Este é o oitavo vídeo sobre Cabala Cristã. Trata-se de comentários ao livro de mesmo nome. Espero que gostem e comentem.
Movimento na Fronteira
Neste blog você poderá ler textos que expressam minha opinião e, por vezes, interligação entre diversos assuntos. A abrangência dos temas inclui: mecânica quântica, teoria da relatividade, livre-arbítrio, determinismo, teísmo, mente, cabala, dentre outros. Aguardo seus comentários e... boa leitura!
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Cabala Cristã - Vídeo Aula 08
Este é o oitavo vídeo sobre Cabala Cristã. Trata-se de comentários ao livro de mesmo nome. Espero que gostem e comentem.
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
O Universo Autoconsciente
Autor: Amit Goswami
Editora Aleph (já foi da Editora Rosa dos Ventos)
Síntese: Esoterista e físico, Amit Goswami, nesta
sua obra, usa todo seu conhecimento para mostrar um elo fundamental de união de
ambos os assuntos. O autor tem um profundo conhecimento sobre o misticismo oriental,
sobretudo o de origem indiana, e é capaz de generalizar esse saber e o
transportar para a cultura ocidental, dispensando que o leitor seja versado
naquelas filosofias. Ao abordar complexos experimentos e conclusões estudados
pelos físicos de partículas, também consegue uma abordagem que permite a
maioria dos leigos compreender a ideia força da exposição. O ponto forte do
livro é a coerência com que o autor correlaciona misticismo e física. O título da obra sintetiza muito bem o enfoque do livro.
Mais sobre o Livro
Amit Goswami inicia seu livro explicando a visão
geral sobre a interpretação dominante entre os físicos: o materialismo. Mas,
logo em seguida, propõe ao leitor outra forma de entender a realidade, a qual
será o centro de sua proposta: o monismo. Em síntese, Goswami sai da
perspectiva de que a matéria é a base da existência e coloca a consciência como
tal fundamento estruturante.
Todo o restante da obra é dedicado a mostrar duas
coisas: como o realismo materialista é superficial ao explicar a realidade e
incapaz de justificar experimentos científicos incomuns (e desconhecido por
grande parte das pessoas) que estão no escopo da pesquisa da mecânica quântica;
e como o idealismo monista supre um conjunto teórico consistente com as experiências
físicas, além de outros interessantes aspectos.
É muito interessante ver o físico utilizar a
própria mecânica quântica, ou seja, um estudo de física, para demonstrar as
falhas do realismo materialista. Aliás, é exatamente o conhecimento de Goswami
sobre o assunto (física) que permite ele propor a estrutura do idealismo monista,
o justificar e mostrar ao leitor como o mesmo é consistente com a realidade
física vivenciada (em laboratório, verdade).
Porém, como contraponto, embora a leitura do livro
não seja difícil, requer-se que o leitor leia alguns trechos com muita atenção
e, por vezes, até mais de uma vez, dada a dificuldade natural do assunto. O
texto é bem escrito, mas eu diria que a natureza da proposta leva a uma
complexidade mediana na apresentação e desdobramento de algumas ideias.
A obra conclui que o universo apresenta uma consciência
própria, da qual todas as nossas derivam. Para mim, o livro representa uma das
explicações mais esclarecedoras e estruturadas sobre a criação.
segunda-feira, 13 de julho de 2015
Cabala Cristã - Vídeo Aula 07
Este é o vídeo, o sétimo, da nova aula sobre Cabala Cristã. Trata-se de comentários ao livro de mesmo nome. Espero que gostem e comentem.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Cabala Cristã - Vídeo Aula 06
Este é o vídeo, o sexto, da nova aula sobre Cabala Cristã. Trata-se de comentários ao livro de mesmo nome. Espero que gostem e comentem.
terça-feira, 31 de março de 2015
EXPERIMENTO MENTAL SOBRE O EU E A EXISTÊNCIA
Experimento
mental: em filosofia e em física, um experimento mental ou experiência
mental (da expressão alemã Gedankenexperiment)
constitui um raciocínio lógico sobre um experimento não realizável na prática,
mas cujas consequências podem ser exploradas pela imaginação, pela física ou pelas matemáticas.
INTRODUÇÃO
Assumamos
uma postura muito parecida com Descartes: duvidemos sobre a veracidade da
existência de tudo (de forma metódica)! Assim, colocando em cheque a realidade
percebida a esse ponto extremo, Descarte concluiu que o pensamento (no caso a
dúvida sobre o que existe ou não) persistia, daí a famosa conclusão do
filósofo: “Penso, logo existo!”.
Cogito, ergo sum significa "penso, logo sou";
ou ainda Dubito, ergo cogito,
ergo sum: "Eu duvido, logo penso, logo existo" - Cogito, ergo sum [Wikipedia em 21 Mar
15]
Mas há quem discorde,
e com razão, dessa conclusão de Descartes: que é possível concluir a existência
do “eu” de forma direta a partir da constatação da dúvida. Vejamos o que Elifas
Levi aponta em seu livro Dogma e Ritual da Alta Magia:
Porém, dizer "Eu penso, logo existo", é concluir da
consequência ao princípio, e recentes contradições levantadas pelo grande
escritor Lamennais demonstra [filósofo e escritor
político francês, 1782-1854] a imperfeição
filosófica deste método. Eu sou logo existe alguma coisa, nos parece uma base
mais primitiva e mais simples da filosofia experimental.
Assim, cabe um trabalho dedutivo maior aqui. O “existe alguma
coisa”, apontada por Levi (acima), mas na dúvida metódica de Descartes o “eu”
foi eliminado no processo sistematizado que ele desenvolveu em sua filosofia. A
dúvida, a qual se mencionou no primeiro parágrafo, ou, talvez, algo mais (ou
algo além), é conclusiva quanto a sua existência. A dúvida faz parte de uma
classe de entes que definimos como pensamento. Isto posto, pode-se dizer que se
pode duvidar de tudo, mas não de que o pensamento existe.
Com essa modelagem se ilustra o processo que é aqui empregado
para propor uma sequência lógica, blindada às falhas, para deduzir a existência
e algumas assertivas sobre a mesma.
METODOLOGIA
O
presente experimento utilizará conceitos básicos para deduzir os mais
complexos. Esta dedução será conduzida por um processo que inicia de um
conceito validado, de pergunta(s) que possam ser formulada(s) sobre tal
conceito, questionamento(s) básico(s) de forma que possua(m) resposta(s) simples e
objetiva(s): sim (S) ou não (N). Em função dessas respostas serão extraídos novos
conceitos válidos.
Ocasionalmente,
é possível que, para algumas perguntas, os conceitos não sejam suficientes para
obter apenas uma resposta válida (S ou N). Nestes caso, se existirem, será considerada
uma sobreposição, um paralelismo (P), de ambas as respostas até que se obtenha
pelo menos um segundo conceito válido que permita a quebra do paralelismo
anteriormente identificado.
Para auxiliar a visualização da formulação a que se está chegando,
será utilizado um fluxograma que sintetizará, inicialmente por partes e,
posteriormente de forma geral, as deduções alcançadas, ilustrando conceito(s),
pergunta(s), reposta(s) e fluxo(s) sequencial(is) que se está seguindo. Para
tanto, considere as representações abaixo e o significado atribuído às mesmas.
** No penúltimo símbolo, a letra “A” significa que o fluxo
conduz a um absurdo lógico. O último símbolo, o círculo, é um conector entre 2
partes de uma mesmo fluxograma.
Este ensaio possui 2 partes: uma analítica e esquemática, na
qual a existência é deduzida desde um constituinte elementar até se alcançar
todo o universo físico; o outro é analítico e emprega os conceitos da ciência
moderna.
Premissa: é possível conhecer algo.
Observe que não admitir essa premissa implica em assumir a impossibilidade de obter todo e qualquer conhecimento (sem falar de ignorar a filosofia e a ciência).
DESENVOLVIMENTO
Exposição Analítica
|
Fluxograma
|
Após
questionar a existência de tudo aquilo que usualmente se admite como
existente, a percepção de um espaço vaziou e/ou da dúvida persiste.
Pergunta (P00): identifica-se algo?
Isso
equivale a perguntar se algo é percebido, ou seja, é como afirmar que existe
a percepção. Assim, é forçoso admitir um mecanismo primário direto pelo qual a
existência é experimentável e atestada. Se for negada a existência da
percepção, então se nega a capacidade de conhecer, pois não seria possível a
captação de informação: isso equivale a negar algo factual que ocorre neste
momento.
Conceito (C00): percepção.
O
objeto da percepção sofre algumas análises: afinal foi sentenciado acima que
é um espaço vazio e/ou a dúvida. A primeira é sobre a inteligibilidade do que
está se percebendo. Além disso, faz-se um apanhado da quantidade e qualidade
de informações que se está captando. Em função disso, juízos de valores são
tomados, conceitos são associados (complementados, classificados, etc), estabelece-se
compreensão de correlações, raciocínio, juízo, etc. A inteligência é a autora dessas tarefas e o segundo ente de que se
acusa a existência.
Pergunta (P01): existe intelecto?
A
resposta “não”, pelos motivos elencados, leva a um absurdo lógico, pois não
se saberia que algo foi percebido.
Conceito (C01): intelecção.
A
percepção de que a intelecção questiona a existência de tudo, agora a menos dos
dois entes retro citados, valida a existência da própria pergunta.
Pergunta (P02): há o questionamento?
Se
a resposta for “não”, gera-se um absurdo lógico, uma vez que a resposta nega
sua origem: a própria pergunta. Ou seja, aquilo que provoca a resposta “não”
tem sua própria existência negada, pois se torna uma resposta a uma questão
inexistente. Logo, a única resposta possível e a afirmativa.
Conceito (C02): dúvida.
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OBSERVAÇÃO 1: a percepção é o canal único
que permite a exploração de algo e, com isso, possibilita negar ou admitir
que um ente existe. A análise do juízo que classifica o ente como existente
ou não é função do intelecto.
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Cabala Cristã - Vídeo Aula 05
Este é o vídeo da nova aula sobre Cabala Cristã. Trata-se de comentários ao livro de mesmo nome. Espero que gostem e comentem.
sábado, 31 de janeiro de 2015
Ainda sobre a existência de Jesus
No último artigo que compus aqui no blog, “Sobre a existência de Jesus”, citei,
dentre outros, alguns trabalhos em que Jesus e tido como puro mito, sem um personagem
historicamente rastreável pela ciência (não me refiro, obviamente, aos milagres
e feitos sobrenaturais atribuído ao Mestre Galileu). Naquele meu artigo, fui
bastante simplório, oferecendo alguns textos (os quais podem e devem ser
complementados) para que o próprio leitor concluísse a partir de suas leituras
sobre o tema.
Neste trabalho, faço a crítica de um dos artigos cujo
link foi por mim disponibilizado. Trata- se de um texto que pode ser encontrado
no site “ateus.net”, sob o título de “Jesus Cristo Nunca Existiu”.
Meus comentários e contrapontos estão em vermelho (e somente em vermelho). O
artigo é bastante longo, de forma que você, leitor, terá de ter paciência se
quiser, realmente, aprofundar um pouco mais seus conhecimentos. Aos demais,
sugiro pinçar aqui e ali alguns trechos aleatórios para um exercício sobre o
tema em tela.
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“Existe uma chave para a liberdade:
Pense! Se quiseres ser um cordeiro, seja feita a tua vontade. Não reclames,
entretanto, quando fores servido em nosso grande Sabbath!”
Um “bem velho” dito pagão, do século
XX
Prefácio
Tenho a satisfação de recomendar ao público a presente obra, escrita sob
o título “Jesus Cristo Nunca Existiu”, de La Sagesse, em cujo conteúdo o autor
revela o seu pensamento de modo fiel e sem reticências a respeito de tão
delicado assunto. Embora seja este o seu primeiro trabalho publicado, o autor
revela-se um escritor em potencial, de quem muito ainda se pode esperar. Diante
da necessidade sempre crescente da verdade, encetou a presente obra para doar à
humanidade a sua contribuição de natureza cultural, querendo apenas cumprir o
seu dever de informar, perante si próprio e perante os homens.
Aos oportunistas pouco importa se sob
a palavra sonora se oculta a hipocrisia e a mentira. Contudo, para os espíritos
puros e corajosos, para os quais os interesses particulares não devem
sobrepor-se aos anseios do povo, mister se faz que a verdade surja em toda a
sua plenitude, deitando por terra toda a fraude e mistificação. Este é um livro
corajoso, concebido sem a preocupação de agradar ou desagradar, não importando
se suscetibilidades são feridas pelo que aqui está exposto. O seu intuito é
exclusivamente patentear as provas inequívocas de falsificação e mistificação,
as quais foram impostas aos homens a ferro e fogo, durante séculos.
Qual a fronteira entre ficção e história real em algumas das mais
famosas narrativas bíblicas, como a dos patriarcas que deram origem ao povo
israelita, a saga do êxodo, que culmina na conquista da terra prometida, os
inúmeros milagres e eventos extraordinários relatados no Novo e no Velho
Testamento e a própria história de Jesus Cristo?
Um cético convicto responderia que essas narrativas não passam de uma
colagem de mitos e lendas sem nenhum valor histórico. Os mais religiosos
alegariam que se trata de uma história completamente verídica e inspirada
diretamente por Deus. [01]
No decurso da obra, são reveladas todas as ideias da Igreja como
realmente são: a mais pútrida e falsa amoedação que pode haver, capaz de
desprezar a natureza e os valores naturais. Constituiu-se a Igreja em verdadeiro
parasita do homem crente, a verdadeira tarântula através da qual o clero que se
constitui em uma minoria privilegiada vem sugando e envenenando sem parar o
sangue e a vida daqueles que, iludidos por falsas promessas, mantêm os olhos
fechados para a realidade da vida e das coisas.
Em todo o tempo, a meta principal da
Igreja é tornar o homem o mais desgraçado possível, daí a ideia do pecado e da
culpabilidade, para criar uma raça de escravos e de castrados de pensamento.
Assim, tolhida a sua liberdade de pensamento, torna-se presa fácil e maleável
nas mãos da Igreja. O temor dos castigos eternos, prometidos para os que se
insurgem contra os ensinamentos da Santa Igreja, impede o homem crente de
duvidar sequer do que a mesma lhe incute no espírito como verdade. Só o homem
que consegue vencer a barreira do temor e da ignorância goza realmente de uma
liberdade plena que poderá torná-lo feliz.
Nos 2 últimos parágrafos o autor do
prefácio (tradutor, no caso, do artigo fonte) aproveita para apresentar seus
conceitos pessoais sobre a igreja em meio a um pertenço estudo sobre a
historicidade de Jesus.
Apesar de haver uma acentuada
liberalidade existente em nossos dias, ainda é pequeno o número dos que sacodem
o jugo opressor, libertando-se da tutela hostil e interesseira da Igreja, de
seus dogmas e vãs promessas. E é bem menor ainda o número dos que têm a coragem
de proclamar em altas vozes o seu pensamento, liberto dos preconceitos
religiosos que subjugam o homem.
Neste parágrafo, o autor do prefácio
tenta se incluir em um grupo prodigioso, ainda assim, sem ligação direta ao
tema aqui em foco.
Felizmente, La Sagesse faz parte
deste círculo restrito, para quem a verdade e o bem estar do homem estão acima
de qualquer coisa e dependem em muito de sua liberdade. A própria bondade do
homem deve revelar-se por si só, e não porque a ela seja constrangido,
porquanto assim perderá a sua verdadeira característica, passando a ser um ato
subalterno, sem nenhum valor moral.
E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará. João (Jo) 8:32
Não se omite a esta altura a
homenagem que faz jus a quem não economizou esforços no sentido de patentear a
verdade, antes se multiplicou em cuidados para fornecer aos leitores uma obra
capaz de despertar o interesse pelo seu real valor e critérios adotados. O
autor possui uma vasta obra literária ainda inédita, que deverá vir a público
oportunamente.
Esperemos, também, que o autor do livro
em tela faça artigos científicos a serem avaliados por pares, dando a
"cara a tapa" ao se confrontar com (suposto) iguais.
Maria Ribeiro
Prólogo
Homem ateu é assim chamado aquele que não crê em Deus. Etimologicamente,
“Theos”, do grego, significa Deus. Anexando-se o prefixo “a”, o qual indica
ausência ou negação, teremos ateu, isto é, sem Deus. No mundo moderno onde
vivemos, no qual impera a razão, a lógica e o conhecimento científico, não nos
é mais possível estabelecer diferença essencial entre ateus ou crentes.
Os que acreditam em um Deus
materializável, prosternando-se e orando diante de seus altares, em seus
templos, são também verdadeiros ateus. Apenas deste fato não se dão conta. A
seguir tentaremos explicar o nosso ponto de vista. O homem primitivo,
sentindo-se indefeso diante do mundo hostil que o rodeia e que desconhece, a
tudo teme. Apavoram-no os fenômenos da natureza, tais como as tempestades, os
trovões, os relâmpagos e tantos outros os quais julga serem a manifestação
digna de um Ser Supremo, muito poderoso e desconhecido. Então, na sua
impotência para controlar a natureza, e não encontrando explicações razoáveis
para os acontecimentos, volta-se o nosso homem para aquele Ser Poderoso que
imagina comandar o mundo. Submisso e suplicante, implora-lhe perdão pelas
faltas cometidas, simula preces e oferece-lhe sacrifícios. Com isso, supõe
aplacar a ira dos deuses e ganhar-lhes sua benevolência para dias vindouros,
Está, assim, lançada a semente da religião que no decorrer do tempo irá
ganhando novas formas e sofrerá modificações, de acordo com o próprio homem,
suas necessidades e aspirações.
Como ponto de vista, ok.
Então perguntaremos, diante de que ou
de quem ajoelha-se o homem? Diante de Deus? Não. Por incrível que pareça, o
homem ajoelha-se, ainda hoje, diante do altar rústico, erguido pelo temor do
homem primitivo castigado pelas forças adversas da natureza, e impotente para
contê-las. Não é lógico que o homem que evoluiu conseguindo maravilhas, obtendo
os meios necessários para definir e mesmo refrear os furores da natureza,
paradoxalmente continue praticando os cultos de desagravo, criados pelos
amedrontados ancestrais.
Acima, ele assumi o ponto de vista pessoal
próprio como uma verdade. Desconsidera que o sentimento de religiosidade pode
fluir de algo diferente do que expôs como seu ponto de vista. Assim sendo, trata-se,
obviamente, de um texto não científico. O fato de se poder provar (e aqui não
foi o feito), que a proposição do autor é verdadeira para alguma religião ou
seita, não implica que todas estejam caracterizadas de tal forma.
Concluímos do que acima foi dito que
os religiosos de qualquer espécie são ateus, porquanto, de acordo com a própria
etimologia da palavra ateu, continuam sem Deus. Isto é verdadeiro, porquanto,
não é possível a ninguém ter algo inexistente, no caso o Ser Poderoso, Deus ou
deuses, conforme prefiram. À medida que o homem foi evoluindo, promoveu sua
organização social, inclusive a religiosa. E o homem permaneceu contrito,
ajoelhado diante de Deus e do sacerdote. Aos poucos, vai a religião tornando-se
um ótimo e cômodo meio de vida para a minoria privilegiada composta pelos
sacerdotes, verdadeiro comércio com o qual o povo tem sido espoliado através
dos tempos.
Novamente, a partir da exposição de um
conceito pessoal, extrapola para uma verdade universal e, a partir daí,
generaliza as conclusões.
Surgiram deuses e religiões
idealizadas pelos espertos, a fim de satisfazer a todos os gostos e tendências.
Até o século IX, os estudiosos do assunto já haviam catalogado nada menos de 60
mil deuses, sob as mais variadas formas, desde a de animal, semianimal, até
atingir o aspecto integral do corpo humano. Criaram deuses como Baco, o deus do
vinho, homenageado com tremendas bebedeiras. Vênus, a deusa do amor. Para reger
a cada ato da vida, foram criados deuses especiais; inclusive para cada
fenômeno da natureza.
Idem observação anterior.
Apesar do fervor com o qual os deuses
têm sido incensados através dos tempos, jamais se conseguiu provar que a fé a
eles devotada tenha melhorado a sorte do homem e do mundo. Por isso somos
levados a crer que todos aqueles que têm adorado aos deuses têm perdido o seu
precioso tempo. O homem, com o poder de sua inteligência e imaginação, vai aos
poucos adquirindo e sistematizando os seus conhecimentos, tornando-os cultura e
ciência. Gradativamente vai levantando o véu do mistério que lhe obscurecera a
razão. A explicação dos fatos fundamentada na ciência liberta-o dos temores.
A ciência sem
a religião é manca, a religião sem a ciência é cega. Albert Einstein (o físico, neste contexto, provavelmente, fala da
religiosidade interna a cada um, não de instituições).
Obviamente há vários que pensam de forma diferente.
O interesse
pelo estudo desse tema surgiu ao longo da vida da pesquisadora, a qual participou
e observou informalmente comunidades de diferentes religiıes como o protestantismo,
catolicismo, budismo, entre outras, pessoas que por meio da experiência religiosa,
obtiveram bem estar de sa˙de, sentiram-se mais felizes e tiveram benefícios na
qualidade de vida [02].
A primeira pergunta que
precisa ser levantada é se é o caso, se vale a pena explorar questões ligadas à
origem da vida para além dos limites estritos da ciência. A resposta é
afirmativa, diante da complexidade do fato social de onde emergem tais
questões.
