Alguns dos arquivos
publicados na Scientific American Brasil
de novembro 2014 faziam parte de uma matéria maior denominada por “O Estado da Ciência no Mundo”.
Ciência
tecnologia são indispensáveis para a prosperidade da sociedade. Quem são seus impulsionadores?
A pergunta acima (da edição
em tela) foi a ancoragem dos artigos em foco: eles gravitaram ao redor do termo
diversidade. O argumento principal é
que a diversidade é fator de fortíssima influência sobre a ciência, tecnologia
e a inovação, bem como sobre a eficiência em responder a novos questionamentos
e desafios. Um grupo formado por vários
gêneros, ou seja, por homens e por mulheres, bem como diversidades étnicas (negros,
brancos, pardos, asiáticos, etc), além de segmentos sociais e culturais diferentes,
dentre outras, possibilita abordar problemas sobre múltiplos e diferenciados em
enfoques. Com isso, ganha-se vastos argumentos, conformando uma clara tentativa
de saturar todas, ou um número tão grande quanto possível, de abordagens e
facetas a respeito de uma mesma questão.
Só que a diversidade ainda
leva a outros aspectos que melhoram as pesquisas: cada um dos indivíduos, regra
geral, elabora e trabalha melhor suas ideias, visto que deve as apresentar (e
muitas vezes convencer) a um grupo heterogêneo (devem-se antecipar contra-argumentos
e perspectivas diferentes). Assim, lê-se em um dos textos que aponto na
revista: “diversidade parece conduzir a
pesquisas científicas mais elaboradas e de melhor qualidade”.
Note que, de certa forma,
isso remete a um princípio da ciência: considerar TODAS as hipóteses (mesmo as
que não gostamos – isso é um recado, tanto para ateus quanto para teístas). Os parágrafos
anteriores mostram como a diversidade enfoca tal princípio. O reflexo disso
pode ser lido no artigo: “Ciência impõe a
disciplina de ter de encontrar as melhores ideias entre equipes de diversas
pessoas, o que dá a cientistas e engenheiros a oportunidade de serem pioneiros
em mudanças culturais. (...) As pessoas das áreas da ciência e engenharia estão
impulsionando os mecanismos de prosperidade e ideias inovadoras mais vitais do
mundo.”.
Assim, ainda que os
desentendimentos e a falta de tolerância gerem processos na esfera judicial (de
funcionários entre si e/ou contra a própria empresa), e com isso elevação de
custos, o resultado geral é definitivamente positivo. Obviamente que se busca
minimizar os custos, o que leva a políticas que primam pelo respeito à
diversidade e à inclusão (real) de minorias: “Empresas gastam bilhões de dólares para atrair e gerenciar diversidade
tanto interna quanto externamente, mas ainda assim enfrentam processos judiciais
por discriminação”.
Você que acompanha este blog pode estar achando esta matéria um
tanto deslocada dos temas costumeiramente aqui tratados (obviamente não é o
único artigo daqui que pode ser assim classificado). Porém, meu objetivo é
demonstra que a diversidade não é somente boa para desenvolver ciência,
tecnologia e inovação, como os artigos aqui comentados apontam, mas também é fundamental
para cada um de nós (pelo menos para aqueles que gostam de pensar, no sentido
mais nobre do termo). Meus melhores insights
surgiram em discussões com defensores de pontos de vistas divergentes dos meus,
por vezes antagônicos. Quando o(s) debatedor(es) mantinha(m) um bom nível de argumentos
(infelizmente, alguns preferem ignorâncias e desrespeitos pessoais), preocupado(s)
em fornecer boas explicações e apontar fontes, obrigava(m)-me a fazer o mesmo
(nos casos que assim eu, eventualmente, não o vinha fazendo).
Outro exemplo: minha tese de
doutorado saiu da fusão de duas áreas distintas.
Este blog é fruto desse tipo de pensamento e isso é exemplificado na abrangência
de temas que aqui eu abordo (relatividade, mecânica quântica, astrofísica, teoria
das cordas, mente, livre-arbítrio, cabala, ioga, etc). Há uma citação em um dos
artigos aqui abordado que ilustra, em parte, a postura que encorajo aqui: “Até ser simplesmente exposto à diversidade pode
mudar o modo como você pensa”.
Finalizando, deixo um recado
que resume minha experiência: estude para responder as suas perguntas, mas não
deixe de ler e escutar (com atenção) argumentos contrários, sobretudo os bem
formulados, pois eles são fundamentais para que você tenha a abrangência
necessária que lhe permita formar um conceito sólido e consistente.
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