
momento.
Conceito (C00): percepção.
O
objeto da percepção sofre algumas análises: afinal foi sentenciado acima que
é um espaço vazio e/ou a dúvida. A primeira é sobre a inteligibilidade do que
está se percebendo. Além disso, faz-se um apanhado da quantidade e qualidade
de informações que se está captando. Em função disso, juízos de valores são
tomados, conceitos são associados (complementados, classificados, etc), estabelece-se
compreensão de correlações, raciocínio, juízo, etc. A inteligência é a autora dessas tarefas e o segundo ente de que se
acusa a existência.
Pergunta (P01): existe intelecto?
A
resposta “não”, pelos motivos elencados, leva a um absurdo lógico, pois não
se saberia que algo foi percebido.
Conceito (C01): intelecção.
A
percepção de que a intelecção questiona a existência de tudo, agora a menos dos
dois entes retro citados, valida a existência da própria pergunta.
Pergunta (P02): há o questionamento?
Se
a resposta for “não”, gera-se um absurdo lógico, uma vez que a resposta nega
sua origem: a própria pergunta. Ou seja, aquilo que provoca a resposta “não”
tem sua própria existência negada, pois se torna uma resposta a uma questão
inexistente. Logo, a única resposta possível e a afirmativa.
Conceito (C02): dúvida.
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OBSERVAÇÃO 1: a percepção é o canal único
que permite a exploração de algo e, com isso, possibilita negar ou admitir
que um ente existe. A análise do juízo que classifica o ente como existente
ou não é função do intelecto.
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