Podemos tomar como
exemplo uma recente edição especial da revista Superinteressante, que
contempla três números (219, de novembro de 2005; 220, de 7 de dezembro de
2005; 221, de 16 de dezembro de 2005), que tiveram tal vendagem que foram
publicadas em um só volume no início do ano seguinte. Sugestivamente, aparecem
como matérias de capa várias perguntas que foram colocadas no simpósio
supracitado: a origem da vida, o seu término e a existência de um criador.
Curioso que sejam as revistas de divulgação científica, e não as religiosas,
que coloquem para o grande público tais perguntas de cunho
filosófico-religioso. [03]
O conhecimento científico, alijando
as trevas da ignorância, leva-nos a compreender que os milhares de deuses dos quais
temos tido conhecimento são produtos de mentes férteis e pretensiosas, como a
do clero e outros interessados em lucros fáceis. A total ausência de uma
intervenção direta de Deus nos destinos do homem e do mundo é prova de que o
clero conduz o homem por caminho errado. Valendo-se da boa fé do povo incauto é
que o clero, em todos os tempos, tem desenvolvido sua atividade parasitária,
chorando tanto quanto possível a economia humana. Assim, pode desfrutar de boa
vida, luxo e palácios, praticamente sem trabalhar, com o dinheiro que o homem
religioso passa-lhe às mãos, julgando assim comprar sua entrada no céu.
Novamente, a partir da exposição de um
conceito pessoal, extrapola para uma verdade universal e, a partir daí,
generaliza as conclusões.
O sacerdote é sempre categórico em
suas afirmações diante do crente, mostrando-se, contudo, reticente e cauteloso
em face do conhecimento científico do homem de saber aprimorado. A este falará
sobre tudo, mas evitará abordar o que se refere a Deus, religião ou teologia.
Tendo ultrapassado a época do medo, a raça humana não se libertou totalmente do
sentimento religioso, porquanto, existem os que se valem do nome de Deus e das
religiões para viverem ociosamente, desfrutando de boa posição e respeito, sem,
contudo, dar aos homens qualquer contribuição que lhes aproveite para sua
felicidade e bem estar. Apenas a promessa de uma boa vida futura, após a morte.
Todavia, até esta ser-lhe-á garantida apenas com a condição de suportar,
pacientemente, muitos sofrimentos em sua passagem pela terra. Ora, são
promessas vãs e mentirosas. Será que o sacerdote daria para alguém o Reino dos
Céus, se dele dispusesse? Tudo nos leva a crer que não.
A experiência individual do autor, a qual
ele assumo neste ponto como verdade universal, diverge da minha. Já presenciei
sacerdoteS tratando com
"homem de saber aprimorado" sobre Deus, religião e teologia.
Inclusive já presencie diversos homens "de saber aprimorado" presentes
em cultos religiosos.
Não acreditamos que as religiões
possam desaparecer tão cedo da face da Terra, apesar do aprimoramento, sempre
em expansão, do conhecimento científico. As religiões não morrem, modificam-se.
Desde os primórdios da humanidade, o aparecimento sempre de novos deuses e
modalidades de culto justificam tal afirmativa. Em vista de tantas e tais
modificações, é que chegamos à era do advento de Cristo e do cristianismo,
religião esta abraçada por boa parte da população do mundo atual, em suas
variadas ramificações.
Novamente, a partir da exposição de um
conceito pessoal, extrapola para uma verdade universal e, a partir daí,
generaliza as conclusões. Contudo, reconheço certa verdade parcial na parte do
parágrafo que antecede "Em vista de...".
E qual o fundamento sobre o qual foi
criada a religião cristã? Nada tem de positivo, palpável ou verdadeiro. É
apenas uma lenda o nascimento de Jesus, como toda a vida e os atos a ele
imputados. Aqueles que criaram o cristianismo sequer primaram pela
originalidade, porquanto, a lenda que envolve a personalidade de Jesus Cristo é
apenas copia de tantas outras que relatam o nascimento e tudo quanto se referiu
aos deuses criados pelos antigos, tais como Ísis, Osíris, Hórus Átis. Apolo,
Mitra, etc.
Note que o autor faz uma pergunta e, sem
a responder, já lança suas convicções pessoais sobre o que se constituirá como
resposta.
Um cético convicto responderia que essas narrativas não passam de uma
colagem de mitos e lendas sem nenhum valor histórico. Os mais religiosos
alegariam que se trata de uma história completamente verídica e inspirada
diretamente por Deus. [01]
Viciados em
teorias da conspiração adoram a idéia: Jesus nunca teria existido. As histórias
sobre sua vida, morte e ressurreição seriam mera colagem de mitos egípcios e
babilônicos, com pitadas do Antigo Testamento para dar um saborzinho judaico.
Na prática, Cristo não seria mais real do que Osíris ou Baal, deuses
mitológicos que também morreram e ressuscitaram. No entanto, para a esmagadora
maioria dos estudiosos, sejam eles homens de fé ou ateus, a tese não passa de
bobagem. A figura de Jesus pode até ter "atraído" elementos de mitos
antigos para sua história, mas temos uma quantidade razoável de informações
historicamente confiáveis, englobando pistas de fontes cristãs, judaicas e
pagãs. [04]
O homem do nosso século tem,
forçosamente, de ser prático. Daí, não poderá fundamentar os atos de sua vida
em lendas ou mitos. As lendas possuem, evidentemente, um grande valor, fazem
parte do folclore dos povos, influindo na formação de suas culturas.
Entretanto, o seu valor cultural não deve ultrapassar o limite lógico e
aceitável.
Aqui o problema recai naquilo que é
considerado "lógico e aceitável". É um daqueles conceitos parecido
com o "bom senso", altamente democrático: cada um parece ter o seu.
Vejamos, em seguida, o que diz o consenso de pesquisadores, para fugir de
gostos pessoais.
I
Jesus
Cristo Nunca Existiu
Os pesquisadores que se dedicaram ao estudo das origens do cristianismo
sabem que, desde o Século II de nossa era, tem sido posta em dúvida a existência
de Cristo. Muitos até mesmo entre os cristãos procuram provas históricas e
materiais para fundamentar sua crença. Infelizmente, para eles e sua fé, tal
fundamento jamais foi conseguido, porquanto, a história cientificamente
elaborada denota que a existência de Jesus é real apenas nos escritos e
testemunhas daqueles que tiveram interesse religioso e material em prová-la.
Viciados em
teorias da conspiração adoram a idéia: Jesus nunca teria existido. As histórias
sobre sua vida, morte e ressurreição seriam mera colagem de mitos egípcios e
babilônicos, com pitadas do Antigo Testamento para dar um saborzinho judaico.
Na prática, Cristo não seria mais real do que Osíris ou Baal, deuses
mitológicos que também morreram e ressuscitaram. No entanto, para a esmagadora
maioria dos estudiosos, sejam eles homens de fé ou ateus, a tese não passa de
bobagem. A figura de Jesus pode até ter "atraído" elementos de mitos
antigos para sua história, mas temos uma quantidade razoável de informações
historicamente confiáveis, englobando pistas de fontes cristãs, judaicas e
pagãs. [04]
Desse modo, a existência, a vida e a
obra de Jesus carecem de provas indiscutíveis. Nem mesmo os Evangelhos
constituem documento irretorquível. As bibliotecas e museus guardam escritos e
documentos de autores que teriam sido contemporâneos de Jesus, os quais não
fazem qualquer referência ao mesmo. Por outro lado, a ciência histórica tem-se
recusado a dar crédito aos documentos oferecidos pela Igreja, com intenção de
provar-lhe a existência física. Ocorre que tais documentos, originariamente,
não mencionavam sequer o nome de Jesus; todavia, foram falsificados, rasurados
e adulterados visando suprir a ausência de documentação verdadeira.
No livro
"Excavating Jesus" (Escavando Jesus), ainda sem tradução no Brasil, o
irlandês John Dominic Crossan, professor de estudos bíblicos da Universidade De
Paul, nos Estados Unidos, relaciona cinco descobertas arqueológicas que
fornecem indícios sobre os relatos da vida de Jesus descritos nos Evangelhos
(veja quadro acima). Nenhuma delas faz referência direta a Jesus, mas a pessoas
e objetos relacionados a ele, de acordo com as narrativas bíblicas.
Mesmo diante da falta de provas extrabíblicas consistentes, poucos
estudiosos sérios colocam sua existência em dúvida atualmente. "Sobre
outros personagens históricos, como Pitágoras e Sócrates, tivemos mais dúvidas
no passado do que sobre a existência de Jesus", diz o professor de filosofia
e teologia Gabriele Cornelli, da Universidade Metodista de São Paulo. Ele
explica que as únicas certezas com relação a Jesus são as de que ele existiu e
teve uma morte violenta, por motivos religiosos. [01]
Por outro lado, muito do que foi
escrito para provar a inexistência de Jesus Cristo foi destruído pela Igreja,
defensivamente. Assim é que, por falta de documentos verdadeiros e
indiscutíveis, a existência de Jesus tem sido posta em dúvida desde os
primeiros séculos desta era, apesar de ter a Igreja tentado destruir a tudo e a
todos os que tiveram coragem ousaram contestar os seus pontos de vista, os seus
dogmas.
Por tudo
isso é que o Papa Pio XII, em 955, falando para um Congresso Internacional de
História em Roma, disse: “Para os
cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé, e não à
história”.
O chamado Jesus
histórico é uma figura humilde, que coloca sua mensagem - o anúncio da chegada
do Reino de Deus - acima de qualquer preocupação com sua própria importância. [04]
Emílio Bossi, em seu livro intitulado
“Jesus Cristo Nunca Existiu”, compara Jesus Cristo a Sócrates, que igualmente
nada deixou escrito. No entanto, faz ver que Sócrates só ensinou o que é
natural e racional, ao passo que Jesus ter-se-ia apenas preocupado com o
sobrenatural. Sócrates teve como discípulos pessoas naturais, de existência
comprovada, cujos escritos, produção cultural e filosófica passaram à história
como Platão, Xenófanes, Euclides, Esquino, Fédon. Enquanto isso, Jesus teria
por discípulos alguns homens analfabetos como ele próprio tê-lo-ia sido, os
quais apenas repetiriam os velhos conceitos e preconceitos talmúdicos.
Começamos, no Novo Testamento, com as cartas de São Paulo,
escritas entre 20 e 30 anos após a crucificação do pregador de Nazaré. Cerca de
40 anos depois da morte de Jesus, surge o Evangelho de Marcos, o mais antigo da
Bíblia; antes que o século 1 terminasse, os demais Evangelhos alcançaram a
forma que conhecemos hoje. A distância temporal, em todos esses casos, é mais
ou menos a mesma que separava o historiador Heródoto da época da guerra entre
gregos e persas, que aconteceu entre 490 a.C. e 480 a.C. - e ninguém sai por aí
dizendo que Heródoto inventou Leônidas, o rei casca-grossa de Esparta.
... pesquisadores como o historiador irlandês John Dominic
Crossan defendem que Cristo não se preocupava com a vida eterna ou o Juízo
Final, mas pregava uma ética totalmente centrada no aqui e no agora,
influenciada pela cultura grega. Outros enfatizam seu lado de revolucionário
político, ou mesmo o retratam como uma espécie de mago itinerante, cujos
milagres não passavam de truques. Na avaliação de Chevitarese, isso equivaleria
a esvaziar Jesus. "Não se pode tirá-lo do seu contexto judaico nem
eliminar seu lado apocalíptico e escatológico [o de um profeta que espera o
final dos tempos e a consumação da história humana]", diz o historiador da
UFRJ. Isso não quer dizer, por outro lado, que a pregação de Jesus fosse
completamente isenta de idéias sobre a sociedade e a política. [04]
Queria, agora,
chegar ao cerne do nosso papo de hoje. O fato é que, se formos usar a escassez
de indícios arqueológicos diretos e a falta de fontes propriamente
contemporâneas, escritas por “testemunhas oculares da história”, para rejeitar
a historicidade de Jesus, teríamos de rejeitar a historicidade de… bem, de uns
70% dos personagens da Antiguidade clássica, ou talvez mais. Ficaríamos só com
os monarcas e os membros da alta nobreza. E olhe lá: pra quem assistiu os dois
filmes “300″, é bom lembrar que não daria pra aceitar a historicidade de
ninguém menos que Leônidas, um dos reis de Esparta, o sujeito que morreu
defendendo a Grécia da invasão persa em 480 a.C. [05]
Sócrates, que viveu 5 séculos antes
de Cristo e nada escreveu, jamais teve sua existência posta em dúvida. Jesus
Cristo, que teria vivido tanto tempo depois, mesmo nada tendo escrito, poderia
apesar disso ter deixado provas de sua existência. Todavia, nada tem sido
encontrado que mereça fé. Seus discípulos nada escreveram. Os historiadores não
lhe fizeram qualquer alusão.
Se existe uma parte da Bíblia sobre a qual a arqueologia tem
bem pouco a dizer é quanto à reconstituição histórica da vida de Jesus, já que
dificilmente uma pessoa pobre e sem importância política deixa vestígios. E,
dizem os especialistas, era exatamente esse o caso do fundador do Cristianismo.
"Quem é que deixa vestígios? É quem tem poder. Se existem ruínas de uma
cidade, o que vai sobrar: a choupana do camponês ou um pedaço do palácio? No
Novo Testamento temos o mesmo problema. Jesus e seus seguidores eram andarilhos
que iam de uma cidade para outra mendigando, portanto, dificilmente deixariam
vestígios", explica Pedro Vasconcellos, professor de Teologia da PUC de
São Paulo. (...)
Mesmo diante da falta de provas extrabíblicas consistentes,
poucos estudiosos sérios colocam sua existência em dúvida atualmente.
"Sobre outros personagens históricos, como Pitágoras e Sócrates, tivemos
mais dúvidas no passado do que sobre a existência de Jesus", diz o
professor de filosofia e teologia Gabriele Cornelli, da Universidade Metodista
de São Paulo. [01]
Além disso, sabemos que, desde o
Século II, os judeus ortodoxos e muitos homens cultos começaram a contestar a
veracidade de existência de tal ser, sob qualquer aspecto, humano ou divino.
Estavam, assim, os homens divididos em duas posições: a dos que, afirmando a
realidade de sua existência, divindade e propósitos de salvação, perseguiam e
matavam impiedosamente aos partidários da posição contrária, ou seja, àqueles
cultos e audaciosos que tiveram a coragem de contestá-los.
O autor esqueceu-se de mencionar que os
primeiros cristãos foram perseguidos e mortos por defenderem tal verdade
(cristã) diante de cultos e audaciosos. Esqueceu-se de mencionar também que
vários homens cultos e audaciosos alinhavam-se com o cristianismo (Como Sir
Isaac Newton, o qual não era um simples frequentador de missas [07]).
O imenso poder do Vaticano tornou a
libertação do homem da tutela religiosa difícil e lenta. O liberalismo que
surgiu nos últimos séculos contribuiu para que homens cultos e desejosos de
esclarecer a verdade tentassem, com bastante êxito, mostrar a mistificação que
tem sido a base de todas as religiões, inclusive do cristianismo. Surgiram
também alguns escritos elucidativos, que por sorte haviam escapado à caça e à
queima em praça pública. Fatos e descobertas desta natureza contribuíram
decisivamente para que o mundo de hoje tenha uma concepção científica e prática
de tudo que o rodeia, bem como de si próprio, de sua vida, direitos e
obrigações.
Ora, seria muito mais fácil se os homens
cultos e audaciosos, que eram contrário ao cristianismo em seu nascedouro
tivessem concluído sua matança ou a descategorizado as verdades cristã. Não o
fizeram. Faltou cultura ou audácia em tempos tão próximos a, inclusive, aqueles
que diziam ser testemunhas oculares? Não teria sido mais fácil, prático e
produtivo negar uma mentira existencial em seu nascedouro, quando aqueles que
poderiam ser testemunha ocular o desmentiria ou confirmaria?
A sociedade atualmente pode
estabelecer os seus padrões de vida e moral, e os seus membros podem
observá-los e respeitá-los por si mesmos, pelo respeito ao próximo e não pelo
temor que lhes incute a religião. Contudo, é lamentavelmente certo que muitos
ainda se conservam subjugados pelo espírito de religiosidade, presos a tabus
caducos e inaceitáveis.
É lamentável a subjugação da inteligência
às convicções pessoais obtusas, como se vê em religiosos, ateus e outros.
Jesus Cristo foi apenas uma entidade
ideal, criada para fazer cumprir as escrituras, visando dar sequência ao
judaísmo em face da diáspora, destruição do templo e de Jerusalém. Teria sido
um arranjo feito em defesa do judaísmo que então morria, surgindo uma nova
crença. Ultimamente, têm-se evidenciado as adulterações e falsificações
documentárias praticadas pela Igreja, com o intuito de provar a existência real
de Cristo. Modernos métodos como, por exemplo, o método comparativo de Hegel, a
grafotécnica e muitos outros, denunciaram a má fé dos que implantaram o
cristianismo sobre falsas bases com uma doutrina tomada por empréstimos de
outros mais vivos e inteligentes do que eles, assim como denunciaram os meios
fraudulentos de que se valeram para provar a existência do inexistente.
Então seria muito mais prático aos judeus
negarem a existência de Jesus ao invés de tentar demonstrar que Jesus não
cumpre o papel previsto de messias. Se não há Jesus, por qual motivo deveriam
os judeus se preocupariam em refutar os ensinamentos de uma invenção de alguns
dentre eles?
Bem, de novo,
a esmagadora maioria dos historiadores coloca suas fichas na probabilidade de
que o texto original de Josefo continha, sim, uma passagem sobre Jesus, que foi
adulterada — algo porcamente — por copistas cristãos. A questão é saber como
reconstruir a passagem original. [05]
Existem oito
momentos nos relatos bíblicos sobre a vida de Jesus que podem ser considerados
reais, segundo os pesquisadores André Chevitarese, da UFRJ, e Gabriele
Cornelli, da Universidade Metodista de São Paulo. [01]
É de se supor que, após a fuga da
Ásia Central, com o tempo os judeus foram abandonando o velho espírito semita,
para irem-se adaptando às crenças religiosas dos diversos povos que já viviam
na Ásia Menor. Após haverem passado por longo período de cativeiro no Egito, e,
posteriormente, por duas vezes na Babilônia, não estranhamos que tenham
introduzido no seu judaísmo primitivo as bases das crenças dos povos com os
quais conviveram. Sendo um dos povos mais atrasados de então, e na qualidade de
cativos, por onde passaram, salvo exceções, sua convivência e ligações seria
sempre com a gente inculta, primária e humilde. Assim é que, em vez de
aprenderem ciências como astronomia, matemática, sua impressionante legislação,
aprenderam as superstições do homem inculto e vulgar.
O autor parece acreditar que os
cativeiros da Babilônia e no Egito foram posteriores ao nascimento de Jesus.
Assumamos que não é isso, que apenas não está exposta sequencialmente a ideia
do autor.
É de se supor o tremendo esforço que
seria, após a dispersão em várias partes da Europa, formular uma reinvenção do
judaísmo, sob confronto dos não simpatizantes dessa ideia (visto que o judaísmo
existe até hoje), sem que os seus opositores desmascarassem o engodo pela raiz.
Desde a Antiguidade até
a criação do Estado de Israel, no século XX, os judeus sempre
percorreram e ocuparam diferentes regiões pelo mundo. Por onde passaram e se
fixaram, acabaram exercendo grandes atividades intelectuais, comerciais
ou foram perseguidos pelas populações locais. (...) Essa civilização deixou
como herança para o mundo ocidental sua conduta moral e ética
[http://www.mundoeducacao.com/historiageral/judeus-na-historia.htm]
Quando cativos na Babilônia, os
sacerdotes judeus que constituíram a nata, o escol do seu meio social, nas
horas vagas, iriam copiando o folclore e tudo o que achassem de mais
interessante em matéria de costumes e crenças religiosas, do que resultaria mais
tarde compendiarem tudo em um só livro, o qual recebeu o nome de Talmud, o
livro do saber, do conhecimento, da aprendizagem. Por uma série de
circunstâncias, o judeu foi deixando, aos poucos, a atividade de pastor,
agricultor e mesmo de artífice, passando a dedicar-se ao comércio.
Uma elite intelectual colhendo de outros
povos o que julgava de importante. E o autor trata com desdém tal postura. Caso
não se preocupassem em conhecer e estudar outras culturas, alguns talvez os
rotulassem de obtusos, fechados, impermeável a evolução que a diversidade
fornece. Felizmente eles preferiram aprender.
A atividade comercial do judeu teve
início quando levados cativos para a Babilônia, por Nabucodonosor, e
intensificou-se com o decorrer do tempo, e ainda mais com a perseguição que lhe
moveria o próprio cristianismo, a partir do século IV. Daí em diante, a
preocupação principal do povo judeu foi extinguir de seu meio o analfabetismo,
visando com isso o êxito de seus negócios. Deve-se a este fato ter sido o judeu
o primeiro povo no meio do qual não haveria nenhum analfabeto. Destarte,
chegando a Roma e a Alexandria, encontrariam ali apenas a prática de uma
religião de tradição oral, portanto, terreno propício para a introdução de
novas superstições religiosas. Dessa conjuntura é que nasceu o cristianismo, o
máximo de mistificação religiosa de que se mostrou capaz a mente humana.
Volta o argumento: É de se supor o
tremendo esforço que seria, após a dispersão em várias partes da Europa,
formular uma reinvenção do judaísmo, sob confronto dos não simpatizantes dessa
ideia (visto que o judaísmo existe até hoje), sem que os seus opositores
desmascarassem o engodo pela raiz.
Além disso, se fosse como o parágrafo que
precede propõe, dado a suposição do autor "um dos povos mais atrasados",
é de se esperar que quaisquer dos letrados e cultos dominadores de Roma e
Alexandria não fossem iludidos pelo engodo dos judeus.
