A experiência
conhecida por Dupla Fenda é um dos mais intrigantes da física. Ela exemplifica
o quanto a senso comum - e a física clássica – se distanciam do domínio da mecânica quântica (MQ).
Se você não conhece os efeitos de experiências no domínio da física quântica,
irá se surpreender com o resultado desta. No domínio cotidiano, não há um
objeto que apresente o comportamento dual de partícula e onda. Imagine este
estranho objeto que pode se chocar com um poste como uma esfera de aço ou
contornar o mesmo como uma onda de rádio. Impossível? Bom, no mundo macro é
improvável você testemunhar isso, mas no domínio micro, na MQ, isso é comum.
Dupla fenda: figura do Wikipédia (1).
Veja, na figura anterior,
primeira e segunda parte, o que acontece quando um feixe de luz polarizado
passa por um orifício e incide sobre um anteparo. Vamos supor que ambas as
fendas existam e que tapamos uma de cada vez nos exemplos apontados. O estranho
ocorre na última parte da figura: o resultado da luz no anteparo para os dois
orifícios aberto não é a mera soma dos resultados anteriores. Ao invés de dois
focos, temos o chamado padrão de franjas característico de interferência de
onda. A próxima figura, parte superior, vemos a luz vermelha como de uma lanterna na parede escura. É assim que
é observada no anteparo quando uma das fendas é obstruída.
Para um ou duas fendas (2).
Se o resultado com o
anteparo aberto fosse a soma de duas exposições, equivaleria a observação de dois focos vermelhos no anteparo escuro. No entanto,
observado certa distância entre as fendas e outros detalhes técnicos, o padrão apresentado na parte inferior da figura acima.
As figuras abaixo ilustram o que ocorre na experiência da dupla fenda mesmo quando se é
possível disparar fóton a fóton (um por um) se mantendo as fendas abertas.
Construção, ponto a ponto, do padrão de interferência: impactos pontuais de fótons num anteparo sensível a luz. (3)
Paulatinamente, ocorre a construção do
padrão de interferência.
Uma densidade maior
de impactos. A conclusão é obvia aqui: o fóton (único disparado) interfere
consigo mesmo, passando por ambas as fendas simultaneamente.
O interessante é que
quando se tenta observar por onde o fóton passa, por quais das fendas, através
de sensíveis detectores instalados junto aos orifícios, o padrão de
interferência é destruído. Um dos detectores alardeia a passagem do fóton: com
isso, não há interferência. É interessante notar que o fato de observarmos o
fóton, ou qualquer partícula do domínio da MQ, a sobreposição, a característica
de estar em vários lugares simultaneamente (sua onda espalhada pelo espaço)
some.
Neste caso, quando o
cientista opta por observar o fóton, é como se este percebesse que se espera um
comportamento de partícula (passando por uma fenda ou outra). Ao se desligar os
detectores, é como se o fóton recebesse o aviso de que o comportamento esperado
é de onda (interferência).
Esta experiência
demonstra, sem qualquer dúvida, o comportamento duplo - partícula e onda -
presente na luz. Mais ainda, revela que a medição interfere diretamente na
experiência: o cientista "forma um conjunto" com sua experiência, influindo no
resultado final de forma cabal.
Como se não bastasse
tudo isso, outra informação poderá surpreender ainda mais o leitor. Falamos que
se instalarmos sensores que possam nos indicar por qual das fendas o elétron
(ou fóton) passou, o padrão de interferência é destruído, ou seja, o
comportamento como partícula é evidenciado.
Vamos elaborar um
pouco mais nosso experimento. Suponha que há um sensor para cada fenda. Quando
o elétron (ou fóton) passa por uma delas, o sensor dispara uma pequena luz num
dado painel e assim informa que foi acionado. Agora imagine que está luz no
painel é comum a ambos os sensores (um processo determinado, embaralha o sinal de ambos os sensores de forma que não podemos os distinguir mais). Isso significa que
embora os sensores captem o elétron (ou fóton) na fenda, o cientista não poderá
saber por qual fenda ocorreu a passagem, pois a luz acende para ambos os casos.
O surpreendente: o fato da informação ser oculta, de não se poder diferenciar qual sensor emitiu o sinal de passagem do fóton, é suficiente para
gerar o padrão de interferência.
Considero a leitura do texto de Osvaldo Pessoa Jr, disponível aqui, de muita importância para melhor compreensão do experimento aqui descrito.
(1) http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/56/YoungsDoubleSlit.png
(2) http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/Single_slit_and_double_slit2.jpg
(3) http://www.hitachi.com/rd/research/em/doubleslit.html
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