“Nenhum problema pode ser resolvido
pelo mesmo estado de consciência que o criou. É preciso ir mais longe. Eu penso várias vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho em um grande silêncio e a verdade me é revelada.”
Albert Einstein
Neste nível de existência, o primeiro e mais elevado da criação, não há substâncias. Para aqueles familiarizados com
a filosofia, em particular com Platão, a explicação dele para o que denominou
como Mundo das Ideais é semelhante ao que se deve entender por Mundo de Atsilut. O famoso filósofo grego dividia a existência em dois
macros campos. No primeiro temos o mundo percebido pelos cinco sentidos, com os
quais interagimos com esse mundo. No segundo, o Mundo das Ideias, só os
pensamentos podem nós fazer alcançar o mesmo. A maior discrepância entre o que
Platão explica, como mundo intangível, em relação à realidade que descrevo
nesta seção é relativo à forma: no Mundo das Ideias existe forma, em Atsilut não.
A diferença marcante da pálida explicação que tentei expor sobre Deus (que
não pode ser realmente descrito), na seção anterior, em relação à criação em
seu nível mais divino, é que esta última tem limite: só existe dentro do
conceito de assimetria. O Mundo de Atsilut está confinado à mente de Deus (Resh) é, além disso, difere do Criador quanto à composição, uma vez que, quando
Ele grava a criatura, as partes incompatíveis com o conceito de assimetria, obrigatoriamente,
têm de serem subtraídas, em termos populares, ficar de “fora”.
Assim como na física uma lente polarizada (que só deixa passar certas “qualidades” de luz) pode ser utilizada para limitar ondas
eletromagnéticas indesejáveis, o Tsimtsum, de forma análoga, separa arquétipos, ideias, indesejáveis - no sentido de compatibilidade - à criação.
Desta forma, o conceito de Mundo do Nada é perfeitamente aplicável à Atsilut, pois não existe alegoria didática que se possa fazer
para explicar estruturalmente este plano sublime.
Atsilut compõe um ser único, realidade universal que é suporte
da existência de toda a criação, inclusive aquilo que será chamado de universo
físico. Ele representa a primeira e principal quebra de simetria do Deus
Imanifesto (a Unidade Perfeita, ou Simetria Absoluta). Em consequência, sua
perfeição e sua simetria, dentro da criação, são sem igual.
A primeira quebra de simetria.
Mas como pode algo sem substância, o Mundo do Nada, vir a gerar algo? A
denominação nada já foi abordada quando tratei sobre
geração a partir do vácuo: não se trata do nada filosófico. Em termos físicos, a ideia que pode ilustrar esta proposição é
apresentada naquele mesmo texto.
Ainda no Sêfer Ietsirá, a citação
“Seu fim está contido em seu princípio” é uma síntese sem igual, embora um
tanto abstrata, para o que venho desenvolvendo aqui: estamos rumando da
simetria absoluta (Deus) para o absolutamente assimétrico (universo físico). A
ideia de iniciar, de principiar, contém a razão e objetivo do produto final.
Sem esse arquétipo a assimetria, o início, o fm e o finito não se
manifestariam.
Este universo primeiro é o mundo de puras ideias, ainda sem qualquer matéria.
Este é o Mundo de Atsilut. É o universo da emanação.
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