O judeu da diáspora conseguiu o seu
objetivo. Com sua grande habilidade, em pouco tempo o cristianismo caiu no
gosto popular, penetrando na casa do escravo e de seu senhor, invadindo
inclusive os palácios imperiais. Crestus, o Messias dos essênios, pelo qual
parece terem optado os judeus para a criação do cristianismo, daria origem ao
nome de Cristo, cristão e cristianismo. Os essênios haviam-se estabelecido numa
instituição comunal, em que os bens pessoais eram repartidos igualmente para
todos e as necessidades de cada um tornavam-se responsabilidade de todos.
Mas como o povo atrasado convence
escravos seus senhores e a casa imperial? E, ainda, os judeus que permaneceram
convictos a suas raízes silenciaram, não revelaram o engodo da inexistência de
Jesus? Deve ser este tipo de conclusão e base argumentativa que leva historiadores
optar pela assunção da existência de um Jesus histórico.
Tal ideal de vida conquistaria, como
realmente aconteceu, ao escravo, a plebe, enfim, a gente humilde. Daí, a
expansão do cristianismo que, nada tendo de concreto, positivo e provável,
assumiu as proporções de que todos temos conhecimento. Não tendo ficado
restrita à classe inculta e pobre, como seria de se pensar, começou a ganhar
adeptos entre os aristocratas e bem-nascidos.
Novamente: como o povo atrasado convence
escravos seus senhores e a casa imperial? E, ainda, os judeus que permaneceram
convictos a suas raízes silenciaram, não revelaram o engodo da inexistência de
Jesus?
De tudo o que dissemos, depreende-se
que o cristianismo foi uma religião criada pelos judeus, antes de tudo como meio
de sobrevivência e enriquecimento. Tudo foi feito e organizado de modo a que o
homem se tornasse um instrumento dócil e fácil de manejar, pelas mãos hábeis
daqueles aos quais aproveita a religião como fonte de rendimentos.
Outra questão: mas por qual motivo criar
outra religião para tal fim? Por que não usar a que já tinham sem dividir
esforços?
Métodos modernos como, por exemplo, o
método comparativo de Hegel, a grafotécnica, o uso dos isótopos radioativos e
radiocarbônicos, denunciaram a má fé daqueles que implantaram o cristianismo,
falsificando escritos e documentos na vã tentativa de provar o que lhe era
proveitoso. Por meios escusos tais como os citados, a Igreja tornou-se a
potência financeira em que hoje se constitui. Finalmente, desde o momento em
que surgiu a religião, com ela veio o sacerdote que é uma constante em todos os
cultos, ainda que recebam nomes diversos. A figura do sacerdote encarregado do
culto divino tem tido sempre a preocupação primordial de atemorizar o espírito
dos povos, apresentando-lhes um Deus onipotente, onipresente e, sobretudo,
vingativo, que a uns premia com o paraíso e a outros castiga com o inferno de
fogo eterno, conforme sejam boas ou más suas ações.
As pesquisas em torno da Bíblia e as investigações de cunho
histórico-arqueológico há certo tempo vivem uma relação tensa. Se até o século
19 o livro sagrado judeu-cristão era praticamente o único documento a partir do
qual se podia fazer a história de muitos povos do Antigo Oriente Médio, desde
então avanços nas ciências humanas, como a descoberta de novos documentos e a
decifração de antigos sistemas de escrita (do Egito, da Mesopotâmia e de Canaã)
lançaram novas luzes sobre aquele mundo ao mesmo tempo tão distante e tão
próximo a nós.
Nessa relação se estabeleceram duas posições extremas. A primeira quer
afirmar, a ferro e fogo, a veracidade histórica de todos os elementos da
narrativa bíblica. A arqueologia é utilizada, nessa perspectiva, para confirmar
o que o texto já garante de antemão. Não se discutem as especificidades dele,
seu gênero literário, suas intencionalidades.
O outro posicionamento procura evidenciar as contradições entre os ditos
bíblicos e os achados arqueológicos. Convencidos do caráter basicamente
religioso dos textos, mas também desconfiados do tom ideológico deles, os
estudiosos que se alinham nessa posição tendem a colocar sob suspeita seus
enunciados até prova em contrário, que deverá vir da pesquisa científica.
O problema de ambas as posições é que elas supõem (ou exigem) dos textos
e dos achados uma espécie de concordância de fundo. Mas, por um lado, os livros
bíblicos, dado seu caráter religioso, lidam de forma muito livre com os dados
históricos; sua intenção não é informar sobre o que já ocorreu, mas educar para
os desafios atuais e aqueles por vir. Suas leituras do passado estão
comprometidas com a construção do presente e do futuro. Assim, pedir aos textos
exatidão histórica seria o mesmo que pedir leite a uma fonte d'água. [1]
No cristianismo, encontraremos sempre
o sacerdote afirmando ter o homem uma alma imortal, a qual responderá após a
morte do corpo, diante de Deus, pelas ações praticadas em vida. Como se tudo
não bastasse, o paraíso, o purgatório dos católicos e o inferno, há ainda que
considerar a admissão do pecado original, segundo o qual todos os homens ao
nascer, trazem-no consigo.
Ora, ninguém jamais foi consultado a
respeito de seu desejo ou não de nascer. Assim sendo, como atribuir culpa de
qualquer natureza a quem não teve a oportunidade de manifestar vontade própria.
Quanta injustiça! Condenar inocentes por antecipação. O próprio Deus e o
próprio Cristo revoltar-se-iam por certo ante tão injusta legislação, se os
próprios existissem.
Sem relação com o foco do texto. Vale
como opinião pessoal do autor.
II
As Provas
e as Contra Provas
A Igreja serviu-se de farta documentação, conforme já mencionamos
anteriormente, com intenção de provar a existência de Cristo. No entanto, a
história ignora-o completamente. Quanto aos autores profanos que pretensamente
teriam escrito a seu respeito, foram nesta parte falsificados. Por outro lado,
documentos históricos demonstram sua inexistência. As provas históricas merecem
nosso crédito, porque pertencem à categoria dos fatos certos e positivos, e
constituem testemunhos concretos e válidos de escritores de determinadas
escolas.
Viciados em
teorias da conspiração adoram a idéia: Jesus nunca teria existido. As histórias
sobre sua vida, morte e ressurreição seriam mera colagem de mitos egípcios e
babilônicos, com pitadas do Antigo Testamento para dar um saborzinho judaico.
Na prática, Cristo não seria mais real do que Osíris ou Baal, deuses
mitológicos que também morreram e ressuscitaram. No entanto, para a esmagadora
maioria dos estudiosos, sejam eles homens de fé ou ateus, a tese não passa de
bobagem. A figura de Jesus pode até ter "atraído" elementos de mitos
antigos para sua história, mas temos uma quantidade razoável de informações
historicamente confiáveis, englobando pistas de fontes cristãs, judaicas e
pagãs. [04]
A interpretação da Bíblia e da
mitologia comparada não resiste a uma confrontação com a história. Flávio
Josefo, Justo de Tiberíades, Filon de Alexandria, Tácito, Suetônio e Plínio, o
Jovem, teriam feito em seus escritos, referências a Jesus Cristo. Todavia, tais
escritos após serem submetidos a exames grafotécnicos, revelaram-se adulterados
no todo ou em parte, para não se falar dos que foram totalmente destruídos.
Além disso, as referências feitas a Crestus, Cristo ou Jesus, não são feitas
exatamente a respeito do Cristo dos Cristãos. Seria mesmo difícil estabelecer
qual o Cristo seguido pelos cristãos, visto que esse era um nome comum na
Galileia e Judeia.
Começamos, no Novo Testamento, com as cartas de São Paulo,
escritas entre 20 e 30 anos após a crucificação do pregador de Nazaré. Cerca de
40 anos depois da morte de Jesus, surge o Evangelho de Marcos, o mais antigo da
Bíblia; antes que o século 1 terminasse, os demais Evangelhos alcançaram a
forma que conhecemos hoje. A distância temporal, em todos esses casos, é mais
ou menos a mesma que separava o historiador Heródoto da época da guerra entre
gregos e persas, que aconteceu entre 490 a.C. e 480 a.C. - e ninguém sai por aí
dizendo que Heródoto inventou Leônidas, o rei casca-grossa de Esparta.
... pesquisadores como o historiador irlandês John Dominic
Crossan defendem que Cristo não se preocupava com a vida eterna ou o Juízo
Final, mas pregava uma ética totalmente centrada no aqui e no agora,
influenciada pela cultura grega. Outros enfatizam seu lado de revolucionário
político, ou mesmo o retratam como uma espécie de mago itinerante, cujos
milagres não passavam de truques. Na avaliação de Chevitarese, isso equivaleria
a esvaziar Jesus. "Não se pode tirá-lo do seu contexto judaico nem
eliminar seu lado apocalíptico e escatológico [o de um profeta que espera o final
dos tempos e a consumação da história humana]", diz o historiador da UFRJ.
Isso não quer dizer, por outro lado, que a pregação de Jesus fosse
completamente isenta de idéias sobre a sociedade e a política. [04]
Queria, agora,
chegar ao cerne do nosso papo de hoje. O fato é que, se formos usar a escassez
de indícios arqueológicos diretos e a falta de fontes propriamente
contemporâneas, escritas por “testemunhas oculares da história”, para rejeitar
a historicidade de Jesus, teríamos de rejeitar a historicidade de… bem, de uns
70% dos personagens da Antiguidade clássica, ou talvez mais. Ficaríamos só com
os monarcas e os membros da alta nobreza. E olhe lá: pra quem assistiu os dois
filmes “300″, é bom lembrar que não daria pra aceitar a historicidade de ninguém
menos que Leônidas, um dos reis de Esparta, o sujeito que morreu defendendo a
Grécia da invasão persa em 480 a.C. [05]
Segundo Tácito, judeus e egípcios
foram expulsos de Roma por formarem uma só e mística superstição cristã. As
expulsões ocorreram duas vezes no tempo de Augusto e a terceira vez no governo
de Tibério, no ano 19 desta era. Tais expulsões desmentem a existência de
Jesus, porquanto, ocorreram quando ainda o nome de cristão aplicava-se a
superstição judaico-egípcia, a qual se confundiu com o cristianismo.
O parágrafo acima precisa ser melhor trabalhado para expressar a ideia. Não está
claro, ao menos para mim, pois não há conexão entre o que é expresso no
conjunto de frases. |Deixo de refutar por falta de tal entendimento.
Filon de Alexandria, apesar de ter
contribuído poderosamente para a formação do cristianismo, seu testemunho é
totalmente contrário à existência de Cristo. Filon havia escrito um tratado
sobre o Bom Deus — Serapis —, tratado este que foi destruído. Os evangelhos
cristãos a ele muito se assemelham, e os falsificadores não hesitaram em
atribuir as referências como sendo feitas a Cristo.
As fontes que aludem historiadores, as
quais consulto, não tem citação de Filon. Assim, deixo de comentar.
Os historiadores mostram que essa
religião nasceu em Alexandria, e não em Roma ou Jerusalém. Fazem ver que ela
nasceu das ideias de Filon que, platonizando e helenizando o judaísmo, escreveu
boa parte do Apocalipse. A mesma transformação que o cristianismo dera ao
judaísmo ao introduzir-lhe o paganismo e a idolatria, Filon imprimira a essa
crença, até então apenas terapeuta, dando-lhe feição grega, de cunho platônico.
As fontes que aludem historiadores, as
quais consulto, não tem citação de Filon.
Embora tenha sido de certo modo o
precursor do cristianismo, não deixou a menor prova de ter tomado conhecimento
da existência de Jesus Cristo, o mago rabi, e isto é lógico porque o
cristianismo só iria ser elaborado muito depois de sua morte.
Bastaria o silêncio de Filon para
provar estarmos diante de uma nova criação mitológica, de cunho metafísico.
Entretanto, escrevendo como cristão, os lançadores do cristianismo louvaram-se
nas suas ideias e escritos. Tivesse Jesus realmente existido, jamais Filon
deixaria de falar em seu nome, descreveria certamente sua vida miraculosa.
Filon relata os principais acontecimentos de seu tempo, do judaísmo e de outras
crenças, não mencionando, porém, nada sobre Jesus. Cita Pôncio Pilatos e sua
atuação como Procurador da Judeia, mas não se refere ao julgamento de Jesus a
que ele teria presidido.
Fala igualmente dos essênios e de sua
doutrina comuna dizendo tratar-se de uma seita judia, com mosteiro à margem do
Jordão, perto de Jerusalém. Quando no reinado de Calígula esteve em Roma
defendendo os judeus, relata diversos acontecimentos da Palestina, mas não
menciona nada a respeito de Jesus, seus feitos ou sua sorte e destino.
Filon, que foi um dos judeus mais
ilustres de seu tempo, e sempre esteve em dia com os acontecimentos, jamais
omitiria qualquer notícia acerca de Jesus, cuja existência, se fosse
verdadeira, teria abalado o mundo de então. Impossível admitir-se tal hipótese,
portanto.
Por isso é que M. Dide fez ver que,
diante do silêncio de homens extraordinários como Filon, os acontecimentos
narrados pelos evangelistas não passam de pura fantasia religiosa. Seu silêncio
é a sentença de morte da existência de Jesus.
O mesmo silêncio se estende aos
apóstolos, assinala Emílio Bossi. Evidencia que tudo quanto está contido nos
Evangelhos refere-se a personalidades irreais, ideais, sobrenaturais de
inexistentes taumaturgos. O silêncio de Filon e de outros se estende não apenas
a Jesus, mas também aos seus pretensos apóstolos, a José, a Maria, seus filhos
e toda a sua família.
Flávio Josefo, tendo nascido no ano
37, e escrevendo até 93 sobre judaísmo, cristianismo terapeuta, messias e
Cristos, nada disse a respeito de Jesus Cristo. Justo de Tiberíades, igualmente
não fala em Jesus Cristo, conquanto houvesse escrito uma história dos judeus,
indo de Moisés ao ano 50. Ernest Renan, em sua obra “Vie de Jesus”, apesar de
ter tentado biografar Jesus, reconhece o pesado silêncio que fizeram cair sobre
o pretenso herói do cristianismo.
Outra fonte
crucial é Flávio Josefo, autor de "Antiguidades Judaicas", também do
século 1. O texto sofreu interferências de copistas cristãos, mas é possível
determinar sua forma original, bastante neutra: Jesus seria um
"mestre", responsável por "feitos extraordinários",
crucificado a mando de Pilatos, cujos seguidores ainda existiam, apesar disso.
Duas décadas depois, o historiador romano Tácito conta a mesma história básica,
precisando que Jesus tinha morrido na época de Pilatos e do imperador Tibério
(duas referências que batem com o Novo Testamento). Esses dados mostram duas
coisas: a historicidade de Jesus e também sua relativa desimportância diante
das autoridades romanas e judaicas, como um profeta marginal num canto remoto e
pobre do Império Romano [04]
Os Gregos, os romanos e os hindus dos
séculos I e II jamais ouviram falar na existência física de Jesus Cristo.
Nenhum dos historiadores ou escritores, judeus ou romanos, os quais viveram ao
tempo em que pretensamente teria vivido Jesus, ocupou-se dele expressamente.
Nenhum dedicou-lhe atenção. Todos foram omissos quanto a qualquer movimento
religioso ocorrido na Judeia, chefiado por Jesus.
Dentre os
raros indícios arqueológicos relacionados a Jesus, as citações feitas por dois
historiadores, o judeu Flávio Josefo (37-100 d.C) e o romano Tácito (56 - 120
d.C) [01]
A história não só contesta a tudo o
que vem nos Evangelhos, como prova que os documentos em que a Igreja se baseou
para formar o cristianismo foram todos inventados ou falsificados no todo ou
parte, para esse fim. A Igreja sempre dispôs de uma equipe de falsários, os
quais dedicaram-se afanosamente a adulterar e falsificar os documentos antigos
com o fim de pô-los de acordo com os seus cânones.
Cristo viveu
em um período favorável para o surgimento de profetas. Só no livro Guerra dos
Judeus (do historiador Flávio Josefo, que viveu no século 1) dá para
identificar pelo menos 15 figuras semelhantes a Jesus, que viveram mais ou
menos na mesma época dele. A Bíblia cita outros quatro. Um é João Batista, que
anunciava o fim do mundo aos seus seguidores, e de quem os cristãos herdaram o
ritual do batismo. "Cerca de cem anos depois da morte de João Batista,
seus discípulos ainda diziam que ele era maior que Jesus", diz
Chevitarese. Para o historiador, João Batista era um concorrente de Cristo. [06]
O piedoso e culto bispo de Cesareia,
Eusébio, como muitos outros tonsurados, receberam ordens papais para realizar
modificações em importantes papéis da época, adulterando-os e emendando-os
segundo suas conveniências. Graças a esses criminosos arranjos, a Igreja
terminaria autenticando impunemente sua novela religiosa sobre Jesus Cristo,
sua família, seus discípulos e o seu tempo.
No livro
"Excavating Jesus" (Escavando Jesus), ainda sem tradução no Brasil, o
irlandês John Dominic Crossan, professor de estudos bíblicos da Universidade De
Paul, nos Estados Unidos, relaciona cinco descobertas arqueológicas que
fornecem indícios sobre os relatos da vida de Jesus descritos nos Evangelhos
(veja quadro acima). Nenhuma delas faz referência direta a Jesus, mas a pessoas
e objetos relacionados a ele, de acordo com as narrativas bíblicas.
Mesmo diante da falta de provas extrabíblicas consistentes, poucos
estudiosos sérios colocam sua existência em dúvida atualmente. "Sobre
outros personagens históricos, como Pitágoras e Sócrates, tivemos mais dúvidas
no passado do que sobre a existência de Jesus", diz o professor de filosofia
e teologia Gabriele Cornelli, da Universidade Metodista de São Paulo. Ele
explica que as únicas certezas com relação a Jesus são as de que ele existiu e
teve uma morte violenta, por motivos religiosos. [01]
Conan Doyle imortalizou o seu
personagem, Sherlock Holmes, assim como Goethe ao seu Werther. Deram-lhes vida
e movimento como se fossem pessoas reais, de carne e ossos. Muitos outros
escritores imortalizaram-se também através de suas obras, contudo, sempre ficou
patente serem elas pura ficção, sem qualquer elo que as ligue com a vida real.
Produzem um trabalho honesto e honrado aqueles que assim procedem, ao contrário
daqueles que deturpam os trabalhos assinados por eminentes escritores, com o
objetivo premeditado de iludir a boa fé do próximo. E procedimento que, além de
criminoso, revela a incapacidade intelectual daqueles que precisam se valer de
tais meios para alcançar seus escusos objetivos.
Berson, citado por Jean Guitton em
“Jesus”, disse que a inigualável humildade de Jesus dispensaria a
historicidade; entretanto, erigiu os Evangelhos como documento indiscutível
como prova, o que a ciência histórica de hoje rejeita. Só depois de muito
entrado em anos é que se tornaria indiferente para com a pirracenta crença
religiosa dos seus antepassados, como aconteceu com mentes excepcionalmente
cultas, tornadas ilustres pelo saber e pelo conhecimento e não apenas pelo
dinheiro.
... é preciso reconhecer que os Evangelhos, principais narrativas sobre
Jesus na Bíblia cristã, não são livros históricos no sentido moderno do termo.
"Os Evangelhos são uma combinação de elementos históricos e interpretações
feitas posteriormente no âmbito das comunidades cristãs" (...)
... diversas fontes não-cristãs concordam com os Evangelhos. Cristo
morreu crucificado a mando de Pôncio Pilatos, que governou a Judéia do ano 26
ao 36. A data mais provável para a execução de Jesus é o ano 30 [04]
Diante da história, do conhecimento
racional e científico que presidem aos atos da vida humana, muitos já se
convenceram da primária e irreal origem do cristianismo, o qual nada mais é do
que uma síntese do judaísmo com o paganismo e a idolatria greco-romana do
século I.
Sim, muitos se convecem por multiplas
coisas. No entanto, a maiorias dos historiadores estão convencidos que "Cristo morreu crucificado a mando de
Pôncio Pilatos, que governou a Judéia do ano 26 ao 36. A data mais provável
para a execução de Jesus é o ano 30 "
Graças ao trabalho de notáveis mestre
de Filosofia e Teologia da Escola de Tubíngen, na Alemanha, ficou provado que
os Evangelhos e mesmo toda a Bíblia não possuem valor histórico, pondo-se em
dúvida consequentemente tudo quanto a Igreja impôs como verdade sobre Jesus
Cristo. Tudo o que consta dos Evangelhos e do Novo Testamento são apenas
arranjos, adaptações e ficções, como o próprio Jesus Cristo o foi.
... é preciso reconhecer que os Evangelhos, principais narrativas sobre
Jesus na Bíblia cristã, não são livros históricos no sentido moderno do termo.
"Os Evangelhos são uma combinação de elementos históricos e interpretações
feitas posteriormente no âmbito das comunidades cristãs" (...)
... diversas fontes não-cristãs concordam com os Evangelhos. Cristo
morreu crucificado a mando de Pôncio Pilatos, que governou a Judéia do ano 26
ao 36. A data mais provável para a execução de Jesus é o ano 30 [04]
Através da pesquisa histórica e de
exames grafotécnicos ficou evidenciado que os escritos acima referidos são
apócrifos. De sorte que, não servindo como documentos autênticos, devem ser
rejeitados pela ciência. Jean Guitton diz que o problema de Jesus varia e
acordo com o ângulo sob o qual seja examinado: histórico, filosófico ou
teológico.
