Desde 1930 que têm sido feitas especulações, sobre
a possível “harmonia preestabelecida” entre a Mecânica Quântica e as
filosofias da Índia, embora essas especulações nunca tenham sido levadas
muito longe. Assim, este trabalho é uma contribuição para um estudo mais
profundo deste tema, particularmente verificando se os escritos de Amit Goswami
(pensador educado na tradição Hindu e professor de Física Quântica na
Universidade de Oregon (E.U.A.)) ajudam de algum modo a “entender” os
célebres paradoxos da Mecânica Quântica quando vistos através da
filosofia do idealismo monista.
Prefácio
A Física Clássica (Mecânica, Electromagnetismo)
propõe uma descrição determinista do Universo. A Mecânica Quântica tem a
este respeito um esquema que parece paradoxal a quem se formou na
mentalidade clássica.
Um sistema físico é definido por uma função de
estado (“função de onda” ou “vetor de onda”), e tudo o que se pode saber
sobre o sistema num dado instante está contido na função de onda (que
designaremos por Ψ). Se a função de onda é uma descrição do sistema, com
alguma parecença com aquilo que classicamente se chama
“imagem” ou “descrição” é uma questão filosófica em aberto, havendo duas
atitudes fundamentais: a) Bohr que defende que esta é uma questão
ociosa, pois tudo o que adianta é saber que da função de onda se tiram
conclusões objetivas;
b) Penrose que é um pouco mais “realista”,
atribuindo uma realidade física objetiva na descrição quântica,
denominada por estado quântico, isto é, Ψ descreve a “realidade” do
mundo. Como quer que seja, o que a Mecânica Quântica tem de mais bizarro
vem a seguir: a Equação de Schrödinger dá-nos a evolução da função
de onda Ψ ao longo do tempo, sendo esta completamente determinista
(que designaremos por Q). Contudo, sempre que “fazemos uma medição” desencadeia-se um processo pouco
elaborado de transposição dos fenômenos do mundo linear e simples do
nível quântico, para o mundo real da experimentação. Este processo
envolve o chamado «colapso da função de onda» ou «Redução do vetor de
estado» (que designaremos por R), sendo este procedimento
quem introduz a incerteza na Teoria Quântica. Assim, enquanto que o
processo determinístico Q é o que tem envolvido a maior parte do
trabalho dos físicos, por seu lado, os filósofos têm estado mais
intrigados com o processo não determinístico da «Redução do vetor
de estado» R, tendo este processo levantado várias questões filosóficas
fundamentais,nomeadamente como e quando é que se verifica a «Redução do
vetor de estado»? Será que são necessários observadores (ou seres
conscientes) para se verificar a «Redução do vetor de estado»? E, qual é
o mecanismo do cérebro/mente quando se dá a «Redução do vetor de estado»?
A este propósito, Roger Penrose crê que é necessária uma teoria que
incorpore aquilo a que se chama a «Redução objetiva da função de onda»,
na qual a consciência tenha um papel fundamental.
É este exatamente o objetivo principal desta tese.
De fato, autores recentes como Amit Goswami,
cientista nascido e formado na Índia e, atualmente professor de Física
Quântica na Universidade de Oregon (E.U.A.), defende que os célebres
paradoxos da Mecânica Quântica poderão ser “entendidos” quando vistos à
luz das filosofias da Índia, particularmente através da filosofia do idealismo
monista.
Link com a tese http://run.unl.pt/bitstream/
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