Existe uma diferença para “causas desconhecidas” e "não causais".
A flutuação do vácuo é um daqueles fenômenos/fatos relacionados ao princípio da
incerteza os quais "não tem causa", o que difere de "não ter
causas conhecidas".
Tecnicamente falando, na interpretação dominante da mecânica quântica,
há efeitos sem causa. Nestes
casos, as grandezas físicas mensuráveis são assumidos de
forma aleatória, não por desconhecimento das forças/ motivos que arbitrariam
tais valores, mas, justamente, por não possuir tais variáveis que possam
arbitrar.
Para determinados tipos de experiências da
mecânica quântica, nos quais o princípio da incerteza é indispensável e figura
principal, alguns resultados (como spin, velocidade, posição) são aleatórios.
Isto incomodava Einstein e outros. Em 1935, Einstein, Boris Podolsy e Nathan
Rosen tentaram demonstrar que a mecânica quântica era limitada, não era uma
teoria que podia ser dita “completa”, pois não descrevia todos os atributos da
realidade e que o princípio da incerteza encobria isto: a limitação era
instrumental e teórica, não da natureza. Para elas, havia uma causa, um determinismo,
variáveis ocultas à teoria (e à medição) que “determinavam” grandezas como
spin, velocidade, posição no “reino” subatômico. Este raciocino é conhecido
como Paradoxo EPR.
Mostram - filosoficamente falando -
que, em termos práticos, não se podia diferenciar “variáveis ocultas” de “sem
variáveis” ou sem causa. Isto é um problema para física, visto que a física só
se ocupa das coisas que podemos medir.
Porém John Bell, em 1964, elaborou um
experimento no qual as medições se mostrariam diferentes se a mecânica quântica
não fosse completa, ou seja, se houvessem as tais variáveis ocultas, em relação
aos resultados obtidos no caso de não existirem variáveis (ou seja, dos valores
serem assumidos aleatoriamente). Este “desempate” é conhecido como desigualdadede Bell.
Na década de 1980, a tecnologia
permitiu a realização do experimento e, para assombro de muitos, a natureza não
estava nada preocupada com aquilo que assumimos como “bom senso”: os resultados
empíricos estavam de acordo coma ausência de variáveis ocultas, ou seja, a
assunção de valores de forma aleatória, não causal.
Nas palavras de Brian Greene:
“A mecânica quântica nos mostra que as partículas adquirem
esta ou aquela propriedade aleatoriamente quando medidas (...) ”
Ainda Greene: “(...)
John Bell descobriu, de maneira notável, algo que escapara a Einstein, a Bohr e
a todos os gigantes da física teórica do século XX: ele descobriu que a mera
existência de certas coisas, mesmo que elas estejam além de uma determinação ou
de uma medição explícita, faz diferença e que essa diferença pode ser testada
experimentalmente.”
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