... é preciso reconhecer que os Evangelhos, principais narrativas sobre
Jesus na Bíblia cristã, não são livros históricos no sentido moderno do termo.
"Os Evangelhos são uma combinação de elementos históricos e interpretações
feitas posteriormente no âmbito das comunidades cristãs" (...)
... diversas fontes não-cristãs concordam com os Evangelhos. Cristo
morreu crucificado a mando de Pôncio Pilatos, que governou a Judéia do ano 26
ao 36. A data mais provável para a execução de Jesus é o ano 30 [04]
A história
exige provas reais, segundo as quais se evidenciem os movimentos da pessoa ou
do herói no palco da vida humana, praticando todos os atos a ela concernentes,
em todos os seus altos e baixos. Pierre Couchoud, igualmente citado por
Guitton, sendo médico e filósofo, considerou Jesus como tendo sido “a maior existência que já houve, o
maior habitante da terra”, entretanto, acrescentou: “não existiu no sentido histórico da
palavra: não nasceu. Não sofreu sob Pôncio Pilatos, sendo tudo uma fabulação
mítica”.
O retrato que emerge desse esforço é, em certos aspectos, familiar para
qualquer cristão, ao mesmo tempo em que humaniza o Nazareno. O chamado Jesus
histórico é uma figura humilde, que coloca sua mensagem - o anúncio da chegada
do Reino de Deus - acima de qualquer preocupação com sua própria importância.
Não se comporta como uma entidade superpoderosa ou onisciente. E coloca em
primeiro lugar a história e o destino do povo de Israel, ao qual pertence. É um
Jesus que pode ajudar os cristãos a repensarem a origem de sua própria fé - mas
dificilmente é uma ameaça a ela, a menos que se acredite que todo versículo dos
Evangelhos é verdade literal, como se fosse um filme do que aconteceu no ano 30
d.C. [04]
A passagem de Jesus pela terra seria
o milagre dos milagres: “o continente, embora fosse o menor, contivera o
conteúdo, que era o maior!” A Filosofia quer fatos para examinar e explicar à
luz da razão, generalizando-o. No que se refere à existência de Jesus, é
patente a impossibilidade de generalização, porquanto, na qualidade de mito,
como os milhares que o antecederam, sua personalidade é apenas fictícia, por
conseguinte, nenhum material pode oferecer à Filosofia para ser sistematizado,
aprofundado ou explicado.
Então a filosofia pode utilizar-se dos
fatos apontados pelos historiadores, como já exposto aqui.
No tocante à Teologia, cabe-lhe
apenas a parte doutrinária acerca das coisas divinas. A ela, interessa apenas
incutir nas mentes os seus princípios, sem, contudo, procurar neles o que possa
existir de concreto, o que inclusive seria contrário aos interesses materiais,
daqueles aos quais aproveita a religião. Os Enciclopedistas mostraram como eram
tolos e irracionais os dogmas da Igreja, lembrando ainda que ela era um dos
mais fortes pilares do feudalismo escravocrata.
Veja que, na concepção do autor, religião
deve ser algo alienante, sem buscas tangibilidade, ou seja, confunde teologia
com fanatismo. Por certo, alguns concordarão com ele, mas não este o tema que
tratamos aqui.
Voltaire mostrou as coincidências
entre o Evangelho de João e os escritos de Filon, lembrando ter sido ele um
filósofo grego de ascendência judia, cujo pai, um outro judeu culto, teria sido
contemporâneo de Jesus, se ele tivesse realmente existido. A filosofia
religiosa de Filon era a mesma do cristianismo, tanto que inicialmente foi
cogitada sua inclusão entre os fundadores da nova crença. Contudo, após exame
rigoroso de sua obra, foram encontradas ideias opostas aos interesses materiais
dos lideres cristãos da época.
É para estranhar que um filósofo grego
(posterior a Jesus) de ascendência judia, tenha uma concepção religiosa similar
a deixada por Jesus, que era judeu assim como os apóstolos? Qual o problema
aqui?
Devemos aos Enciclopedistas, bem como
a Voltaire, o incentivo para que muitos pensadores futuros pudessem desenvolver
um trabalho livre, na pesquisa da verdade. As convicções de Voltaire são o
fruto de profundo estudo das obras de Filon. Os racionalistas, posteriormente,
servindo-se de seus escritos, concluíram que a Igreja criou seus dogmas de
acordo com a lenda e o mito, impondo-os a ferro e fogo.
Não esquecer que aos primeiros cristãos,
suas convicções, obtidas por meio do testemunho dos que viveram com Jesus
(conforme historiadores atestam e diferente da pretensão do autor) foram postas
a prova a ferro fogo e muito sangue (não pense que, com isso, quero justificar
erros de quando a igreja obteve o poder, apenas fornecer perspectivas
"esquecidas" pelo autor).
Bauer, aplicando os princípios
hegelianos na Universidade de Tubingen, concluiu que os Evangelhos haviam sido
escritos sob a influência judia, de acordo com seu gosto. Posteriormente,
interesses materiais e políticos motivaram alterações nos mesmos. Em vista de
tais interesses é que Pedro, o pregador do cristianismo nascente, que era
pró-judeu, teve de ser substituído por Paulo, favorável aos romanos. E Marcião
teria sido o autor dos escritos atribuídos ao inexistente Paulo.
Influência Judia? Foram escritas por
judeus, a rigor. Não esqueçamos que cristão também tem como sagrado o Antigo
Testamento, que é judaica. Foi uma novidade tal influência?
Quanto a inexistência alegada de Paulo,
faltou apresentar um estudo que balize, não uma opinião (que se seguir os
mesmos passos da opinião sobre a suposta inexistêncai de Jesus...).
O mérito da Escola de Tubingen
consiste em haver provado que os Evangelhos são apócrifos, e assim não servem
como documento aceitável pela história. Levando ao conhecimento do mundo livre
que os fundamentos do cristianismo são mistificações puras, os mestres da
referida Escola abalaram os alicerces de uma empresa, que há séculos explora a
humanidade crente, vendendo o nome de Deus a grosso e a varejo.
Mais uma vez, o autos ignora os
historiadores. Novamente:
... é preciso reconhecer que os Evangelhos, principais narrativas sobre
Jesus na Bíblia cristã, não são livros históricos no sentido moderno do termo.
"Os Evangelhos são uma combinação de elementos históricos e interpretações
feitas posteriormente no âmbito das comunidades cristãs" (...)
... diversas fontes não-cristãs concordam com os Evangelhos. Cristo
morreu crucificado a mando de Pôncio Pilatos, que governou a Judéia do ano 26
ao 36. A data mais provável para a execução de Jesus é o ano 30 [04]
Tudo nos leva a crer que, no futuro,
o conhecimento científico exigirá bases sólidas para todas as coisas, quando
então as religiões não mais prevalecerão, porquanto, não poderão contribuir
para a ciência ou para a história, com qualquer argumento sólido e fiel.
Então apresento uma novidade: esse futuro
já chegou a algumas décadas. O conhecimento científico (já) exige bases
sólidas, pois tem como coluna de sustentação o empirismo. Para desespero das convicções intelectuais de
alguns, a ciência não escolhe de onde vem suas contribuições, desde que sejam
testáveis. Isso mostra o motivo pelo qual os historiadores atestam a existência
de Jesus (histórico) e o presente artigo apresenta tantas falhas e
distanciamento da ciência formal.
Ademais, não nos parece lógico que o
homem atual, o qual já atingiu um tão elevado nível de desenvolvimento, o que
se verifica em todos os setores do conhecimento, tais como científico,
tecnológico e filosófico, permaneça preso a crenças em deuses inexistentes, em
mitos e tabus.
É por isso que existe a discussão. Muitos
discordam da suposta inexistência de deuses alegado pelo autor e tomado, pelo
mesmo, como verdade universal. Veja que há uma falha grave de raciocínio aqui
(não somente científico, mas, no mínimo de coerência e lógica): ao se fazer uma
alegação, deve-se provar a mesma antes de tomar como fato ou verdade universal
para, após o ateste, se ter a mesma como absoluta para conclusões de ampla
abrangência. Caso contrário, deve-se utilizar a honestidade intelectual e apontar
as conclusões como hipóteses, uma vez que se baseia em conjecturas.
Diz-se que a Bíblia, o livro sagrado
dos cristãos, do qual se valem eles para provar a existência de seu Deus e
Jesus Cristo, seu filho unigênito, foi escrito sob a inspiração divina. O Próprio
Deus tê-lo-ia escrito, através de homens inspirados por ele, claro. A doutrina
cristã ensina que Deus, além de onipotente, é onipresente e onisciente. Sendo
dotado de tais atributos — onisciência e onipresença —, seria de se esperar que
Deus, ao ditar aos homens inspirados o que deveriam escrever, não se
restringisse apenas ao relato das coisas, fatos ou lugares então conhecidos
pelos homens.
Não só pela Bíblia se prova a existência
de Jesus (histórico), como deixou claro os pesquisadores.
Não entendi o motivo pelo qual o autor se
arvora do direito de definir o que a concepção de Deus (dele, autor) deveria ou
não inspirar (se assim o admitirmos de forma absoluta) àqueles que escreveram
os livros que constituem a Bíblia.
Sendo onipresente, deveria estar no
universo inteiro. Conhecê-lo e levá-lo ao conhecimento dos homens, e não apenas
limitar-se a falar dos povos ou lugares que todos conheciam ou sabiam existir.
Sendo onisciente, deveria saber de todas s coisas de modo certo, correto,
exato, e assim inspirar ou ensinar.
Parece haver uma compreensão diferente
(trazendo complemento) do que o dicionário ensina sobre o termo onipotência:
não lembro de ler que onipotência implica em levar ao conhecimento do homem.
Textos que pretendem provar algo a luz da ciência devem ser precisos nos termos
utilizados. Fica o registro do que o autor propõe a Deus fazer.
Todavia, aconteceu justamente o
contrário. A Bíblia, escrita por homens inspirados por Deus onipresente e
onisciente, está repleta de erros, os mais vulgares e incoerentes, revelando
total ignorância acerca da verdade e de tudo mais.
Inspirar não significa escrever. Homens
as escreveram. Homens erram.
Vejamos apenas um exemplo. Diz a
Bíblia que o sol, a lua e as estrelas foram criadas em função da terra: para
iluminá-la. Seria o centro do universo, então, o que é totalmente falso. Hoje,
ou melhor, há muito tempo, todos sabemos que a terra é apenas um grão de areia
perdido na imensidão do universo, sendo mesmo uma das menores porções que o
compõe, inclusive dentro do sistema solar de que faz parte.
Talvez pelo mesmo motivo que Einstein
tenha errado ao supor que o universo era estático (e introduzir a constante
universal): era um algo tido como verdadeiro em sua época. Partindo da premissa
de que os escritores da Bíblia foram inspirados, eles tinham as convicções
deles, a cultura local e a forma de expressas as verdades que lhes vinham
passava por toda essa carga sociocultural.
Como teria Josué feito parar o sol, a
fim de prolongar o dia e ganhar sua batalha contra os canamitas, sem acarretar
uma catástrofe? Decididamente, quem escreveu tais absurdos, sendo homem,
sujeito a falhas e erros, é perdoável. Entretanto, sendo um Deus onipresente e
onisciente, ou por sua inspiração, é inconcebível. E mais inconcebível ainda é
que o homem moderno permaneça escravo desta ou de qualquer outra religião.
Dispondo de modernos meios de difusão e divulgação da cultura, o homem não pode
ignorar o quanto é falsa a doutrina cristã, além de absurda, o mesmo
estendendo-se a qualquer outra forma de culto ou religião. Como entender que
sendo Deus onipresente e onisciente, não saberia que todos os corpos do
universo possuem movimento, e que este os mantém dentro de sua órbita, sem
atropelos ou abalroamento?
Ou seria estilo de narrativa? Ou seria um
exagero para exaltar uma façanha? Inspirar não significa escrever.
O homem moderno pode escolher se escravos
de suas convicções pessoais, ou estudar e ver
que a ciêrncia e a filosofia oferece e fazer seu juízo de valores. Pode,
inclusive, com o apoio pleno de cientistas, descartar convicções defendidas por
puro gosto pessoal, de que Jesus não existiu.
Quando Jeová resolveu disciplinar o
comportamento dos hebreus, marcou encontro com Moisés, no Monte Sinai, para lhe
entregar as tábuas da lei. Fato idêntico acontecera muito antes, quando
Hamurabi teria recebido das mãos do deus Schamash a legislação dos babilônios
no século XVII a.C.. A mesma foi encontrada em Susa, uma das grandes metrópoles
do então poderoso império babilônio, encontrando-se atualmente guardada no
Museu do Louvre, em Paris.
O texto aqui não era para provar a
inexistência suposta de Jesus? Isso tudo é para, a arrepio dos pesquisadores,
tentar obliterar de forma absoluta os textos bíblicos?
No que concerne aos Evangelhos, foram
escritos em número de 315, copiando-se sempre uns aos outros. No Concílio de
Niceia, tal número foi reduzido para 40, e destes foram sorteados os 4 que até
hoje estão vigorando.
Idem
A. Laterre, entre outros escritores,
assinala ter sido o Evangelho de Marcos o mais antigo, e haver servido de
paradigma para os outros, os quais não guardaram sequer fidelidade ao original,
dando margem a choques e entrechoques de doutrina.
Saindo um pouco da especulação do autor,
damos a palavra a pesquisadores.
Apesar das
discrepâncias entre as evidências arqueológicas e o discurso bíblico, nenhuma
das fontes deve ser invalidada, dizem os pesquisadores, pois ambas, a seu modo,
contribuem para a reconstituição histórica de Israel. "A Bíblia trata de
memória mítica, e nas sociedades antigas o mito era transmitido em escalas de
tempo muito longas (por vezes de vários milhares de anos) e através de
distâncias geográficas imensas, o que gera uma certa descontextualização
histórica da memória", resume o arqueólogo Francisco Marshall, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [01]
Após o Evangelho de Marcos, começaram
a surgir os demais que, alcançando elevado número, foram reduzidos. A escolha
não visou os melhores, o que seria lógico, mas baseou-se tão-somente no
prestigio político dos bispos das regiões onde haviam sido compostos.
Tratemos do cânone em espaço de discussão
para tal fim. Todavia...
O Novo Testamento não possui somente os
Evangelhos. O Evangelho de João destoa, em seu foco, dos outros 3. A escolah se
baseou na coerencia entre os textos existentes (daí tem-se os apócrifos, os
quais não colimavam com aqueles 4).
... os
evangelistas (conhecidos entre nós pelos títulos de Mateus, Marcos, Lucas e
João, que não devem ter sido os autores dos textos) estavam tão preocupados em
relatar o que tinha acontecido com Jesus e os apóstolos 50 anos antes quanto em
tornar esses fatos relevantes para seu público, formado por cristãos nascidos
depois que seu Mestre morrera na cruz. A boa notícia é que a leitura crítica
dessas narrativas é capaz de resgatar grande parte da vida terrena de
Jesus. [04]
A. Laterre patenteou igualmente, em
“Jesus e sua doutrina”, que a lenda composta pelos fundadores do cristianismo,
para ser admitida pelos homens como verdade, fora copiada de fontes mitológicas
muito anteriores ao próprio judaísmo, remontando aos antigos deuses hindus,
persas ou chineses.
Ou seja, como a ideia de que os próprios
judeus forjaram o cristianismo ficou muito ruim, tenta-se, agora, buscar outras
autorias para fornecer alguns sustentáculo a uma opinião contrária a que a
maior parte dos pesquisadores sinaliza.
No século II, quando começou a
aparecer a biografia de Jesus, havia apenas o interesse político e material em
se manter a sua santa personalidade idealizada. Constantino, no século IV,
tendo verificado que suas legiões haviam-se tornado reticentes no cumprimento
de suas ordens contra os cristãos, resolveu mudar de tática e aderir ao
cristianismo. Percebendo que os bispos de Alexandria, Jerusalém, Edessa e Roma
tinham a força necessária para fazer-lhe oposição, sentiu-se na contingência de
ceder politicamente, com o objetivo de conseguir obediência total e unificar o
império. De sorte que sua adesão ou conversão ao cristianismo não se baseou em
uma convicção intima, espiritual, porém, resultou de conveniências políticas.
Embora não crendo na religião cristã,
percebeu que a cruz dar-lhe-ia a força que lhe faltava para tornar-se o
imperador único e obedecido cegamente. Daí a história do sonho que tivera antes
de uma batalha, segundo o qual vira a cruz desenhada no céu e estas palavras
escritas abaixo: “in hoc signo vincis”, com este sinal, vencerás. Não era
cristão verdadeiro, apenas fingia sê-lo para conseguir os seus objetivos.
Ou o imperador se viu forçado a espelhar
o que seus comandados (mesmos os letrados) já haviam aderido. Por fim, ao pedir
o batismo em seu leito de morte, Constantino se mostrou convencido.
O autor considera histórico o sonho de
Constantino mas não considera histórico a existência de Jesus. Para qual a
ciência demonstra mais evidências? Outra ilação interessante é admitir que a
percepção de uma verdade o fará sonhar de como usufruir da mesma. De certo não
se está usando a ciência aqui para tais afirmativas.
Dujardin conta-nos que o cristianismo
só surgiu a partir do ano 30, graças a um rito em que se via a morte e a
ressurreição de Jesus, o qual seria uma divindade pré-cristã. Nesta seita, os
seus adeptos denominavam-se apóstolos, significando missionários, os que
traziam uma mensagem nova. Os apóstolos desse Jesus juravam terem-no visto,
após sua morte, ressuscitar e ascender ao céu. Entretanto, não era este o Jesus
dos cristãos.
Ao que consta entre os historiadores
moderno, Dujardin estava errado.
O Padre Aífred Loisy, diante do
enorme descrédito que o mito do cristianismo vinha sofrendo nos meios cultos de
Paris, resolveu pesquisar-lhe as origens, visando assim desfazer as objeções
apresentadas de modo seguro e bem fundamentado. Buscava a verdade para
mostrá-la aos demais. Entretanto, ao fazer seus estudos, o Padre Loisy
constatou que realmente a crítica havia se baseado em fatos incontestáveis. Por
uma questão de honra, não poderia ocultar o resultado de suas pesquisas,
publicando-o logo em seguida. Sendo tal resultado contrário fundamentalmente
aos cânones da Igreja, foi expulso de sua cátedra de Filosofia, na Universidade
de Paris, e excomungado pelo Papa, em 1908.
Um padre não pode ter estudos com erros?
Não poderíamos apontar aqui um ateu que, tentando provar algo contra a existência
de Jesus e/ou Deus chegou em conclusão contrária e a divulgou? Isso prova algo?
O Pe. Loisy havia concluído que os
documentos nos quais a Igreja firmara-se para organizar sua doutrina provieram
do ritual essênio. Jesus Cristo não tivera vida física. Era apenas o
reaproveitamento da lenda essênia do Crestus, o seu Messias. Verificou-se
também que as Paulinianas, de origem insegura, haviam sido refundidas em vários
pontos fundamentais e por diversas vezes, antes de serem incluídas
definitivamente nos Evangelhos. Do mesmo modo chegou à conclusão de que os
Evangelhos não poderiam servir de base para a história, nem para provar a vida
de Jesus, dada a sua inautenticidade.
Conclusões já demonstradas equivocado sob
ótica dos historiadores modernos.
Por sorte sua, já não mais existia a
Santa Inquisição; do contrário, o sábio Padre Loisy teria sido queimado vivo.
Os documentos relativos ao governo de Pilatos, na Judeia, nada relatam a
respeito de alguém que, se intitulando de Jesus Cristo, o Messias ou o enviado
de Deus, tenha sido preso, condenado e crucificado com assentimento ou mesmo
contra sua vontade, conforme narram os evangelhos. Não tomou conhecimento
jamais de que um homem excepcional praticasse coisas maravilhosas e
sobrenaturais, ressuscitando mortos e curando doentes ao simples toque de suas
mãos, ou com uma palavra, apenas.
Se Pôncio Pilatos, cuja existência é
real e historicamente provável, que estava no centro dos acontecimentos da
época como governador da Judeia, ignorou completamente a existência tumultuada
de Jesus, é que de fato ele não existiu. Alguém que, pelos atos que lhe são
atribuídos, chega mesmo ao cúmulo de ser aclamado “Rei dos Judeus” por uma
multidão exaltada, como ele o foi, não poderia passar despercebido pelo
governador da região.
... diversas fontes não-cristãs concordam com os Evangelhos. Cristo
morreu crucificado a mando de Pôncio Pilatos, que governou a Judéia do ano 26
ao 36. A data mais provável para a execução de Jesus é o ano 30 [04]
O imperador Tibério, inclusive,
jamais soube de tais ocorrências na Judeia. Estranho que ninguém o informasse
de que um povo, que estava sob o seu domínio, aclamava um novo rei. Ilógico. A
ele, Tibério, é que caberia nomear um rei, governador ou procurador.
Duas décadas
depois, o historiador romano Tácito conta a mesma história básica, precisando
que Jesus tinha morrido na época de Pilatos e do imperador Tibério (duas
referências que batem com o Novo Testamento). Esses dados mostram duas coisas:
a historicidade de Jesus e também sua relativa desimportância diante das
autoridades romanas e judaicas, como um profeta marginal num canto remoto e
pobre do Império Romano [04]
Prosper Alfaric, em L’Ecole de la
Raison, assinala as invencíveis dificuldades do cristianismo em conciliar a fé
com a razão. Por isso, a nova crença teve de apoderar-se das lendas e crenças
dos deuses solares, tais como Osíris, Mitra, Ísis, Átis e Hórus, quando da
elaboração de sua doutrina. Expôs, igualmente, que os documentos descobertos em
Coumrã, em 1947, eram o elo que faltava para patentear que Cristo é o Crestus
dos essênios, uma outra seita judia.
