Por Lee Smolin
Editora Rocco
Opinião
O livro é bom, consistente,
esclarecedor, mas seu linguajar é, ocasionalmente,
um tanto técnico, com alguns modelos matemáticos utilizados de forma
simplificada, não sendo de fácil leitura para todos. Todavia, mesmo para quem
achar que a leitura é difícil, o esforço vale pelo conteúdo, objetividade e
informações sobre a moderna física.
Mais sobre o livro
O autor inicia sua abordagem
por aspectos básicos do tempo e espaço, bem como sobre a matéria. Daí introduz
o conflito entre as duas teorias mais bem sucedidas da física: relatividade geral e mecânica quântica.
Smolin cita os trabalhos
mais promissores que visam uma solução para esse embate entre ambas teorias: a teoria das cordas e a gravidade quântica com loops, ou laços. A solução para tal conflito reside numa unificação
teórica. Além disso, situa sua pesquisa, frente a estes dois últimos trabalhos,
como intermediária.
Um terceiro caminho é
ventilado pelo autor, “trilhado por
pessoas que consideram a relatividade e a teoria quântica defeituosas e
incompletas demais para serem pontos de partida aceitáveis”.
Isto posto, declara que
percorrerá os 3 caminhos em sua obra.
Em seguida, mostra como a
intuição comum da diferença entre o observador e o sistema estudado pode não
ser tão nítida. As interpretações da mecânica quântica são abordadas, assim
como o princípio da incerteza e uma versão do paradoxo do Gato de Schrödinger.
“Portanto, não existem de fato duas categorias de coisas no mundo:
objetos e processos. O que há são processos relativamente rápidos e processos
relativamente lentos.”. O autor explica e exemplifica que as coisas não são, do ponto de vista de amplas escalas
do universo, elas estão: o universo
se caracteriza por um enorme número de eventos. O horizonte de eventos (delineado
pela velocidade da luz) define o alcance das informações que comunicam etapas
de um mesmo evento ou, até mesmo, eventos aparentemente diferentes. Este
horizonte, os cones de luz determinado por eles, é que delimitam as relações de
causa e feito que observamos. Em seguida, uma introdução à explicação de um
universo discreto no espaço e no tempo, ou seja, com unidades mínimas de medida
do espaço e tempo, é apresentada.
O autor aborda o estudo da
singularidade conhecida por buraco negro. A abordagem é original e levanta comparações interessantes. Neste contexto, aborda a entropia, a lei de Unruh e a Lei de Bekenstein.
Smolin explica a associação
da entropia de buracos negros com o horizonte de eventos associado ao mesmo.
Uma abordagem mais detalhada
sobre “átomos de espaço”, ou seja, sobre um espaço descontínuo, discreto, é feita.
Para tal, uma “visita” aos primórdios da mecânica quântica é realizada.
A gravidade quântica em loops descreve um espaço descontínuo. No
contexto, a abordagem de partículas e campos como fundamento da matéria é descortinada.
Essa teoria permite harmonizar alguns conflitos da física.
A abordagem adotada leva a
explicação sobre rede de spin, sua utilidade e vantagens. Essa parte é
ricamente ilustrada por figuras.
Em seguida, a teoria das cordas é abordada: “a teoria das cordas é
a única maneira conhecida de unificar, de forma coerente, a gravidade com a
teoria quântica e as outras forças da natureza.”.
O princípio holográfico e
sua repercussão no estudo do universo são mostrados ao leitor.
O fim do livro é dedicado a
observações de Smolin que buscam uma unificação dos pontos fortes das teorias
apresentadas nos capítulos anteriores. A abordagem do multiverso é abordada na
parte final.
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