A experiência da Escolha Retardada nos mostra que a multiplicidade de
comportamentos e trajetórias de um fóton, elétron, quark ou qualquer partícula
fundamental - ou até algumas compostas - nos mostra que eventos que constam na “fotografia
mental” do nosso "agora" podem definir todo um ramo de uma história sob a ótica
da mecânica quântica. Ou seja, se um dado elétron, por exemplo, comportou-se
como partícula ou onda numa distante fotografia, num dado momento, do nosso
passado.
Isso significa que o que fazemos hoje pode escrever o passado? Sim, ao menos
nos detalhes de nível subatômico. Mas essa "imposição" não deve ser entendida
como uma alteração do passado, mas sim como uma definição do mesmo. Assim como a posição e a
velocidade de uma partícula só é conhecida quando medida, o passado de uma
partícula também só é definido quando observado.
Nestes termos, o que chamamos de passado - ou detalhes que o constitui - são
demarcados quando medidos, ainda que essa medição, a qual “impõe” um dado comportamento, seja futura.
Há algo ainda mais intrigante. Uma variação da experiência da escolha
retardada misturada à experiência da dupla fenda - conhecida como apagador quântico
de escolha retardada - nos mostra que: numa experiência onde as medições dos
detectores são feitas de forma que não se pode identificar qual é o detector
que recebeu o fóton (portador do sinal medido), o padrão de interferência, ou seja, o comportamento como
onda, ocorre [1].
Quanto à seta do tempo, a direção única que experimentamos (do passado para
o futuro), pode ser compreendida da mesma forma em que a mesma foi apresentada no texto
sobre a percepção clássica do tempo: a segunda lei da entropia é a causa
unidirecional do tempo.
Uma curiosidade para os que gostam de equações: ao se aplicar o conceito de entropia sobre as descrições na forma de
funções de onda das partículas, tem-se definição similar à definição de
entropia no caso da física clássica, ou seja, a entropia deve aumentar sempre.
Assim,
nossa noção do tempo é proveniente da física clássica [2].
[1] Isso leva alguns, eu, por exemplo, a acreditar que é preciso um ser
ciente, uma consciência, mesmo de forma indireta, sabendo sobre o destino do
fóton para que o mesmo tenha um “comportamento clássico”.
[2] “... por alguma razão, a entropia
era extraordinariamente baixa após o Big-Bang e as coisas vêm se desenrolando vagarosamente
nos últimos 14 bilhões de anos e continuarão a fazê-lo em direção ao futuro.”
... “... o nosso esforço para explicar a
seta do tempo nos leva novamente à origem do universo.” Brian Greene, em O Tecido do Cosmo, Cia das Letras,
explicando como se conclui sobre o aspecto unidirecional do tempo na mecânica
quântica.
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