E como o apoderamento que antigos mitos
solares fará conciliar fé e razão? Não é o objeto de discussão, mais uma vez
aqui, mas... Os mitos solares, todos, fazem alusão a uma verdade universal (já
que se fala em fé aqui), a qual se manifesta fisicamente (e historicamente) em
Jesus.
O cristianismo nada mais é, então, do
que o sincretismo das diversas seitas judias, misturadas às crenças e religiões
dos deuses solares, por serem as religiões que vinham predominando há séculos.
A palavra “evangelho” em grego significa “boa nova”, já figura na Odisseia de
Homero, Século XII, a.C.. Foi depois encontrada também numa inscrição em
Priene, na Jônia, numa frase comemorativa e de endeusamento de Augusto, no seu
aniversário, significando a “boa nova” no trono. E isto ocorreu muito antes de
idealizarem Jesus Cristo.
Na verdade, todas as religiões buscam (ou
deveriam buscar) conhecer a verdade. Se Jesus é a verdade, então não é de se
estranha que, em maior ou menor grau, elas tangenciem o cristianismo.
A palavra Big e a palavra Bang aparecem
antes da teoria do Big Bang. A palavra Relatividade já aparece antes de da
Teoria da Relatividade. E o que isso prova? Que usaram uma palavra existente
para rotular, referir, todo um ensinamento.
Conforme já mencionamos
anteriormente, no inicio do cristianismo, os evangelhos eram em número de 315,
sendo posteriormente reduzidos para 4, no Concílio de Niceia. Tal número indica
perfeitamente as várias formas de interpretação local das crenças religiosas da
orla mediterrânea acerca da ideia messiânica lançada pelos sacerdotes judeus.
Sem dúvida, este fato deve ter levado Irineu a escrever o seguinte: “Há apenas
4 Evangelhos, nem mais um, nem menos um, e que só pessoas de espírito leviano,
os ignorantes e os insolentes é que andam falseando a verdade”. A verdade da
Igreja, dizemos nós.
Havia,
então, os Evangelhos dos naziazenos, dos judeus, dos egípcios, dos ebionistas,
o de Pedro, o de Barnabé, entre outros, os quais foram queimados, restando
apenas os 4 sorteados e oficializados no Concílio de Niceia. Celso, erudito
romano, contemporâneo de Irineu, entre os anos 170 e 180, disse: “Certos fiéis modificaram o primeiro
texto dos Evangelhos, três, quatro e mais vezes, para poder assim subtrai-los
às refutações”.
Foi necessária uma cuidadosa triagem
de todos eles, visando retirar as divergências mais acentuadas, sendo adotada a
de Hesíquies, de Alexandria; e de Pânfilo, de Cesaréía e a de Luciano, de
Antióquia. Mesmo assim, só na de Luciano existem 3500 passagens redigidas
diferentemente. Disso resulta que, mesmo para os Padres da Igreja, os
Evangelhos não são fonte segura e original.
Os
Evangelhos que trazem a palavra “segundo”, que em grego é “cata”, não vieram
diretamente dos pretensos evangelistas. A discutível origem dos Evangelhos
explica porque os documentos mais antigos não fazem referência à vida terrena
de Jesus. Nos Evangelhos, as contradições são encontradas com muita frequência.
Em Marcos, por exemplo, em 1:1-17: “a linhagem de Jesus vem de Abraão, em 42 gerações”; ao passo que em Lucas 2:23-28 lê-se que proviera diretamente de Adão
e Eva, sendo que de Abraão a Jesus teriam havido 43 gerações.
... os
evangelistas (conhecidos entre nós pelos títulos de Mateus, Marcos, Lucas e
João, que não devem ter sido os autores dos textos) estavam tão preocupados em
relatar o que tinha acontecido com Jesus e os apóstolos 50 anos antes quanto em
tornar esses fatos relevantes para seu público, formado por cristãos nascidos
depois que seu Mestre morrera na cruz. A boa notícia é que a leitura crítica
dessas narrativas é capaz de resgatar grande parte da vida terrena de
Jesus. [04]
Eusébio, comentando o assunto e não
sabendo como dirimir a questão, disse: “Seja lá o que for, só o Evangelho
anuncia a verdade”.(?) Tais divergências, entretanto, parecem indicar que os
Evangelhos não se destinavam inicialmente à posteridade, visando tão-somente a
catequese imediata de povos isolados uns dos outros. Os escritos destinados a
um povo dificilmente seriam conhecidos dos outros.
Idem
O Evangelho de Mateus teria sido
destinado aos judeus, arranjado para agradá-los. Por isso, não fala nos
vaticínios nem no Messias. Por isso ainda é que puseram na boca de Jesus as
palavras seguintes: “Não vim para abolir as leis dos profetas, mas sim para
cumpri-las”. Tudo indica ter sido feito em Alexandria, porquanto, o original em
hebraico jamais existiu. Baur provou, entretanto, que as Epístolas são
anteriores aos Evangelhos e o Apocalipse, o mais antigo de todos, do ano 68.
Todos os escritos do cristianismo desse tempo falam apenas no Logos, o Cordeiro
Pascoal, imolado desde o princípio dos tempos, referindo-se à personalidade
ideal de Jesus Cristo.
Idem
Justino, filósofo e apologista
cristão, escrevendo em torno do ano 150, não emprega a palavra Evangelho nem
uma vez. Isto mostra que ele, ainda nessa época, ignorava-a, não tendo
conhecimento de sua existência. Justino ignorava igualmente as paulinianas, Paulo
e os Atos dos apóstolos, o que prova que foram inventados posteriormente.
Marcião, no ano de 140, trouxe as
Epístolas a Roma, as quais não foram inicialmente consideradas merecedoras de
fé. Sofreu rigorosa triagem, sendo cortada muita coisa que não convinha à
Igreja. Marcião fora contemporâneo de Justino. As Epístolas trazidas por ele
eram endereçadas aos Romanos, aos Gálatas e aos Coríntios. Apresentavam Jesus
como um Deus encarnado. Teria nascido de uma mulher e sofrera o martírio para
resgatar os pecados da humanidade, isto é, dos ocidentais, porque os orientais
não tomaram conhecimento da personalidade de Jesus, seus milagres e sua
pregação e do seu romance religioso.
Idem
Engels constatou que as Epístolas são
60 anos mais novas do que o Apocalipse. E, ainda, os cristãos contrários ao
bispo de Roma rejeitaram-nas durante séculos. Foi o que se deu com os ebionitas
e os severianos, conforme Eusébio escreveu e Justino confirmou. O Apocalipse
fala em um cordeiro com sete cornos e sete olhos, o qual foi imolado desde a
fundação do mundo (13-8). O Apocalipse foi composto apenas em 68, sendo o mais
antigo de todos os escritos cristãos.
Lutero e
Swinglio disseram que o Apocalipse foi incluído nos Evangelhos por engano,
tendo a Igreja de inventar, por isso, a ordem cronológica dos seus livros. Hoje
se pode provar que o Apocalipse surgiu entre os anos 68 e 70; os Evangelhos, no
século II, e os Atos dos Apóstolos são os mais recentes de todos. Eusébio em
sua “História Eclesiástica”, 4-23, diz: “Compus as Epistolas conforme a vontade do irmão: mas os ‘apóstolos do
diabo’ tacharam-nas de inverídicas contando-lhes certas coisas e acrescentando
outras”.
Irineu, ao mesmo tempo, ordenava ao
copista: “Confronta toda cópia com este original utilizado por ti, e corrige-a
cuidadosamente”. Não te esqueças de reproduzir em tua cópia o pedido que te
faço. Essas citações servem para medirmos que tipo de santidade havia entre os
bispos e seus calígrafos, na arte eusebiana de eméritos falsificadores de
documentos importantes.
Com isto,
deram autenticidade a todas as invencionices do cristianismo e legitimaram sua
liderança na posse material do que pertencia aos outros. Irineu ainda registrou
o seguinte: “Ouvi dizer que não acreditam esteja isto nos Evangelhos, se não se
encontrar nos arquivos”. Ao que Eusébio respondera: “É preciso demonstrá-lo”.
Começamos,
no Novo Testamento, com as cartas de São Paulo, escritas entre 20 e 30 anos
após a crucificação do pregador de Nazaré. Cerca de 40 anos depois da morte de
Jesus, surge o Evangelho de Marcos, o mais antigo da Bíblia; antes que o século
1 terminasse, os demais Evangelhos alcançaram a forma que conhecemos hoje. A
distância temporal, em todos esses casos, é mais ou menos a mesma que separava
o historiador Heródoto da época da guerra entre gregos e persas, que aconteceu
entre 490 a.C. e 480 a.C. - e ninguém sai por aí dizendo que Heródoto inventou
Leônidas, o rei casca-grossa de Esparta. [04]
Uma excelente prova da existência de
Jesus seria uma comunicação feita por Pilatos a seu respeito. Entretanto, tal
documento não existe. Justino, instado pelos falsificadores, referiu-se a
Jesus, contudo, dada a sua honradez pessoal, no caso do seu escrito ser
autêntico, fê-lo de modo inseguro e hesitante. Tertuliano, que é mais seguro do
que ele, afirmou que esse valioso documento deverá ser encontrado nos arquivos
imperiais. Contudo, a Igreja apesar de haver se apoderado de Roma a partir do
século IV, não teve a coragem de apresentar essa indispensável joia
documentária, a qual de certo seria refutada pela ciência e pelo conhecimento.
Mesmo assim, a partir do século IV,
essa prova espúria foi produzida; contudo, a Igreja não teve a petulância de
submetê-la à grafotécnica. Daniel Rops, embora fosse um apaixonado cristão,
reconheceu a veracidade dessa falsificação dizendo que: “a que arranjaram era
uma carta enviada a Cláudio, que reinou de 41 a 44, e não a Tibério, sob cujo
governo Pilatos fora Procurador da Judeia”.
Duas décadas
depois, o historiador romano Tácito conta a mesma história básica, precisando
que Jesus tinha morrido na época de Pilatos e do imperador Tibério (duas
referências que batem com o Novo Testamento). Esses dados mostram duas coisas:
a historicidade de Jesus e também sua relativa desimportância diante das
autoridades romanas e judaicas, como um profeta marginal num canto remoto e
pobre do Império Romano [04]
No Apocalipse João, escreveu: “Se
alguém acrescentar alguma coisa nisto, Deus castigará com as penas descritas
neste livro; se alguém cortar qualquer coisa, Deus cortará sua parte na árvore
da vida e na cidade santa descrita neste livro”. Ai está mais uma prova de como
as falsificações eram usuais na fase da Igreja nascente. O mais interessante é
essa gente falar em Deus, como se fosse coisa cuja existência já tivesse sido
provada, não se justificando mais que o conhecimento e a razão estudassem as
bases dessa existência.
Da mesma forma que alguns falam de Deus
como se não existisse. Cada um tem suas convicções, não é mesmo? O problema é
quando se tenta impor convicções como ciência.
Os padres mostravam-se estar de tal
modo familiarizados com Deus e sua vontade que por isso achavam certo e justo
julgar e queimar vivos a todos os que deles discordassem. Entretanto, embora
dessem a impressão de estar em contato com Deus, usavam de processos
criminosos, dos quais todos os ociosos usam para sacar contra o seu meio
social. Assim é que hoje se pode provar que o cristianismo foi construído sobre
um terreno atapetado de mentiras, falsificações e mistificações.
Ao se estudar mais a história,
verifica-se que diversos regimes de governos dominantes usaram de meios
similares. Isso demonstra um traço do caráter humano (ao qual o autor tenta
passar a imagem de que é uma características da igreja). Os erros de pessoas e
do regime no passado não apaga a historicidade dos fatos que o precederam.
O Novo Testamento atualmente
oficializado é cópia de um texto grego do século IV. É exatamente o sinótico
descoberto em 1859, em um convento do Monte Sinai, onde vem informada a origem
grega. Os originais do mesmo estão guardados nos museus do Vaticano e de
Londres. Foram publicados com as devidas corrigendas, feitas por Hesíquios, de
Alexandria.
Um papiro encontrado no Egito, em
1931, apresenta-nos uma ordem cronológica totalmente diferente da oficializada
pela Igreja. Atualmente, as fontes testamentárias aceitáveis são as do século
II em diante, provindas de Justino, Taciano, Atenágoras, Irineu e outros, os
quais são considerados os verdadeiros criadores do cristianismo.
Taciano foi o “bem amado” discípulo
de Justino. Ele, entretanto, omite a genealogia de Jesus, dizendo apenas que
ele descendia de reis judeus, de modo muito vago, divergindo assim da
orientação oficializada. Irineu foi que sistematizou o cristianismo. Foi ele a
fonte em que Eusébio inspirou-se. Por isso é que daí em diante seria
obrigatória a confrontação entre os dois textos. O bispo de Cesareia fora
encarregado pelo todo poderoso bispo de Roma de falsificar tudo quanto
prejudicasse os interesses materiais da Igreja de então. De modo que, por onde
passou a mão de Eusébio, foi tudo conspurcado criminosamente contra a verdade.
Eusébio foi realmente um bispo que
cria apaixonadamente na divindade de Jesus Cristo, contudo, já conhecia o poder
que possuía o bispo de Roma. Graças a Eusébio e outros iguais a ele, tornou-se
uma temeridade descrer-se na verdade oficializada pela Igreja. Após tantas
falsificações, todos ficaram realmente inseguros quanto à verdadeira origem do
cristianismo, tal a tumultuação impressa por Eusébio.
Tertuliano e Clemente de Alexandria
lutaram um pouco para sanar essas fontes, anulando boa parte do que restara das
criminosas unhas de Eusébio. Jacob Buckhardt, examinando essa documentação,
concluiu que o Novo Testamento merece confiança.
Volta e meia ressurge a esperança de que os Evangelhos não serão mais a
principal (ou única) fonte sobre a vida de Jesus. Há quem coloque todas as suas
fichas em achados arqueológicos, como inscrições, túmulos e textos antigos. [04]
Em Coumrã, em 1947, como á vimos, foram
encontrados documentos com escrita em hebraico e não em grego, falando em
Crestus não em Cristo. Ali, Habacuc refere-se à perseguição sofrida por essa
seita judia, assim como a morte de Crestus, igualmente traído por Judas, um
sacerdote dissidente. A Igreja, ao ter conhecimento da existência de tais
documentos, pretendeu informar que Crestus era o Cristo de sua criação,
contudo, verificou-se que eles datavam de pelo menos um século antes do
lançamento do romance do Gólgota. Além disso, continham revelações contrárias
aos interesses da Igreja. Eles relatam as lutas de morte em que viviam as
diversas seitas do judaísmo.
Sim, os judeus esperavam o messias e, no
período, houveram vários candidatos, cada um angariando seguidores diversos.
Fora algum
tremendo golpe de sorte, o máximo que a arqueologia pode fazer é iluminar a
vida cotidiana no tempo de Jesus (indicando em que tipo de casa ele vivia ou
que modelo de taça ele teria usado para beber vinho com seus discípulos) ou
como era a religião judaica naquela época. Esse provavelmente é o caso de um
misterioso texto do século 1 a.C., pintado numa pedra e analisado por Israel
Knohl, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Em julho passado, Knohl
apresentou sua interpretação do texto (o qual não está inteiramente legível e,
por isso, tem de ser reconstruído hipoteticamente): ele mencionaria a morte e
ressurreição de um Messias décadas antes do nascimento de Jesus. Ainda que a
interpretação esteja correta, é difícil ver como ela mudaria nossa compreensão
sobre as origens do cristianismo. Afinal, um dos grandes argumentos dos
seguidores de Jesus é justamente que seu retorno dos mortos já tinha sido
previsto nas profecias judaicas. [04]
A Didaquê não pôde entrar nos
Evangelhos, devendo silenciar completamente a respeito da pretensa passagem de
Jesus pela terra. De qualquer forma, a lenda que existia em torno no nome de
Crestus foi aproveitada na época porque, sendo uma seita comunista, suas
pregações iriam servir para atrair ao cristianismo a atenção dos escravos, em luta
contra os seus senhores, a eterna luta do pobre contra o rico.
Escavações feitas em Jerusalém
desenterraram velhos cemitérios, onde foram encontradas muitas cruzes do século
I e mesmo anteriores. Todavia, apesar de já ser usada nessa época, só a partir
do século IV é que a Igreja iria oficializá-la como seu emblema. Levantamentos
arqueológicos posteriores provariam que a cruz já era um piedoso emblema usado
desde há milênios.
Orígenes, polemizando contra Celso,
um dos mais cultos escritores romanos de seu tempo, e que mais combateram as
bases falsas da Igreja e de Jesus Cristo, acusa Flávio Josefo por não haver
admitido a existência de Jesus. Flávio não poderia referir-se a Jesus nem ao
cristianismo porque ambos foram arranjados depois de sua morte. Assim, os
livros de Flávio que falam de Jesus foram compostos, ou melhor, falsificados
muito tempo após sua morte, no decorrer do século III, conforme as conclusões
alcançadas pelos mestres da Escola de Tubingen.
Outra fonte
crucial é Flávio Josefo, autor de "Antiguidades Judaicas", também do
século 1. O texto sofreu interferências de copistas cristãos, mas é possível
determinar sua forma original, bastante neutra: Jesus seria um
"mestre", responsável por "feitos extraordinários",
crucificado a mando de Pilatos, cujos seguidores ainda existiam, apesar disso. [04]
Sêneca, que foi preceptor de Nero,
suicidando-se para não ser assassinado por ele, já pensava mais ou menos como
os cristãos. Do que se conclui que as ideias de que se serviu o cristianismo para
se fundamentar são emprestadas das lendas que giravam em torno de outros
Cristos Messias, assim como de outros cultos. Nada tendo, portanto, de
original. Sêneca acreditava em um Deus único e imaterializável.
Sêneca tem direito a crer no que
preferir.
Essa, aliás, é
uma das pedras fundamentais da fé de quase todas as igrejas cristãs: Jesus é
verdadeiro Deus, mas também é verdadeiro homem. [04]
Por tudo isso, vemos que os líderes
do cristianismo nada mais fizeram do que se apropriar das ideias já existentes.
Apenas tiveram o cuidado de promover as modificações necessárias, com vistas a
melhor consecução dos seus objetivos materiais. Sêneca, embora não fazendo em
seus escritos qualquer alusão à existência de Jesus Cristo, teve muitos de seus
escritos aproveitados pelo cristianismo nascente.
Já respondido.
Em Tácito, escritor do século II,
encontram-se referências a respeito de Jesus e seus adeptos. Contudo, exames
grafotécnicos demonstraram que tais referências são falsas, e resultam de
visível adulteração dos seus escritos. Suetônio, que existiu quando Jesus teria
vivido, escreveu a “História dos Doze Césares”, relatando os fatos de seu
tempo. Referindo-se aos judeus e sua religião, apenas falou em “distúrbios de
judeus exaltados em torno de Crestus”. Por aí se vê que ele não se referia aos
cristãos, porquanto, eles sempre se mostraram humildes e obedientes à ordem
constituída, evidentemente a fim de passar, tanto quanto possível,
despercebidos. Desse modo, iriam solapando o poder imperial, manhosamente, como
realmente aconteceu.
Interessante ver como os
historiadores divergem dessa concepção. Vejamos mais uma vez.
Outra fonte
crucial é Flávio Josefo, autor de "Antiguidades Judaicas", também do
século 1. O texto sofreu interferências de copistas cristãos, mas é possível
determinar sua forma original, bastante neutra: Jesus seria um
"mestre", responsável por "feitos extraordinários",
crucificado a mando de Pilatos, cujos seguidores ainda existiam, apesar disso.
Duas décadas depois, o historiador romano Tácito conta a mesma história básica,
precisando que Jesus tinha morrido na época de Pilatos e do imperador Tibério
(duas referências que batem com o Novo Testamento). Esses dados mostram duas
coisas: a historicidade de Jesus e também sua relativa desimportância diante
das autoridades romanas e judaicas, como um profeta marginal num canto remoto e
pobre do Império Romano [04]
Talvez a falta de intimidade com
metodologia de pesquisa em história leve a alguns a confundir interpolações com
inexistência.
Suetônio escreveu ainda que haviam
supliciado alguns cristãos que eram gente que se dedicava demasiado a tolas
superstições, orientadas por uma ideia malfazeja. Disse mais que Nero tivera de
mandar expulsar os judeus de Roma, porque eles estavam sempre se sublevando,
instigados por Crestus. Os cristãos estavam sempre organizados de modo a atrair
aos escravos, sem, contudo, desagradar às autoridades. Assim sendo, jamais
provocariam tumultos. Os cristãos aos quais Suetônio refere-se poderiam ser os
zilotas, os essênios ou os terapeutas, mas nunca os cristãos de Jesus Cristo,
porquanto, conforme já dissemos acima, os cristãos eram ensinados a não
provocar desordens.
Plínio, o Jovem, viveu entre os anos
62 e 113, tendo sido subpretor da Bitínia. Na carta enviada ao imperador,
perguntava como agir em relação aos cristãos, ao que Trajano teria respondido
que agisse apenas contra os que não renegassem à nova fé. Entretanto, não ficou
evidenciado a quais cristãos, exatamente, eram feitas as referências: se aos
crestãos ou aos cristãos. De qualquer forma, a carta em questão, após ser
submetida a exames grafotécnicos e métodos rádio-carbônicos, revelou haver sido
falsificada.
