“O Universo e inevitável. (...) O Universo é impossível.”
Nima Arkani-Hamed
Dentre os vários artigos – de
excelente qualidade – que podem ser lidos na Edição Especial, n° 60, Física e Astronomia 2, Scientific American
Brasil, dois são particularmente de interesse no contexto de assuntos
abordado neste blog. Sob os títulos de Complexidade
da Física Apoiam Ideia de Multiverso e Supersimetria
e a Grande Crise na Física, ambos discorrem sobre o que os pesquisadores
tinham expectativa de verificar no LHC, a fim de confirmar teorias, a ausência
dessas observações.
Os físicos denominam por Modelo
Padrão uma teoria subatômica de grande sucesso para explicar o que é observado
em testes, combinando mecânica quântica e relatividade especial. Todavia, o
Modelo Padrão não é autoexplicativo, ou seja, silencia-se quanto aos motivos
que implicam, por exemplo, no valor da massa do elétron ou na quantidade de
partículas que se observa nos laboratórios.
Neste contexto, para explicar os
fundamentos que definem o Modelo Padrão, os físicos estudam e propõem
estruturas teóricas mais abrangentes. Dentre elas, destaca-se a Supersimetria.
Segundo Einstein, para um
cientista “sentimentos religiosos assumem a forma de perplexidade arrebatadora
diante da harmonia da lei natural”. Essa percepção foi um verdadeiro norte para
os físicos do século passado é, até agora, do nosso século também. Acreditar
que as constantes básicas da física emergiriam naturalmente de uma modelo
adequado, sem necessidade de preciosos Ajustes Finos, é um quadro que resume tal sentimento. A Supersimetria (ou Susy) é uma estrutura de
teorias que permitem entender as leis da natureza, que conformam o universo,
como harmoniosas, naturais, conforme estes conceitos foram contextualizados nas
linhas anteriores.
O problema é que o Grande Colisor
de Hádrons (LHC), segundo uma considerável parte dos físicos, já deveria ter sinalizado
novas partículas que apontassem para a constatação, ao menos em parte, da
Supersimetria. Em 2015 novas experiências, envolvendo mais energias, serão
realizadas no LGH. Se as previsões feitas por meio da Supersimetria não forem
encontradas, ter-se-á de se repensar em como devemos entender os Ajustes Finos.
Uma possibilidade ventilada pelos
físicos é o Multiverso, ou seja, que o nosso universo seja mais um entre um
número exorbitante de universos paralelos existentes. Neste quadro, todas as
possibilidades de ajustes de constantes físicas ocorre, tornando a do universo
que vivemos apenas mais uma dentre as existentes.
É interessante saber que, por
definição, universos paralelos não se interconectam, o que impossibilita uma
verificação experimental para apurar a eventual existência de algum outro
universo (que não seja este que estamos). Por tal motivo, as críticas em torno
desta proposta são comparáveis a produção de sintonias finas realizadas por
deuses invisíveis.
O artigo sobre Supersimetria
ainda traz mais duas alternativas como substitutos dessa candidata: dimensões
extras (passíveis de alguma observação no LHC) e transmutação dimensional (também,
neste caso, o LHC poderá definir a sorte da mesma). Sobre essas alternativa,
como só li os pouquíssimos parágrafos que constam no próprio texto aqui
indicado, prefiro não correr o risco de opinar sem um mínimo de conhecimento
sobre o assunto.
Parodiando uma citação de um dos
artigos aqui citado, parece que o universo quer nos dar um recado.
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