“(...) o
que normalmente consideramos como o espaço vazio – o vácuo, o nada - desempenha
um papel central na determinação da aparência atual das coisas (...)”
Brian Greene
Atente para o nosso universo
em grande escala: imensos vazios com aglutinações de matéria bastante espaçadas,
ao menos na parte visível que conhecemos.
Analisando a matéria
em diminutas escalas chegamos à conclusão de que as moléculas e átomos não
possuem substância, não são sólidos ou pequenas esferas como é comum
imaginarmos. Alguns ainda concebem, de forma enganosa, uma estrutura atômica de
prótons, nêutrons e elétrons como um pequeno sistema planetário. Estas
concepções mentais são falsas.
Uma imagem mais
aproximada nesta escala de observação seria de regiões com altas probabilidades
de se encontrar as estruturas básicas, inclusive o próprio átomo, em contraste grandes
espaços de baixíssima probabilidade de encontrar os mesmos. É como se fosse uma
nuvem no céu, dessa que imaginamos diversas formas ao olharmos para as mesmas:
montes de algodão. Quanto mais escura maior a probabilidade da água estar
concentrada na região e, em consequência, mais densa é a nuvem nesta zona. De
maneira similar, as “nuvens atômicas” também possuem densidades e estas definem
a região do espaço onde a partícula subatômica tem maior probabilidade de ser
encontrada.
Com efeito, o átomo é
formado por regiões volumétricas de alta e de baixa probabilidade de se achar
seus componentes fundamentais. A física quântica, grosso modo, é uma física depossibilidades.
Em geral, não há contato físico
entre os átomos ou moléculas, não da maneira convencional que imaginamos. As
ligações são elétricas, atrações entre as cargas de sentidos opostos. A
natureza mais íntima da matéria se mostra um imenso vazio quando olhada de
perto.
Uma boa definição
para o que chamamos de partículas subatômicas, os tijolos da realidade física,
seria um condensado de informações, ou de ideias. Um elétron é definido por seu
spin, carga e massa: um conjunto de
informações percebidas pela interação que este tem com outras partículas.
Uma das coisas que
mais perturbam os materialistas é um fato difundido e amplamente explorado nos
experimentos quânticos: a fundamental importância da medição interferindo no evento observado.
Em grande escala, ao
medirmos a velocidade e posição de um objeto, como um carro, não alteramos ou
definimos estas informações. Quando o tempo de uma volta de um carro de fórmula
1 é apresentado no programa de televisão que cobre o evento, a posição e a
velocidade do mesmo não sofre qualquer perturbação fruto da medida feita. Nada
parece ter se alterado como consequência da medição realizada. Isso não ocorre
nos experimentos subatômicos.
Um evento quântico
não é precipitado, ou seja, vem a ter existência física, enquanto não é medido.
Antes da medição o fenômeno se encontra em meio a possibilidades da realidade.
Quando se mede, uma única alternativa dentre todas as possibilidades passa a
fazer parte da realidade daquele momento e todas as outras probabilidades de
existência são reduzidas a 0% de chance de acorrerem fisicamente.
Tal fato ocorre de
forma tão fantástica que um só elétron pode estar em vários lugares em dado
instante antes de uma medição qualquer. Contudo, uma vez que este elétron tenha
sua posição medida, no instante da medição, sua alocação passa a ser um lugar
definido e único.
O domínio da mecânica
quântica nos mostra fatos deveras anômalos em relação a nossa vivência
cotidiana. Como exemplo, a experiência conhecida como escolha retardada mostra
que um evento medido pode definir a posição, ou posições, que uma partícula
adotou antes da medição, ou seja, uma decisão que tem afeitos naquilo que entendemos,
de forma contumaz, como passado.
Esta linha de
pensamento levou o físico Amit Goswami a construir uma teoria que a mente figura
como responsável pela criação de nossa realidade, inclusive da matéria.
Dentre as similitudes
que percebo entre a cabala e a física, há uma que considero de forma especial.
A dinâmica que caracteriza nosso universo e a vida são características
indispensáveis à visão de quem os estuda. Pode-se dizer que nada é, tudo está. Este
é assunto para outro texto.
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