Caio Plínio Cecílio
Segundo (61 d.C.-112 d.C.) foi governador do Ponto e da Bitínia (regiões que
ficam na atual Turquia) no começo do século 2º d.C. Sua correspondência com o
imperador Trajano é um dos mais antigos indícios fora da Bíblia de perseguições
romanas — esporádicas — aos cristãos. Ao relatar ao imperador os estranhos
costumes (do ponto de vista romano) da seita cristã, ele menciona, entre outras
coisas: “Eles [os cristãos] costumavam se reunir num dia marcado antes da
aurora e cantar um hino a Cristo, como se ele [Cristo] fosse um deus” — o que
dá a entender que o tal Cristo não era um deus, segundo
Plínio.
Só de passagem, é
interessante notar que, como governador, o que Plínio condenava nos cristãos
era sua “obstinatio” ou “pertinacia” — basicamente, sua teimosia em não aceitar
os costumes romanos, como os sacrifícios aos deuses do Estado romano. Isso,
para ele, já era razão suficiente, caso a pessoa se recusasse por três vezes a
renunciar à seita, para determinar uma execução. [05]
Justiniano, Imperador romano, mandou
queimar os escritos de Porfírio, através de um edito, em 448, alegando que:
“impelido pela loucura, escrevera contra a santa fé cristã”.
Vespasiano, ao morrer, disse: “Que
desgraça! Acreditei que me havia tornado um deus imortal!”. Suas palavras
justificam-se pela credulidade supersticiosa. Partindo do preceito ensinado
pelos judeus, aliás, um falso preceito, de que Cristo havia subido ao céu com
corpo e alma, não seria de estranhar que os imperadores pretendessem tornar-se
deuses, a fim de escapar ao inapelável destino dos que nascem: a morte.
É por bem que o autor leia e verifique
que judeus ensinam praticas que diferem do que cristãos ensinam. Os judeus não
ensinam que Jesus subiu aos céus, isso quem ensina são cristãos. A doutrina
cristã não coaduna com conjectura de que algum imperador vá se tornar deus.
Essa liberdade de entendimento parece ser coisa de poucos, como Vespasiano
(supostamente) e do autor do texto em foco.
Calígula, por isso, fizera-se coroar
como Deus-Sol, o Sol Invictus, o Helius. Nessa época o Império romano, embora
em declínio, ainda dominava uma porção de províncias afastadas de Roma. O homem
espoliado pela força bruta, unificada em torno das regiões, sentindo não ser
possível contar com a justiça humana, passa a esperar pela justiça dos deuses.
Mas, mesmo assim, teriam de apelar para os deuses dos pobres e não dos ricos,
privilegiados e poderosos.
Conta a lenda que Osíris, o deus
solar dos egípcios, foi morto por seu irmão Seth, o qual dividiu o corpo em 14
pedaços e os espalhou pelo mundo afora. Ísis, sua esposa e irmã, saiu em busca
dos pedaços, levando seu filho Hórus ao colo. Todos os anos o povo fazia a
festa de Ísis, relembrando o acontecimento. Havendo conseguido juntar todas a
partes do corpo, Osíris ressuscitou, passando a ser incensado como o deus da
morte e da sombra. Fora uma ressurreição conseguida pelo amor da esposa. Ísis
separou a terra do céu, traçou a órbita dos astros, criou a navegação e
destruiu todos os tiranos. Comandava os rios, as vagas e os ventos. Seu culto
assemelhava-se muito ao de Astartê, de Adônis e de Átis, religiões muito
aparentadas entre si, dominando toda a orla do Mediterrâneo. Seu culto era uma
reminiscência do culto de Tamus, um deus babilônio, cuja doutrina ensinava que os
deuses nasciam e renasciam, ressuscitando-se.
O judaísmo e, mais tarde, o
cristianismo, beberam dessas fontes grande parte da sua liturgia. No
cristianismo, encontramos Ísis representada pela Virgem Maria e Hórus
transformado em Jesus Cristo. Maria e Jesus, fugindo de Herodes e indo para o
Egito, é a mesma lenda de Ísis e Hórus, fugindo de Seth.
Já comentada a relação do cristianismo
com antigos cultos a deuses solares (embora não faça parte do escopo do estudo
aqui proposto).
O Deus-Homem que morria e ressuscitava
já era uma velha “crença religiosa” naqueles tempos. O cristianismo apenas deu
novos nomes e novas roupagens aos deuses de velhas crenças. A revelação de Deus
aos homens é outra lenda cuja origem perde-se na noite dos tempos. Muitos
séculos antes do surgimento do judaísmo, Zoroastro ou Zaratrusta havia criado
uma religião, segundo a qual havia uma eterna luta entre o bem e o mal. Aura
Mazzda ou Ormuzd, o deus do fogo e da luz, representava o bem em luta contra
Angra Maniú ou Iarina, o deus das trevas. Nessa luta, Ormuzd foi auxiliado por
seu filho Mitra, o espírito do bem e da justiça, mediador entre Ormuzd e os
homens. Ormuzd mandou seu filho à terra, o qual nasceu de uma virgem pura e
bela, que o concebeu através de um raio de sol. Morreu e ressuscitou em
seguida.
Tem uma diferença fundamental entre o
cristianismo e os cultos solares ressurretos elencado pelo autor: Jesus tem
rastreabilidade histórica. Não se pode dizer o mesmo dos demais.
Essa religião foi levada para Sicília
pelos marinheiros persas, nos últimos séculos da era passada.
Inventando o cristianismo, os judeus
nada mais fizeram do que sincretizar o judaísmo ortodoxo com a religião de
Mitra, sem esquecer de Osíris e Átis, cujas religiões eram também muito aceitas
em Roma e Alexandria. Vestígios do mitraísmo foram encontrados em escavações
recentes, feitas em Óstia, os quais datam do século I. O
mitraísmo era praticado em catacumbas, em grutas e em subterrâneos. O
cristianismo copiou-lhe a prática. Daí porque
disseram ter Jesus nascido em uma gruta e, nos primeiros tempos, o cristianismo
foi praticado em catacumbas.
Já refutado.
Assim sendo, os cristãos foram para
as catacumbas, não fugindo das autoridades imperiais, mas tão-somente para
observar o ritual mitraico. Os mitraicos também davam seus banquetes
subterrâneos, eram os banquetes pessoais, comuns nos ritos solares e no
judaísmo. Em ambos, havia o rito do pão e do vinho.
Mitraismo foi um culto da elite romana.
Com o tempo, foi substituído pelo cristianismo nessa fatia social.
Mitra, o Sol Invictos, era festejado
em dezembro, como Jesus. Outras aproximações entre o culto de Mitra e o de
Jesus, no cristianismo: o uso da cruz do Sol Radiante, a cruz do Sol Invictus a
qual expandia raios; o uso da pia batismal com a água benta, as refeições
comunais, a destinação do domingo para o descanso em homenagem ao Senhor; a
águia e o touro do ritual mitraico foram tomados para símbolos dos evangelistas
Marcos e Lucas. Antigos quadros e painéis trazem a figura dos evangelistas com
a cabeça desses animais.
Já comentada a relação do cristianismo
com antigos cultos a deuses solares (embora não faça parte do escopo do estudo
aqui proposto).
Do judaísmo, copiaram a crença da
imortalidade da alma, a vida no além, o Inferno, o diabo, a ressurreição, o dia
do juízo; práticas e crenças igualmente existentes no mitraísmo. Graças a esses
espertos arranjos, durante muito tempo, o crente frequentou indiferentemente o
templo cristão, de Mitra ou de Ísis, crendo estar na Igreja antiga, onde iam
consultar o oráculo.
Sim, o cristianismo guarda muitos
conceitos do judaísmo: Jesus e os apóstolos eram judeus.
Por isso, Teofilo, em Alexandria,
mandou construir um templo cristão ao lado de um templo de Ísis, onde se
anunciava o oráculo quando as profecias vinham de uma revelação astral,
mediante a camuflagem das vozes de antigos bispos ali enterrados. Uma das
coisas que favoreceram o cristianismo foi a abolição do sacrifício sangrento.
Muitos correram a abraçar a nova crença para escapar da morte em um desses atos
propiciatórios.
Spinoza e Hobbes, no século XVIII,
mostraram que o Pentateuco foi composto no século II a.C. graças ao que o
sacerdote judeu havia aprendido no cativeiro babilônio, fato que aconteceu no
século IV a.C. Em seguida, mostraram uma série de contradições quanto à
cronologia. Em uma das fontes, apresentam Adão e Eva como tendo sido criados ao
mesmo tempo, enquanto em outra informam que ela havia sido feita de uma costela
de Adão. Em uma, o homem aparece antes dos outros animais, na outra os animais
surgem primeiro.
Levantamentos arqueológicos do começo
do século XX, levados a efeito nos subsolos da Babilônia, provaram que o
Deuteronômio resultou, em grande parte, do que os sacerdotes judeus haviam
copiado da legislação religiosa, civil e criminal de Hamurabi, a qual por sua
vez resultara do que se sabia da civilização acádia, e que naqueles tempos já
era vetusta. Isaías, ao profetizar acerca de diversos reis de várias épocas,
mostra que seu nome foi inventado séculos depois dos fatos haverem ocorrido. Um
desses reis foi Dano, rei persa que governou em 538 a.C., quando libertou os
judeus do cativeiro.
O autor parece desconhecer que todos
esses bebem na fonte sumeriana.
Herodes morreu no ano IV a.C., foi
responsabilizado pela matança dos inocentes, para compor o controvertido
romance da fuga para o Egito. Tudo o que até agora temos relatado constitui
provas evidentes de que a Bíblia não tem a antiguidade nem a veracidade que lhe
pretendem imprimir. Os zilotas que seguiam a linha comunista dos essênios
combatiam tanto os judeus ricos como a ocupação romana. Os essênios, ao
professar, faziam votos de pobreza, quando juravam nada contar da seita para os
estranhos e nada ocultar dos companheiros. Era um dos ramos do judaísmo em que
não mais se oferecia sacrifício sangrento, o que foi copiado pelo cristianismo.
Vou permanecer focado no escopo
original proposto (historicidade de Jesus), mas...
Mas há
controvérsias mesmo em relação à verossimilhança das narrativas, no que diz
respeito aos costumes da época em que a Bíblia situa a história dos patriarcas.
Segundo alguns pesquisadores, os relatos refletiriam a realidade da região do
antigo Oriente no período em que os textos foram compilados, por volta de 700
a.C., não no período a que se refere a Bíblia. [01]
Lembro que compilar não significa compor.
Os Evangelhos foram compostos para
enquadrar Jesus no que está previsto no versículo 17 do salmo 22. De modo que
Jesus não passou de um ator arranjado para representar o drama do Gólgota.
Cumpriu as Escritas como ator e não como sujeito de uma vida real. Reimarus,
filósofo alemão que morreu em 1768, estudou a fundo a história de Jesus. Chegou
a conclusões irrefutáveis, que assombraram a Igreja muito mais do que Copérnico
ou Darwin. Disse que, se Jesus tivesse mesmo existido, seria, quando muito, um
político ambicioso que fracassara completamente em suas conspirações contra o
governo.
Os estudiosos do século XXI chegaram a
conclusões diferentes. É interessante com a ciência evolui.
Emmanuel Kant foi o primeiro filósofo
que conseguiu racional e inteligentemente expulsar Jesus da história humana,
através de uma impressionante e profunda exegese do herói do cristianismo.
Volney, em “As Rumas de Palmira”, após regressar de uma longa viagem de
pesquisas sobre Antiguidade clássica pelo Oriente Médio, elaborou o trabalho
acima referido, no qual nega a existência física de Jesus Cristo.
Arthur Drews igualmente viveu muitos
anos na Palestina dedicando-se ao estudo de sua história antiga; concluiu que
Jesus Cristo jamais foi um acontecimento palestino. Examinou todos os lugares
pelos quais os evangelistas pretenderam tivesse Jesus passado. Constatou,
então, que o cristianismo foi totalmente estruturado em mitos; entretanto,
organizado de modo a assumir o aspecto de verdade incontestável, a ser imposta
pela Igreja. Todavia, para sorte nossa, homens estudiosos e inteligentes
contestam as falsas verdades elaboradas pelo cristianismo, com argumentos
irretorquíveis.
Se Kant tivesse expulsado " Jesus da
história humana", não haveria uma maioria de pesquisadores modernos e o
contradizer. A negação de A, B ou C por meio de seus estudos em relação a
existência de Jesus não implica, felizmente, que estivesse corretos, segundo
foi esclarecido nos contrapontos expostos.
Dupuis disse que, aqueles que fizeram
de Jesus um homem, conseguiram enganar tanto quanto os que o transformaram em
um deus. Em suas observações, deixa patente que o romance de Jesus nada mais é
do que a repetição das velhas lendas dos deuses solares. Vejamos suas palavras:
“Quando tivermos feito ver que a pretensa história de um deus que nasceu de uma
virgem, no solstício do inverno, depois de haver descido aos infernos, de um
deus que arrasta consigo um cortejo de doze apóstolos, — os doze signos solares
— cujo chefe tem todos os atributos de Jano, um deus vencedor do deus das
trevas, que faz transitar o homem império da luz e que repara os males da
natureza, não passa de uma fábula solar… ser-lhe-á pouco menos indiferente
examinar se houve algum príncipe chamado Hércules, visto haver-se provado que o
ser consagrado por um culto, sob o nome de Jesus Cristo, é o Sol, e que o
maravilhoso da lenda ou do poema tem por objeto este astro, então parecerá que
os cristãos tem a mesma religião que os índios do Peru, a quem os primeiros
fizeram degolar”.
A figura de
Jesus pode até ter "atraído" elementos de mitos antigos para sua
história, mas temos uma quantidade razoável de informações historicamente
confiáveis, englobando pistas de fontes cristãs, judaicas e pagãs. [04]
Albert Kalthoft diz que Jesus
personifica o movimento sócio-econômico que no século I sublevava o escravo, o
pobre e o proletário. O seu messianismo foi espertamente aproveitado pelos
líderes dos judeus da diáspora, aqueles que exploravam a desgraça do judeu
pobre em benefício próprio. Acrescenta que a divergência que existe entre os
quatro evangelistas resulta das várias tendências daquele movimento social
revolucionário nascido em Roma, do qual a versão palestina é apenas o reflexo.
A história ensina ao contrário, inclusive
o afrontamento da classe judia dominante foi o maior motivo da crucificação.
Jesus se
confronta com os romanos, com a elite religiosa judaica (Sinédrio) e com o
poder civil da Palestina (Herodes). [01]
Salonmon Reinach, em “Orheus”,
salienta o completo silêncio dos autores contemporâneos de Jesus Cristo acerca
de sua pretensa existência. Tal silêncio verifica-se tanto entre os escritores
judeus como entre os não judeus. Examina em profundidade as “Acta Pilati” e constata
que os acontecimentos que o cristianismo situou em seu governo não foram do que
ressuscitou no equinócio da primavera, de seu conhecimento, e assim sendo
Pilatos jamais soube qualquer coisa a respeito de Jesus Cristo.
Começamos, no Novo Testamento, com as cartas de São Paulo,
escritas entre 20 e 30 anos após a crucificação do pregador de Nazaré. Cerca de
40 anos depois da morte de Jesus, surge o Evangelho de Marcos, o mais antigo da
Bíblia; antes que o século 1 terminasse, os demais Evangelhos alcançaram a
forma que conhecemos hoje. A distância temporal, em todos esses casos, é mais
ou menos a mesma que separava o historiador Heródoto da época da guerra entre
gregos e persas, que aconteceu entre 490 a.C. e 480 a.C. - e ninguém sai por aí
dizendo que Heródoto inventou Leônidas, o rei casca-grossa de Esparta.
Outra fonte crucial é Flávio Josefo, autor de "Antiguidades
Judaicas", também do século 1. O texto sofreu interferências de copistas
cristãos, mas é possível determinar sua forma original, bastante neutra: Jesus
seria um "mestre", responsável por "feitos
extraordinários", crucificado a mando de Pilatos, cujos seguidores ainda
existiam, apesar disso. Duas décadas depois, o historiador romano Tácito conta
a mesma história básica, precisando que Jesus tinha morrido na época de Pilatos
e do imperador Tibério (duas referências que batem com o Novo Testamento).
Esses dados mostram duas coisas: a historicidade de Jesus e também sua relativa
desimportância diante das autoridades romanas e judaicas, como um profeta
marginal num canto remoto e pobre do Império Romano [04]
Pierre Louis Couchoud afirma que a
existência real de Jesus é indemonstrável, do ponto de vista histórico. E
acrescenta que as referências feitas por Flávio Josefo a Jesus não passam de
falsificação de textos, sobejamente provada hoje pelos peritos da crítica
histórica. Os maiores movimentos históricos tiveram como origem os mitos, cujo
papel social é dar forma aos anseios inconscientes do povo. Compara, inclusive,
a lenda de Jesus com a de Guilherme Tell, na Suíça. Todos sabem tratar-se de
uma lenda nacional, todavia, Guilherme Tell é ali reverenciado como herói
verdadeiro e real. Seu nome promove a união política dos cantões, embora falem
línguas diferentes.
A arrepio dos modernos pesquisadores.
É possível que o mesmo aconteça em
relação a Jesus e o cristianismo. Estando em jogo interesses de ordem social,
política e, sobretudo, econômica, os líderes cristãos preferem deixar o mito de
pé, pois enquanto houver cristãos, sua profissão estará garantida e os lucros
continuarão sendo por eles auferidos.
O que se faz necessário é que o povo
seja esclarecido acerca dos assuntos de crenças e religiões nos termos da
verdade, da razão e da lógica, a fim de que, se libertando dos velhos
preconceitos e tabus, possa enfim ver o mundo e as coisas em sua realidade
objetiva.
Isso, então o consenso dos historiadores
apontam para a existência de Jesus.
E não ignoramos qual a realidade
objetiva que predomina no cristianismo: é a exploração dos menos aquinhoados
intelectual e economicamente. Quem mais contribui para as campanhas da Igreja
são aqueles que menos possuem, cuja mente encontra-se obstruída pelas ideias e
crenças religiosas. Sua pobreza material alia-se à pobreza intelectual.
Passou a visão dele contra a Igreja,
abandonando a pauta para difundir convicções pessoais.
Uma boa dose de conhecimentos
científicos é certamente a melhor maneira de remover os obstáculos à libertação
do homem, criados pelos lideres religiosos, em suas pregações. Entretanto,
sabemos que nem sempre é possível a aquisição de tais conhecimentos. Muitos são
os fatores que se interpõem entre o homem pobre, o operário, o trabalhador, e a
cultura. Um desses fatores, por sinal, muito ponderável, é o econômico-financeiro.
Como fazer para ir à escola, comprar livros, etc, se tem que trabalhar duro
pela vida, e o que ganha mal dá para sobreviver?
Isso, então o consenso dos historiadores
apontam para a existência de Jesus.
Bem poucos são os que conseguem
reunir os conhecimentos necessários que lhe permitam enxergar mais longe e
romper as invisíveis cadeias que os prendem aos dogmas e preconceitos
ultrapassados pela razão e pela ciência.
O mais cômodo para aqueles deserdados
será esperar a recompensa das agruras da vida no céu, após a morte. Afinal de
contas, os padres e os pastores estão aí para isto: vender Deus e o céu a
grosso e no varejo.
Tobias Barreto escreveu estes
inolvidáveis versos:
“Se é sempre o mesmo engodo;
Se o homem chora e continua escravo;
De que foi que Jesus salvar-nos veio?”
Se o homem chora e continua escravo;
De que foi que Jesus salvar-nos veio?”
Poderá alguém responder a tal
interrogação satisfatoriamente? Provavelmente não.
Estudando a Teologia, isso fica claro.
Mas, sinteticamente, lei Hebreus 10:19-21.
É possível
que, movido pela mesma razão, Proudhon tenha escrito: “Os que me falam em religião querem o
meu dinheiro ou a minha liberdade”. Desta
forma, em poucas palavras, ficou bem claro o sentido e o objetivo da religião:
subtrair ao indivíduo a sua liberdade de pensamento e de ação, e, com ela, o
seu dinheiro.
É uma pena que
Proudhon só tenha tido contato com a banda podre (que existe em toda grade
organização humana), ou que estivesse fechado em suas convicções pessoais.
III
As
Falsificações
Vimos, assim, que os únicos autores que poderiam ter escrito a respeito
de Jesus Cristo, e como tal foram apresentados pela Igreja, foram Flávio
Josefo, Tácito Suetonio e Plínio. Invocando o testamento de tais escritores,
pretendeu a Igreja provar que Jesus Cristo teve existência física, e incutir
como verdade na mente dos povos todo o romance que gira em torno da
personalidade fictícia de Jesus.
Meia verdade, como visto.
Contudo, a ciência histórica, através
de métodos modernos de pesquisa, demonstra hoje que os autores em questão foram
falsificados em seus escritos. Estão evidenciadas súbitas mudanças de assunto
para intercalações feitas posteriormente por terceiros. Após a prática da
fraude, o regresso ao assunto originalmente abordado pelo autor.
Tomemos, primeiramente, Flávio Josefo
como exemplo. Ele escreveu a história dos acontecimentos judeus na época em que
pretensamente Jesus teria existido. Os falsificadores aproveitaram-se então de
seus escritos e acrescentaram: “Naquele tempo nasceu Jesus, homem sábio, se é
que se pode chamar homem, realizando coisas admiráveis e ensinando a todos os
que quisessem inspirar-se na verdade. Não foi só seguido por muitos hebreus,
como por alguns gregos. Era o Cristo. Sendo acusado por nossos chefes do nosso
país ante Pilatos, este o fez sacrificar. Seus seguidores não o abandonaram nem
mesmo após sua morte. Vivo e ressuscitado, reapareceu ao terceiro dia após sua
morte, como o haviam predito os santos profetas, quando realiza outras mil
coisas milagrosas. A sociedade cristã, que ainda hoje subsiste, tomou dele o
nome que usa”.
