quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Mecânica Quântica e o Pensamento de Amit Goswami

Resumo:
Desde 1930 que têm sido feitas especulações, sobre a possível “harmonia preestabelecida” entre a Mecânica Quântica e as filosofias da Índia, embora essas especulações nunca tenham sido levadas muito longe. Assim, este trabalho é uma contribuição para um estudo mais profundo deste tema, particularmente verificando se os escritos de Amit Goswami (pensador educado na tradição Hindu e professor de Física Quântica na Universidade de Oregon (E.U.A.)) ajudam de algum modo a “entender” os célebres paradoxos da Mecânica Quântica quando vistos através da filosofia do idealismo monista.


Prefácio

A Física Clássica (Mecânica, Electromagnetismo) propõe uma descrição determinista do Universo. A Mecânica Quântica tem a este respeito um esquema que parece paradoxal a quem se formou na mentalidade clássica.

Um sistema físico é definido por uma função de estado (“função de onda” ou “vetor de onda”), e tudo o que se pode saber sobre o sistema num dado instante está contido na função de onda (que designaremos por Ψ). Se a função de onda é uma descrição do sistema, com alguma parecença com aquilo que classicamente se chama “imagem” ou “descrição” é uma questão filosófica em aberto, havendo duas atitudes fundamentais: a) Bohr que defende que esta é uma questão ociosa, pois tudo o que adianta é saber que da função de onda se tiram conclusões objetivas;
b) Penrose que é um pouco mais “realista”, atribuindo uma realidade física objetiva na descrição quântica, denominada por estado quântico, isto é, Ψ descreve a “realidade” do mundo. Como quer que seja, o que a Mecânica Quântica tem de mais bizarro vem a seguir: a Equação de Schrödinger dá-nos a evolução da função de onda Ψ ao longo do tempo, sendo esta completamente determinista (que designaremos por Q). Contudo, sempre que “fazemos uma medição” desencadeia-se um processo pouco elaborado de transposição dos fenômenos do mundo linear e simples do nível quântico, para o mundo real da experimentação. Este processo envolve o chamado «colapso da função de onda» ou «Redução do vetor de estado» (que designaremos por R), sendo este procedimento quem introduz a incerteza na Teoria Quântica. Assim, enquanto que o processo determinístico Q é o que tem envolvido a maior parte do trabalho dos físicos, por seu lado, os filósofos têm estado mais intrigados com o processo não determinístico da «Redução do vetor de estado» R, tendo este processo levantado várias questões filosóficas fundamentais,nomeadamente como e quando é que se verifica a «Redução do vetor de estado»? Será que são necessários observadores (ou seres conscientes) para se verificar a «Redução do vetor de estado»? E, qual é o mecanismo do cérebro/mente quando se dá a «Redução do vetor de estado»? A este propósito, Roger Penrose crê que é necessária uma teoria que incorpore aquilo a que se chama a «Redução objetiva da função de onda», na qual a consciência tenha um papel fundamental.

É este exatamente o objetivo principal desta tese. De fato, autores recentes como Amit Goswami, cientista nascido e formado na Índia e, atualmente professor de Física Quântica na Universidade de Oregon (E.U.A.), defende que os célebres paradoxos da Mecânica Quântica poderão ser “entendidos” quando vistos à luz das filosofias da Índia, particularmente através da filosofia do idealismo monista.


Link com a tese http://run.unl.pt/bitstream/10362/1939/1/Martins_2009.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário