Na revista Scientific
American Brasil, excelente publicação, no número atualmente disponibilizado nas
bancas (número 134, de julho de 2013), tem-se o artigo O Paradoxo Quântico que Confunde a sua Mente. Nas palavras do autor
do artigo, Hans Christian von Baeyer, o texto trata sobre: "uma nova versão da teoria quântica afasta de
vez os paradoxos bizarros do mundo microscópio. A que preço? A informação
quântica só existe na sua imaginação".
Vou citar alguns trecho do
artigo para deixar claro a abordagem e diferenciação do mesmo.
"Na visão quântica convencional um objeto como um elétron é representado por uma função
de onda - expressão matemática que descreve suas propriedades. Para prever o
comportamento do elétron é preciso calcular a evolução temporal da sua função
de onda. O resultado do cálculo nada mais é que a probabilidade de o elétron
ter uma determinada propriedade (como estar em um local e não outro). Mas
surgem problemas quando se considera que a função de onda é real."
"Combinando as
teorias quântica e probabilística, o QBism propõe que a função de onda não tem
realidade objetiva. (...) o observador utiliza a função de onda para determinar
sua crença pessoal de que um sistema quântico terá determinada propriedade,
pressupondo que suas próprias escolhas e ações afetam o sistema".
"A noção de
que a função de onda não é real remonta aos anos 30 e aos trabalhos de Niels
Bohr (...) Para ele a função de onda nada mais era que uma parte do formalismo
(...) QBism foi o primeiro a fornecer uma estrutura matemática às concepções de
Bohr."
Simplificando, o QBism
defende que a função de onda tem um caráter subjetivo: a mesma representa
meramente o que conseguimos conhecer sobre um objeto como o elétron.
Com base nesta linha de
raciocínio, os que aderem ao QBism exemplificam o fim dos paradoxos utilizando
o famosos Gato de Schrödinger. A "estranheza" de certas
interpretações vigentes apontam um gato em que os estados de vivo e morto se sobrepõem
até que o gato seja observado: o gato está, assim, antes da observação, vivo e
morto. Na nova teoria apresentada no artigo, a qual casa com o senso comum, o
gato não estaria vivo e morto, mas
vivo ou morto.
Percebo nesta vertente uma
outra forma de apresentar o as "variáveis ocultas" de Eisntein-Podolsky- Rosen.
Note que, o raciocínio usado
para o Gato de Schrödinger (exemplo do artigo) deve ser possível de ser estendido
a outros experimentos (fictícios ou não) sob o domínio da mecânica quântica. Uma
questão teórica relevante é a seguinte: se a função de onda não é objetiva (se,
ao menos, não representa um fator objetivo de altíssima relevância do
comportamento geral de corpúsculos), como explicar a interferência de onda de
um só objeto com ele mesmo? Vamos dar um exemplo disto. Um elétron arremessado
contra um determinado anteparo, devidamente preparado com duas fendas, segundo
o que se pode postular pela QBism, ou se choca contra a barreira, ou passa pela
"fenda 1", ou passa pela "fenda 2": não existe o "passar
pelas duas fendas". Se ele não passa por ambas as fendas (quando não
monitoramos pelo menos uma) e não apresenta um comportamento ondulatório
descrito pela função de onda, como explicar o padrão de franjas (interferência)
verificado experimentalmente (que estão rigorosamente de acordo com a função de
onda, a qual - supostamente - não tem realidade objetiva)? A barreira (colocada
após as duas fendas), que atesta o impacto dos elétrons, se observada (via
sensor) ou não a passagem do elétron pelas fendas, deveria exibir sempre um fenômeno corpuscular (duas
manchas, como faróis de um carro), mas nunca
o padrão de interferências ("listas" de claro e escuro), segundo o
que se pode entender do artigo aqui referenciado.
Claro que essa falha pode se
dar por eu não ter compreendido o artigo, mas, até ler mais sobre a QBism, não
vejo como a mesma tenha validade experimental. Se alguém souber como contornar
esse problema, é só usar o espaço dos "comentários" (abaixo) e me esclarecer.
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