Depois deste trecho, passa a expor um
assunto bem diferente no qual refere-se a castigos militares infligidos ao
populacho de Jerusalém. Mais adiante, fala de alguém que conseguira seus
intentos junto a uma certa dama fazendo-se passar como sendo a humanização do
deus Anubis, graças aos ardis dos sacerdotes de Ísis. As palavras a Flávio
atribuídas são as de um apaixonado cristão. Flávio jamais escreveria tais
palavras, porquanto, além de ser um judeu convicto, era um homem culto e dotado
de uma inteligência excepcional.
O próprio Padre Gillet reconheceu em
seus escritos ter havido falsificações nos textos de Flávio, afirmando ser
inacreditável que ele seja o autor das citações que lhe foram imputadas. Além
disso, as polêmicas de Justino, Tertuliano, Orígenes e Cipriano contra os
judeus e os pagãos demonstram que Flávio não escreveu nem uma só palavra a
respeito de Jesus. Estranhando o seu silêncio, classificaram-no de partidário e
faccioso. No entanto, um escritor com o seu mérito escreveria livros inteiros
acerca de Jesus, e não apenas um trecho. Bastaria, para isto, que o fato
realmente tivesse acontecido. Seu silêncio, no caso, é mais eloquente do que as
próprias palavras.
Exibindo os escritos de Flávio, Fócio
afirmava que nenhum judeu contemporâneo de Jesus ocupara-se dele. A luta de
Fócio, que viveu entre os anos de 820 a 895, e foi patriarca de Constantinopla,
teve ensejo justamente por achar desnecessário a Igreja lançar mãos de meios
escusos para provar a existência de Jesus. Disse que bastaria um exemplar
autêntico não adulterado pela Igreja e fora do seu alcance para por em
evidência as fraudes praticadas com o objetivo de dominar de qualquer forma.
Embora crendo em Jesus Cristo, combateu vivamente os meios sub-reptícios
empregados pelos Papas, razão porque foi destituído do patriarcado bizantino e
excomungado. De suas 280 obras, apenas restou o “Myriobiblion”, tendo o resto
sido consumido, provavelmente por ordem do Papa.
Agora é que o bicho pega, mui gentil leitor. O que você diria desta
passagem de Josefo, anterior, no texto, à que vimos agora há pouco? Pra ajudar,
vou destacar em negrito as coisas mais estranhas.
“Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio — se na verdade se
pode chamá-lo de homem. Pois ele foi o autor de feitos surpreendentes, um
mestre de pessoas que recebem a verdade com prazer. E ele ganhou seguidores
tanto entre muito judeus quanto entre muitos de origem grega. Ele era o Cristo.
E quando Pilatos, por causa de uma acusação feita por nossos homens mais
proeminentes, condenou-o à cruz, aqueles que o haviam amado antes não deixaram
de amá-lo. Pois ele lhes apareceu no terceiro dia, novamente vivo,
exatamente como os profetas divinos haviam falado deste e de incontáveis outros
fatos assombrosos sobre ele. E até hoje a tribo dos cristãos, que deve esse
nome a ele, não desapareceu.”
Oooops. É indiscutível que tem alguma coisa errada com esse trecho, ao
menos da maneira como o lemos acima. Josefo não era cristão e, como vimos na
primeira passagem, no máximo diz que Jesus era o “chamado” Cristo. Está claro
que copistas cristãos andaram fazendo das suas com o texto do historiador
judeu. A questão, porém, é saber se eles inventaram a passagem do zero ou se modificaram
uma passagem que já existia.
Bem, de novo, a esmagadora maioria dos historiadores coloca suas fichas
na probabilidade de que o texto original de Josefo continha, sim, uma passagem
sobre Jesus, que foi adulterada — algo porcamente — por copistas cristãos. A
questão é saber como reconstruir a passagem original. Qualquer exercício desse
tipo é hipotético, mas veja, de qualquer modo, como ficaria o texto sem os
negritos acima, na reconstrução de John P. Meier:
“Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio. Pois ele foi o
autor de feitos surpreendentes, um mestre de pessoas que recebem a verdade com
prazer. E ele ganhou seguidores tanto entre muito judeus quanto entre muitos de
origem grega. E quando Pilatos, por causa de uma acusação feita por nossos
homens mais proeminentes, condenou-o à cruz, aqueles que o haviam amado antes
não deixaram de amá-lo. E até hoje a tribo dos cristãos, que deve esse
nome a ele, não desapareceu.”
Pode parecer que eu tirei um coelho da cartola com esse parágrafo
“pós-cirurgia plástica”, mas há boas razões para acreditar que uma coisa desse
tipo era a versão original de Josefo. Primeiro, veja como o texto flui muito
melhor sem as partes em negrito. O que o(s) copista(s) cristão(s) fizeram foi
adicionar apartes que interrompem o raciocínio do texto e que, além de não
casar com a teologia judaica de Josefo, truncam totalmente os parágrafos.
Além disso, um dos grandes aliados das pessoas que estudam textos
antigos hoje em dia é o mapeamento computacional do vocabulário e da sintaxe
dos autores antigos. O computador simplesmente conta pra você quantas
vezes fulano utiliza a palavra tal ou a conjugação tal do verbo em grego. Ora,
ocorre que as passagens em negrito, do ponto de vista comparativo, têm muito
mais pontos em comum com o vocabulário do Novo Testamento (não diga!) do que
com o vocabulário de Josefo. Por outro lado, sem os “enxertos”, a segunda
versão do texto que eu coloquei aqui bate de forma muito mais confortável com o
resto da obra de Josefo. As coisas parecem começar a fazer mais sentido.
Alguns outros detalhes importantes: se a ideia é defender que a passagem
inteirinha foi forjada, é difícil explicar porque um copista cristão se daria
ao trabalho de falar das previsões dos profetas e da ressurreição no terceiro
dia, mas esqueceria um detalhe óbvio: Jesus, em todos os Evangelhos, só prega
para judeus. Essa coisa de “ganhou seguidores tanto entre muito judeus quanto
entre muitos de origem grega” não faz sentido — a não ser quando consideramos
que Josefo está escrevendo num momento em que já há muitos cristãos não judeus
e está simplesmente “retrojetando” essa situação para a época da vida de Jesus.
Ademais, por que cargas d’água um cristão iria chamar a si e aos seus de
“tribo” (“phylon”), um termo que em grego tem uma conotação clara de
ascendência racial comum? E por que não explicaria a razão para a condenação de
Jesus por Pilatos, abundantemente explorada nos Evangelhos (a de se proclamar
Messias/Cristo)?[05]
Tácito escreveu: “Nero, sem armar
grande ruído, submeteu a processos e a penas extraordinárias aos que o vulgo
chamava de cristãos, por causa do ódio que sentiam por suas atrapalhadas. O
autor fora Cristo, a quem, no reinado de Tibério, Pôncio Pilatos supliciara.
Apenas reprimida essa perniciosa superstição, fez novamente das suas, não só na
Judeia, de onde proviera todo o mal, senão na própria Roma, para onde de
confluíram de todos os pontos os sectários, fazendo coisas as mais audazes e
vergonhosas. Pela confissão dos presos e pelo juízo popular, viu-se tratar-se de
incendiários professando um ódio mortal ao Gênero humano”.
Conhecendo muito bem o grego e o
latim, Tácito não confundiria referências feitas aos seguidores de Cristo com
os de Crestus. As incoerências observadas nessa intercalação demonstram não se
tratar dos cristãos de Cristo, nem a ele se referir. Lendo-se o livro em
questão, percebe-se perfeitamente o momento da interpelação. Afirmar que fora
Cristo o instigador dos arruaceiros é uma calúnia contra o próprio Cristo. E
conforme já referimos anteriormente, os cristãos seguidores de Cristo eram
muito pacatos e não procuravam despertar atenção das autoridades para si. Como
dizer em um dado momento que eles eram retraídos e, em seguida, envolvê-los em
brigas e coisas piores? É apenas mais uma das contradições de que está repleta
a história da Igreja.
Duas décadas
depois, o historiador romano Tácito conta a mesma história básica, precisando
que Jesus tinha morrido na época de Pilatos e do imperador Tibério (duas
referências que batem com o Novo Testamento). Esses dados mostram duas coisas:
a historicidade de Jesus e também sua relativa desimportância diante das
autoridades romanas e judaicas, como um profeta marginal num canto remoto e
pobre do Império Romano [04]
Desculpem a repetição, mas o faço quando
o autor do texto em foco se repete.
Cornélio Tácito (56 d.C.-118 d.C.) é o autor dos “Anais”, escritos no
começo do século 2º d.C. Ao falar do célebre incêndio de Roma, supostamente
causado de caso pensado pelo imperador Nero em 64 d.C., Tácito diz o seguinte.
“Assim, para fazer calar o rumor [de que ele tinha mandado colocar fogo
na cidade], Nero criou bodes expiatórios e expôs às torturas mais refinadas
aqueles que o povo chamava de cristãos, um grupo odiado por seus crimes
abomináveis. Seu nome deriva de Cristo, que, durante o reinado de Tibério,
tinha sido executado pelo procurador Pôncio Pilatos. Sufocada por um tempo, a
superstição mortal irrompeu novamente, não apenas na Judeia, terra onde se
originou esse mal, mas também na cidade de Roma, onde todos os tipos de
práticas horrendas e infames de todas as partes do mundo se concentram e são
fervorosamente cultivadas.”
Olha, se alguém me explicar convincentemente por que um cristão teria a
manha de forjar uma descrição tão elogiosa (#sóquenão) da própria fé, eu dou a
senha do meu cartão de crédito pra esse gênio. Note que Tácito “acerta” tanto o
imperador quanto o governador da Judeia que estavam no poder quando Jesus foi
executado (embora tecnicamente Pilatos fosse prefeito da Judeia, e não
procurador). [05]
Ganeval afirma que foram expulsos de
Roma os hebreus e os egípcios, por seguirem a mesma superstição. Deduz-se então
que não se referia aos cristãos, seguidores de Jesus Cristo. Referia-se aos
Essênios, seguidores de Crestus, vindos de Alexandria. A Igreja não conseguiu
por as mãos nos livros de Ganeval, o que contribuiu ponderavelmente para lançar
uma luz sobre a verdade. Por intermédio de seus escritos, surgiu a
possibilidade de provar-se a quais cristãos, exatamente, referia-se Tácito.
Suetônio teria sido mais breve em seu
comentário a respeito do assunto. Escreveu que “Roma expulsou os judeus
instigados por Crestus, porque promoviam tumultos”. É evidente, também, a
falsificação praticada em uma carta de Plínio a Trajano, quando perguntava o que
fazer aos cristãos, assunto já abordado anteriormente. O referido texto, após
competente exame grafotécnico, revelou-se adulterado. É como se Plínio quisesse
demonstrar, não apenas a existência histórica de Jesus, mas sua divindade,
simbolizando a adoração dos cristãos. É o quanto basta para evidenciar a
fraude.
Caio Suetônio Tranquilo (69 d.C.-122 d.C.) é o nosso caso mais ambíguo e
complicado. Em sua biografia de Nero na série “Vida dos Doze Césares”, ele
também faz menção à perseguição aos cristãos:
“Também foram punidos os cristãos, classe de homens dados a uma nova e
traiçoeira superstição.”
OK, isso indica a presença de cristãos em Roma menos de 30 anos depois
da morte de Jesus. A passagem mais duvidosa, porém, está na biografia do
imperador Cláudio, que reinou antes de Nero.
“Como os judeus estavam constantemente causando distúrbios por
instigação de Cresto, ele [Cláudio] os expulsou de Roma.”
Pois é, Cresto, com “e”, e não “Cristo” — mas a maioria dos
historiadores acredita que essa seja uma referência a Jesus e uma prova de uma
imensa viajada de Suetônio. Ele teria entendido o nome errado e assumido que
“Cresto” seria o líder ainda vivo de uma facção judaica em Roma, um perturbador
da paz, em suma (os cambistas do Templo de Jerusalém, cujas mesas foram
reviradas por Jesus, provavelmente concordariam com ele). [05]
Se Jesus Cristo realmente tivesse
existido, a Igreja não teria necessidade de falsificar os escritos desses
escritores e historiadores. Haveria, certamente, farta e autêntica documentação
a seu respeito, detalhando sua vida, suas obras, seus ensinamentos e sua morte.
Aqueles que o omitiram, se tivesse de fato existido, teriam falado dele
abundantemente. Os mínimos detalhes de sua maravilhosa vida seriam objeto de
vasta explanação. Entretanto, em documentos históricos não se encontram
referências dignas de crédito, autênticas e aceitáveis pela história. Em tais
documentos, tudo o que fala de Jesus e sua vida é produto da má-fé, da burla,
de adulterações e intercalações determinadas pelos líderes cristãos. Tudo foi
feito de modo a ocultar a verdade. Quando a verdade esta ausente ou oculta, a
mentira prevalece. E há um provérbio popular que diz: “A mentira tem pernas
curtas”. Significa que ela não vai muito longe, sem que não seja apanhada. Em relação
ao cristianismo, isto já aconteceu. Um número crescente de pessoas vai, a cada
dia que passa, tomando conhecimento da verdade. E, assim, restam baldados os
esforços da Igreja, no que concerne aos ardis empregados na camuflagem da
verdade, visando alcançar escusos objetivos.
Provavelmente por que historiadores não
desprezam texto antigos em função de interpolações: eles estudam e removem
discrepância antes de conclusões.
O texto sofreu
interferências de copistas cristãos, mas é possível determinar sua forma
original, bastante neutra: Jesus seria um "mestre", responsável por
"feitos extraordinários", crucificado a mando de Pilatos, cujos
seguidores ainda existiam, apesar disso.[04]
IV
O Doloroso
Silêncio Histórico
A existência de Jesus Cristo é um fato jamais registrado pela história.
Os documentos históricos que o mencionam foram falsificados por ordem da
Igreja, num esforço para provar sua pretensa existência, apesar de possuir
provas de que Jesus é um mito. E assim agiu, movida pelo desejo de resguardar
interesses materiais. Ganeval apontou a semelhança entre o culto de Jesus
Cristo e o de Serapis. Ambos são uma reencarnação do deus “Phalus”, que, por
sua vez, era uma das formas de representação do deus Sol.
Dado o início e título em discrepância com os pesquisadores e, ainda,
que os argumentos dessa seção estão calcadas nas anteriores, vou só vou
interpolar algo ao fim da mesma.
Irineu chegou a afirmar que o deus
dos cristãos não era homem nem mulher. Papias cita trechos dos Evangelhos,
mostrando que se referiam ao Cristo egípcio. Referindo-se ao “logos”, que seria
Jesus Cristo, disse ter sido ele apenas uma emanação de Deus, produzida à
semelhança do Sol. É bom lembrar que essas opiniões divergentes entre si são de
três teólogos do cristianismo. Essas opiniões foram emitidas quando estava
acesa a luta de desmentidos recíprocos da Igreja contra os seus numerosos
opositores, ou seja, os que desmentiam a existência física de Jesus. Então,
criaram uma filosofia abstrata, baseando-se nos escritos de Filon.
Ganeval, baseando-se em Fócio, disse
que Eudosino, Agápio, Carino, Eulógio e outros teólogos do cristianismo
primitivo não tiveram um conceito real nem físico de Jesus Cristo. Disse mais,
que Epifânio, falando sobre as seitas heréticas dos marcionítas, valentinianos,
saturninos, simonianos e outros, falava que o redentor dos cristãos era Horus,
o filho de Ísis, um dos três deuses da trindade egípcia, que mais tarde viria a
ser Serapis.
Ganeval afirmou ainda que os docetistas
negavam a realidade de Jesus, e, para refutar a negação, o IV Evangelho põe em
relevo a lança que fez sair água e sangue do corpo de Jesus, com o intuito de
provar sua existência física. Segundo Jerônimo, esses docetistas teriam sido
contemporâneos dos apóstolos. Lembra ainda que o imperador Adriano, viajando em
131 para Alexandria, declara que “o deus dos cristãos era Serapis, e que os
devotos de Serapis eram os mesmos que se chamavam os bispos de cristãos”.
Adriano, decerto, estava com a
verdade. Documentos daquela época informam que existiam os atuais Evangelhos,
assim como Tácito informa que os hebreus e os egípcios formavam uma só
superstição. Os escritos de Filon não se referem a Jesus Cristo, conforme
pretenderam fazer crer os falsificadores, mas a Serapis. Quando havia
referências aos cristãos terapeutas, afirmavam que se falava dos cristãos de
Jesus.
Por sua vez, Clemente de Alexandria e
Orígenes escreveram negando Jesus e falando em Cristo, o qual seria Crestus. No
entender de Fócio, tudo isso não passava de fabulação mítica, não tendo
existido Jesus nem Cristo, de que a Igreja criou o seu Jesus Cristo.
Duquis e Volney, fazendo o estudo da
mitologia comparada, mostram de onde retiraram Jesus Cristo: do próprio mito.
Filon, escrevendo a respeito dos cristãos terapeutas, disse que o seu teor de
vida era semelhante ao dos cristãos e essênios. Abandonavam bens e família para
seguir apaixonadamente aos sacerdotes. Epifânio escreveu que os cristãos
terapeutas viviam junto do lago Mareótides, tendo os seus Evangelhos e os seus
apóstolos. É sobre esses cristãos que Filon escreveu. Se os cristãos seguidores
de Jesus Cristo já existissem, Filon não poderia deixar de falar deles. Quando
do pretenso nascimento de Cristo, Filon contava apenas 25 anos de idade. Os
Evangelhos, tendo surgido muito tempo após a morte de Filon e de Jesus, não
poderiam ser os do cristianismo por ele referido.
Clemente de Alexandria e Orígenes não
criam na encarnação nem na reencarnação, motivo porque não creram na encarnação
de Jesus Cristo, embora fossem padres da Igreja. Orígenes morreu em 254.
Fócio escreveu sobre “Disputas” de
Clemente e afirmou que ele negara a doutrina do “Logos”, dizendo que o “Verbo”
jamais se encarnou, afirmação igualmente feita por Ganeval. Analisando os quatro
volumes de “Principia”, de Orígenes, percebe-se que o “Logos” ou o “Verbo” era
o mesmo sopro de Jeová, referido por Moisés. Fócio, tendo-se escandalizado com
isso, disse que Orígenes era um blasfemo.
Apenas analisando como se referia ao
Verbo, a Crestus e ao Salvador, é que se pode excluir a possibilidade da
existência física de Jesus. Tratá-lo-iam de modo bem diferente, se tivesse
realmente existido.
Se leste até aqui, nada resta senão
"chover no molhado". Vou colocar algo inédito, então, para premiar os
que, pacientemente, leram até aqui.
JESUS DE NAZARÉ E LEÔNIDAS DE ESPARTA: UM ESTUDO DE CASO
Queria, agora, chegar ao cerne do nosso papo de hoje. O fato é que, se
formos usar a escassez de indícios arqueológicos diretos e a falta de fontes
propriamente contemporâneas, escritas por “testemunhas oculares da história”,
para rejeitar a historicidade de Jesus, teríamos de rejeitar a historicidade
de… bem, de uns 70% dos personagens da Antiguidade clássica, ou talvez mais.
Ficaríamos só com os monarcas e os membros da alta nobreza. E olhe lá: pra quem
assistiu os dois filmes “300″, é bom lembrar que não daria pra aceitar a
historicidade de ninguém menos que Leônidas, um dos reis de Esparta, o sujeito
que morreu defendendo a Grécia da invasão persa em 480 a.C.
Vejamos: qual a primeira e mais confiável fonte documental histórica
sobre a vida de Leônidas? Os textos do historiador grego Heródoto, que escreveu
sobre as guerras entre gregos e persas por volta de 440 a.C., 40 anos depois da
morte de Leônidas (coincidência ou não, Marcos, o mais antigo Evangelho, foi
escrito uns 40 anos depois da morte de Jesus). Parece que Heródoto entrevistou
alguns dos ex-combatentes dos dois lados, mas muito do que escreve tem algum
cheiro de invenção épica ou de convenção literária, como o relato sobre a luta
desesperada dos espartanos para proteger o corpo de seu rei depois que ele
tombou.
Tem alguma evidência arqueológica contemporânea sobre a existência do
hómi? Um túmulo, um epitáfio, moedas com a cara dele? Nada. Zero. Depois de
Heródoto, temos apenas os textos do historiador grego Éforo (que só chegaram
até nós por fragmentos), que escreveu mais de um século depois das Termópilas,
por volta de 350 a.C. E, muito mais tarde, textos da época romana, produzidos
por gente como Diodoro Sículo e Plutarco.
Dá para fazer o mesmo exercício que fiz com Leônidas com uma série de
personagens da Antiguidade clássica. Sob esse ponto de vista, Jesus é um
personagem histórico muito mais bem documentado do que Leônidas, já que há
fontes independentes cristãs, judaicas e pagãs, todas compostas de algumas
décadas a um século depois da morte dele, a respeito do Nazareno. [05]
V
Um Jesus
Cristo Não Histórico
A história, conforme mencionamos, não tem registro da existência de
Jesus Cristo. Os autores que temos em apreço e que seriam seus contemporâneos
omitiram-se completamente. Os documentos históricos que o mencionam, fazem-no
esporadicamente, e bem assim revelam-se rasurados e falsificados, motivo pelo
qual de nada adiantam, neste sentido, para a história. É óbvio, portanto, que a
história não poderia registrar um evento que não aconteceu.
