“Mágica é qualquer tecnologia suficientemente
avançada.”
Arthur C Clarke
Apresento aqui um breve resumo sobre a cabala. A ideia deste apanhado é mostrar aspectos básicos desse antigo ensinamento.
Aos que já conhecem o assunto, a leitura servirá, no mínimo, para um exercício
de compreensão sob uma ótica alternativa.
A opção pela grafia mais simples em português tem um motivo: a palavra cabala, para aqueles que conhecem o estudo, remete
diretamente à tradição esotérica judaica (kabballah, kabbalah, kabalah, ou
kabala). Porém, no estudo aqui desenvolvido, tomei a liberdade de dar o mesmo
nome a uma abordagem mais universal das tradições esotéricas, que englobam
outras culturas.
Na prática, isso é corriqueiro entre autores do gênero, principalmente a concepção da cabala apresentada pelos alquimistas e estudantes rosa-cruz. No que
tange às doutrinas religiosas diversas, a preocupação que se tem neste resumo é
de harmonizar diversos conhecimentos, bem como de permitir àqueles que não tiverem
sido abordados diretamente de se integrarem ao escopo apresentado sem que percam
os fundamentos que os caracterizam. Em outras palavras, pretende-se que as
explicações dadas aqui evitem confrontos ideológicos religiosos – se isso for
possível, ao menos com aqueles que não forem radicais - e sirvam como um
complemento à fé de cada um. Assim, permito-me interpretações pessoais e assumo
a responsabilidade por essas.
Segundo Arieh Kaplan, a cabala se
divide em três ramos: teórica, meditativa e mágica.
A cabala teórica é alicerçada no livro Zohar
e objetiva o domínio espiritual pela compreensão de sua dinâmica. A cabala
meditativa busca alcançar estados superiores da consciência, utilizando-se de
nomes divinos e de combinações específicas destes. Por fim, a cabala mágica é
diretamente relacionada a cabala meditativa, pois usa as mesmas combinações de
palavras para provocar efeitos físicos.
Para a cabala meditativa e mágica é recomendável, sob-reserva e
procedimentos específicos, o conhecimento do Sêfer Ietsirá. Este é o Livro da Criação, tratando da origem do universo, ou dos universos. Também é um manual de
magia, para quem souber interpretá-lo (o que não se mostra fácil).
Os rabinos afirmam que se trata da genética do universo, ou seja, de como o
universo é construído. A tradição aponta os tempos bíblicos de Abraão como origem
para a obra. A riqueza de simbolismos e o forte enraizamento na cultura
hebraica dificultam a interpretação do texto, sendo fundamental recorrer às
tradições orais dos hebreus para uma compreensão precisa.
A síntese da cabala que disponho nesta parte do blog está influenciada pela
interpretação de Arieh Kaplan,
presente no seu livro do Sêfer Ietsirá -
O Livro da Criação, com algumas
outras contribuições de autores diversos.
Logicamente, este resumo está profundamente permeado pelos ensinamentos do
professor Marlanfe T Oliveira, uma vez que é a escola na qual perfilo.
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“Geralmente se entende por Cabala a sabedoria
oculta dos rabinos judeus da Idade Média; esta, porém, é apenas uma de suas
ramificações ou a maneira hebraica de interpretar a verdadeira Cabala. Segundo
alguns autores, a origem desta' ciência remonta aos antigos caldeus, donde a
teriam derivado os judeus durante o seu cativeiro em Babilônia, adaptando-a à
interpretação esotérica de suas escrituras e das alegorias bíblicas. Todavia,
outros autores lhe atribuem uma origem muito mais antiga que a dos próprios caldeus.
Além dessa Cabala teórica, criou-se um ramo prático relacionado
com as letras hebraicas, como representações ao mesmo tempo de sons, números e
ideias.”
Eliphas
Levi, “Apresentação”, em As Origens da
Cabala.
“A antiga tradição mística dos hebreus possuía
três escrituras: os Livros da Lei e dos Profetas, que conhecemos como Velho
Testamento; o Talmud, ou coleção de comentários eruditos sobre aquele; e a
Cabala, ou interpretação mística do mesmo livro. Desses três livros, dizem os
antigos rabinos que o primeiro é o corpo da tradição; o segundo, a sua alma
racional; e o terceiro, o seu espírito imortal. Os homens ignorantes lêem com
proveito o primeiro; os homens eruditos estudam o segundo; mas o sábio medita
sobre o terceiro. É realmente muito estranho que a exegese cristã jamais tenha
buscado as chaves do Velho Testamento na Cabala.”
Dion Fortune, Parte I, em A
Cabala Mística.
“A palavra Kabala significa, em hebraico,
receber, receber a luz.”
Sigalith H Koren, em Almanaque
de Kabala.
“A CABALA é o ensinamento místico do
Judaísmo. O movimento alcançou seu clímax no século XIII, na Espanha, com a
divulgação do livro Zohar, mas, na realidade, data de uma época muito anterior.”
Tovar Sender, em Iniciação à
Cabala.
“Cabala é a tradição oculta ou esotérica dos
Hebreus. Conforme afirmam os rabinos, Enoque a ensinou ao patriarca Abraão e
este a transmitiu oralmente a seus filhos e netos.”
(Continua)
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