Dado o início e título em discrepância com os pesquisadores e, ainda, que
os argumentos dessa seção estão calcadas nas anteriores, vou só vou interpolar
algo ao fim da mesma, mais uma vez.
Tomando
conta da história, o cristianismo deixou-a na contingência de referir o nome de
Jesus Cristo como sendo um deus antropomorfizado, mas nunca uma pessoa de carne
e ossos que tenha realmente vivido.
Ao fazê-lo, principia por um estudo
filológico e etimológico dos termos “Jesus” e “Cristo”, e termina mostrando que
os dois nomes foram reunidos em um só, para ser dado posteriormente a um indivíduo.
O termo “Jesus” significa salvador, enquanto que “Cristo” é o ungido do Senhor,
o “oint” dos judeus, o Messias esperado doe judeus. Nesse estudo, a história
mostra que a crença messiânica havia tomado a orla do Mediterrâneo a partir do
século II antes de nossa era. O norte da África, o sul da Europa, a Ásia Menor,
estavam todos repletos de Messias e Cristos, e de milhares de pessoas que os
seguiam e neles criam.
Ao referir-se aos pretensos Messias,
o Talmud deu esse nome até mesmo a diversos reis pagãos, como no caso de Ciro,
conforme está em Isaias 44:1, ou ao rei de Tiro, como está em Ezequiel 28:14 e
nos Salmos, quando se verifica que os nomes de Jesus e de Cristo já vinham
sendo atribuídos a diversos líderes religiosos da Antiguidade.
As fontes pesquisadas pela história
mostraram que Jesus Cristo, ao ser estudado como fato histórico, só pode ser
encarado como sendo o “ungido do Senhor”, uma personalidade de existência
abstrata apenas, não tendo possuído contextura física pelo que deixou de ser histórico.
É apenas uma figura simbólica, através da qual a humanidade tem sido ludibriada
de há muitos séculos.
Cumprindo seu dever de informar, a
história põe diante dos olhos do crente e do estudioso as provas de que foi a
luta dos líderes cristãos a partir do século II para que o mito Jesus Cristo
adquirisse a consistência granítica que levou a crença religiosa dos europeus
da Idade Média sob o guante do criminoso absolutismo dos reis e dos Papas de
então.
Este estudo demonstra que Jesus
Cristo foi concebido no século II para cumprir um programa messiânico elaborado
pelos profetas e pelos compiladores do Velho Testamento e das lendas, sob o seu
pretenso nome. Vê-se, então, que os passos de Jesus pela terra aconteceram
conforme o Talmud, para que se cumprissem as profecias que o judaísmo havia
inventado.
Jesus Cristo pode ser considerado o
ator no palco. Representou o drama do Gólgota e retirou-se da cena ao fim da
peça. Mateus 1:2 descreve-nos um Jesus Cristo que nasce milagrosamente, apenas
para que se cumprissem as escrituras. Em 2:5 diz que nasceu em Belém, porque
foi ali que os profetas previram que nasceria. Em 2:14 deixa-o fugir para o
Egito, para justificar estas palavras: “Meu filho será chamado do Egito”. Em
2:23 faz José regressar a Nazaré porque Jesus deveria ser nazareno. Em 3:3
promove o encontro de Jesus com João Batista, porque Isaías predissera-o. Em
4:4 Jesus foi tentado pelo diabo, porque as escrituras afirmaram que tal
aconteceria e que ele resistiria. Em 4:14 leva Jesus para Carfanaum para
conferir outra predição de Isaías. Em 4:12 Jesus diz que não se deve fazer aos
outros senão aquilo que gostaríamos que a nós fosse feito, porque isto também
estava na lei dos profetas. Em 7:17 Jesus cura os endemoniados, conforme
predissera Isaías. Em 11:10-14 Jesus palestra com João Batista porque assim
predissera Elias. Em 12:17 Jesus cura as multidões, quando pede que não
propalem isso, igualmente dando cumprimento às palavras de Isaías. Em 12:40
permanece sepultado durante três dias porque os deuses do paganismo, os deuses
solares ou redentores, também estiveram; como Jonas, que foi engolido por uma
baleia, a qual depois de três dias jogou para fora, intacto como se nada
tivesse acontecido. E tudo isto aconteceu em um mar onde não há possibilidade de
vida para esse cetáceo, portanto, só poderia acontecer graças aos milagres
bíblicos. Em 13:14 diz que Jesus falava por meio de parábolas, como Buda também
o fez. Assim também falavam os antigos taumaturgos, para que apenas os
sacerdotes entendessem; assim só eles seriam capazes de interpretar para os
incautos e crédulos religiosos, e, afinal, porque Isaías assim o previa. Em
21:14 Jesus entra em Jerusalém montado em um burreco, conforme as profecias. Em
26:54 Jesus diz que não foi preso pelo povo quando junto dele se assentou no
templo para ensinar, porque também estava previsto. Em 27:9 Judas trai a Jesus,
vendendo-o por trinta dinheiros e recebendo à vista o preço da traição. Em
27:15 os soldados repartem entre si as roupas do crucificado.
Apenas o cumprimento desta profecia
choca-se frontalmente com a história. E, de acordo com ela, nessa época não
havia legionários romanos na Palestina. Lucas 23:27 diz que Jesus mandou
comprar espadas, para que assim fosse confundido com os malfeitores comuns,
porque assim estava previsto. Em seguida, diz que Jesus, ao ensinar aos seus
apóstolos, afirmava que tudo o que lhe acontecesse, era para que estivesse de
acordo com o que escreveram Moisés e os profetas, e como estava descrito nos
salmos. Em 24:44-46 diz que Jesus afirmou “Como era necessário que Cristo
padecesse e ressuscitasse ao terceiro dia, dentre os mortos”.
Para ficar de acordo com as previsões
testamentárias, João 19:27 diz que Jesus teve sede e pediu água. Em 19:30, ao
beber a água, disse que era vinagre e exclamou: “Tudo se cumpriu”. Em 19:32-37
diz que não lhe quebraram nenhum osso, apenas o feriram com a lança para
verificar se havia expirado. E isto também estava predito. Por ai, percebe-se
que tudo ali é puro simbolismo, e que Jesus foi idealizado apenas para cumprir
as escrituras. Está ai uma prova de que a existência de Jesus nada mais é do
que uma fabulação evangélica. Do mesmo modo que inventaram as profecias,
inventaram alguém para cumpri-las. Tanto é verdade, que os judeus que ainda
hoje acreditam em profecias, não aceitaram Jesus como tendo sido o Messias
prometido pelo Talmud.
Além disso, os seus escritores
esgotaram todos os argumentos possíveis com o fim de provar que Jesus não foi
um acontecimento palestino, e que não passou de um romance escrito pelos judeus
dispersos e dos que se aproveitaram do messianismo judeu para criar uma empresa
comercial, como tem sido o Vaticano.
O messianismo não foi uma lenda que
tenha atingido a todas as classes sociais judias. Essa lenda foi criada pelos
sacerdotes judeus visando com isso ajudar ao povo da rua a suportar melhor as
agruras da pobreza e não reagir contra as classes privilegiadas. Essas
promessas são cumpridas pelos sacerdotes, a seu modo, a fim de que o pobre viva
de esperanças e não sinta que o rico continua metendo as mãos em seus bolsos,
impunemente. O homem do povo raramente compreende a finalidade desse tipo de
engodo.
O Talmud traz uma porção de
profecias, e ao mesmo tempo critica aos que lhes dão crédito. A crítica
representa uma evolução do pensamento das lideranças judias. Um estudo
comparado do judaísmo e do cristianismo mostra a enorme quantidade de crendices
dessas religiões forjadas pelos seus líderes e afastadas pela evolução do
conhecimento.
Em nossos dias, o conhecimento
atingiu um ponto em que a própria Igreja começou a relegar para um canto os
seus ídolos de aspecto humano. O conhecimento humano terminara por vencer
definitivamente, provando que todos os deuses e ídolos têm os pés de barro.
Nossos antepassados viram muitos ídolos cair. Certas práticas e crenças
religiosas ainda permanecem válidas porque os sacerdotes, como bons psicólogos
que são, observam o desenvolvimento mental do povo e sabem que uns encontram a
verdade, enquanto outros, jamais conseguiram alcançá-la.
Idealizando um Jesus Cristo adaptado
às profecias talmúdicas, criaram um personagem incoerente e inseguro, o que nos
dá a medida exata do quilate mental dos seus criadores. Podiam ser espertos,
mas nunca inteligentes ou cultos.
Não deve ter sido tarefa das mais
fáceis a de adaptar um Cristo vindo para cumprir as profecias no fanatismo das
populações ignaras. Foi um trabalho de titãs não acorrentados à verdade, nem à
sinceridade que o homem deve ao seu semelhante. Nunca foi fácil transformar uma
fantasia em realidade. Por isso, o cristianismo teve de valer-se da espada de
Constantino e das armas de seus legionários para impor dogmaticamente o que a
razão e o conhecimento jamais aceitariam passivamente. Nos dois primeiros
séculos do cristianismo, cada qual queria ser o primeiro e mandar mais e, se
possível, ficar sozinho. Tivemos muitos reis e Papas analfabetos, atestando o
primarismo dos judeus dispersos, como dos lideres europeus da época do
lançamento do cristianismo.
Tentando racionar a teologia do
judaísmo e do cristianismo, fizeram de Jeová um deus absurdo e de Jesus um ser
irreal, ambos incoerentes, o que se tornou a essência do Talmud e dos
Evangelhos. Através de Jesus Cristo, valorizaram as profecias do pretenso
profeta Isaías, revitalizando assim o judaísmo e dando seriedade ao Talmud,
fazendo dos Evangelhos um amontoado de mentiras e de impossíveis humanos. Assim
é que criaram um relato inconsistente, que desmorona completamente em face de
uma análise mais profunda.
Scherer escreveu que Jesus não foi um
filósofo nem fundador de uma religião. Foi apenas Messias. O sentido da vida de
Jesus era apenas dar cumprimento às profecias messiânicas, e tal ideia é o
centro dos fatos evangélicos, a razão de ser Jesus. Tendo vindo ao mundo
tão-somente para cumprir as profecias, deixou de ser humano e tornou-se um
fantasma, ou um símbolo do que nunca teve existência real.
A vida de Jesus e de seus apóstolos
desenrola-se apenas como uma peça teatral, na qual Jesus acumula os papéis de
deus e de homem. Um dia o público há de convencer-se de que esteve diante de um
ser bíblico, sem uma realidade histórica.
Segundo Arthur Weigal, o único
testemunho escrito por quem teria convivido com Jesus teria sido a epístola
atribuída a Pedro. Teria surgido quando começaram as pretensas perseguições aos
cristãos, na qual ele os animava. Entretanto, como a existência de Pedro é
igualmente lendária, a epístola em questão não merece fé, tendo sido composta
por qualquer cristão, menos pelo mitológico Pedro.
Os escritos de Tácito, dadas as
adulterações sofridas, carecem de valor histórico. Dai não se poder admitir
como verdade que Nero, entre os anos 54 e 68, tenha realmente perseguido aos
seguidores de Jesus Cristo. Tertuliano, entretanto, afirma que Pedro foi
martirizado no governo de Nero.
Contudo, vários pesquisadores, entre
os quais Holmann e Weizsacker, demonstraram que essas perseguições somente
começaram a partir do século II. Irineu, no ano 180, achava que a epístola de
Pedro fora escrita em 83, mas não por Pedro. Nesta epístola, Pedro dizia que “Jesus
sofreu por nós, deixando-nos um exemplo”. Acrescentara ter sido testemunha
pessoal dos seus sofrimentos, após os quais subiu ao céu, de onde voltaria em
breve. No entanto, sua volta não ocorreu até hoje, apesar de terem se passado
dois mil anos. A falta de cumprimento dessa promessa invalida todas as suas
afirmações.
Disse Pedro, ainda, que Jesus mandou
que se amasse uns aos outros, pagando o mal com o bem, retribuindo a injúria
com a bênção. Recomendou a caridade, a hospitalidade e a humildade; o dever de
evitar o mal, fazer o bem e buscar a paz, assim como a abstinência da ambição
da carne, evitar o rancor, a inveja e a maledicência; a submissão às
autoridades, crer em Deus e honrar o rei.
As epístolas de Paulo viriam em
segundo lugar, como importância histórica. Pedro teria aprendido a doutrina
cristã na convivência direta com Jesus. Suas epístolas seriam consideradas
autênticas por terem sido escritas 20 ou 30 anos após a crucificação. Pedro,
assim como Paulo, afirmaram que Jesus voltaria em breve para julgar a
humanidade. Contudo, ambos estavam enganados e enganaram aos outros. Paulo
teria conhecido pessoalmente a Pedro e a Jaques, um dos irmãos de Jesus Cristo,
assim como referia-se a outras pessoas que teriam convivido com Jesus. A
crucificação e a ressurreição teriam sido fatos indiscutíveis para Pedro e
Paulo, cujos escritos estariam muito próximos dos acontecimentos.
Paulo, em I Coríntios 11:1, diz:
“Imitam-me como se fosse Jesus”. Teria pregado o amor, a paz, a temperança, a
caridade, a alegria, a paciência, a doçura, a confiança e a boa vontade. A lei
divina deveria ser interpretada segundo o espírito e não conforme a letra.
“Amarás ao próximo como a ti mesmo”, seria um amor paciente, caridoso e
humilde.
As epístolas procuraram estabelecer a
historicidade de Jesus, assim como revelar muitos pontos do seu caráter. Jesus
teria vivido apenas para redimir a humanidade, não teria pecado, sendo, sem
dúvida alguma, o filho de Deus. Papias, em 140, escreveu que Mateus havia
colecionado as máximas de Jesus, e Marcos recolhera muitas notas para o
Evangelho. Assim, os Evangelhos seriam o espelho de Jesus, contado pelos
apóstolos, espalhando entre os homens o ideal de perfeição moral e mental.
As curas, milagres e pregações de
Jesus, em pouco tempo, haviam espalhado o seu nome, galvanizando as multidões,
todos sentiam que havia surgido o Messias. Assumiu o papel de Messias e com
isso entusiasmou a multidão, pelo que entrou em Jerusalém cercado da emoção e
do respeito do povo. Ao anoitecer abandonou a cidade, e, no dia seguinte, ao
regressar, encontra muita agitação. As autoridades haviam tomado medidas contra
ele. Dois dias antes da páscoa, tomou sua última refeição com os companheiros e
ali permaneceu a espera dos acontecimentos, sabendo que o seu reino não era
deste mundo. À noite, foi preso, e, no dia seguinte, julgado. O povo quis que o
sacrificassem em lugar de Bar Abbas. Seria o sacrifício pascal, rito
multimilenar que iria mais uma vez acontecer. Após a morte, sai do sepulcro,
ressuscitado, e vai ao encontro dos apóstolos, pede comida, e depois de
permanecer algum tempo com eles, ascende ao céu prometendo voltar em breve.
Foi este o retrato feito de Jesus
Cristo pelo cristianismo, e que ainda hoje milhões de pessoas adoram. Entre
nós, são bem poucos os que põem em dúvida a veracidade desse romance contado
pelos judeus da diáspora e aproveitado por seus seguidores latinos.
No entanto, a razão e o conhecimento
estão se encarregando de destruir a pretensa veracidade desse conto. Muitas
coisas consideradas como milagres são hoje conseguidas naturalmente através da
ciência, da tecnologia moderna, da medicina, do conhecimento científico em
todas as suas modalidades, e mesmo através da hipnose. Diante das conquistas
que o homem tem feito, é possível que ele abra os olhos para a verdade e
perceba então que Deus jamais se preocupou com sua sorte e com o mundo. A
história desmente peremptoriamente que Deus tenha comparecido ao mundo nos
momentos de festa ou de dor. O homem foi abandonado à própria sorte e tem
lutado muito para sobreviver através dos tempos, e tem obtido sucesso porque
está sempre acumulando conhecimentos, os quais emprega em situações futuras.
Diante de tudo o que foi exposto, só
nos resta dizer que a história, em dois mil anos, não encontrou uma única prova
ou documento que mereça crédito no que diz respeito à vida de Jesus. Sua
existência é fictícia e só encontra agasalho no seio da mitologia. Seu
nascimento, sua vida, sua morte, sua família, seus discípulos, tudo, enfim, que
lhe diz respeito, tem analogia com as crenças, ritos e lendas dos deuses
solares, adorados sob diversos nomes e modalidades e por povos diversos,
também.
Dele, a história nada sabe.
O tema do nosso post de hoje, o qual, misericordiosamente (para os
leitores, ao menos), será bem mais curto que os anteriores da série, são as
referências a Jesus em textos de autores pagãos que escreveram menos de um
século depois da morte do Nazareno. Tais referências são raras e breves, mas
nem de longe são inexistentes. Mais importante ainda, nenhum historiador sério
das últimas décadas se arrisca a dizer que elas são invenções de copistas
cristãos que viveram depois dos autores — em parte porque o conteúdo desses
textos costuma ser virulentamente anticristão. [05]
VI
Jesus e o
Tempo
O mítico dia do nascimento de Jesus Cristo foi oficializado por
Dionísio, o Pequeno, no século VI, que marcou no ano 1 do século I,
correspondendo ao ano 753 da fundação de Roma, com um erro de previsão
calculado em seis anos. Para chegar a essa artificiosa fixação, serviu-se de
diversos sistemas de cálculo. Calvísio e Moestrin contaram até 132 sistemas e
Fabrício arredondou para 200.
Para uns, teria sido entre 6 e 10 de
janeiro, para outros, 19 ou 20 de abril, enquanto outros ainda situavam entre
20 e 25 de março. Os cristãos orientais determinaram a data entre 1 e 8 de
janeiro, enquanto os ocidentais escolheram a 6 de janeiro.
Em 375, São João Crisóstomo escreveu
que a data de 25 de dezembro foi introduzida pelos orientais. Entretanto, antes
do ano 354, Roma já o havia fixado para esta mesma data, segundo o calendário
de Bucer. Essas diferenças foram o resultado da preocupação da Igreja em fazer
com que o nascimento de Jesus coincidisse e se confundisse com os dos deuses
solares, os deuses salvadores, e especialmente com o Deus Invictus, que era
Mitra. E era justamente ao mitraismo que a religião cristã pretendia absorver.
No dia 25 de dezembro todas as
cidades do império romano estavam iluminadas e enfeitadas para festejar o
nascimento de Mitra. A preocupação de ligar o nascimento de Jesus ao de Mitra
denota o artificialismo que fundamentou o cristianismo. Foi a divinização do
deus dos cristãos às custas da luz do Sol dos pagãos.
Foi um dos grandes trabalhos de
mistificação da Igreja a confluência dos dois nascimentos para a mesma data.
Assim, o nascimento do novo deus apagava da memória do povo a lembrança de
Mitra, no fim do inverno.
A tradição religiosa, desde milênios,
fizera com que todos os deuses redentores nascessem em 25 de dezembro. Quanto
ao lugar de nascimento de Jesus, disseram ter sido em Belém, para combinar com
as previsões messiânicas que, fazendo de Jesus um descendente de David, teria a
adesão dos judeus incautos.
O II e o IV Evangelhos não mencionam
o assunto, enquanto o I e o III aludem ao caso, mas se contradizem. Uns dizem
que os pais de Jesus moravam em Belém, enquanto outros afirmam que eles ali
estavam de passagem. Essa insegurança deve-se ao fato de pretenderem ligar a
vida de Jesus à de David, conforme as profecias. Todavia, isto confundia as
tendências históricas ligadas ao nascimento dos deuses solares. A preocupação
apologética, contudo, invalidou a pretensão histórica.
De tudo isto resultou que a história
pode hoje provar que tudo aquilo que se refere a Jesus é puro convencionalismo,
e sua existência é apenas ideal e não real. De modo que a morte dos inocentes
nada mais é do que a repetição da matança das criancinhas egípcias, contada no
Êxodo. A estrela só pôde ser inventada porque naquele tempo o homem ainda não
sabia o que era uma estrela; tanto assim que a Bíblia afirma que Josué fez
parar o sol com um aceno de sua mão apenas. Assim, a estrela que guiou os magos
é coisa realmente absurda. Antes de tudo, ninguém soube realmente de onde
vieram esses reis e onde eram os seus países.
Outros fenômenos relatados como
terremotos, trevas e trovões, assinalados pelo Bíblia, não o são pela história
dos judeus nem dos romanos. Só os interessados no mito puderam ver tais
acontecimentos. Os escritores que relataram fatos ocorridos na Palestina e no
Império Romano não transmitiram estes fatos que teriam ocorrido na morte de
Jesus à posteridade. Muita coisa pode ter acontecido naqueles tempos, menos as
que estão nos Evangelhos.
Pilatos, por exemplo, morreu
ignorando a existência de Jesus. Os legionários romanos jamais receberam ordens
para prendê-lo. Nenhum movimento social, político ou religioso contrário às normas
da ocupação surgiu na Judeia, para justificar a condenação de seu líder por
Pilatos.
Entretanto, Jesus teria sido julgado
e condenado pelos sacerdotes judeus, pois Pilatos deixara o caso praticamente
em suas mãos e do povo, lavando as suas próprias. Nem Pilatos, nem Caiaz, nem
Hannã deixaram qualquer referência acerca desse processo. Nenhum deles poderia
dizer qual a aparência física de Jesus. Tertuliano, baseando-se em Isaías,
disse que ele era feio, ao passo que Agostinho afirmou que ele era bonito. Uns
afirmaram que era imberbe, outros que era barbado. Sua cabeleira espessa e
barba fechada resultaram de uma convenção realizada no século XII. O Santo
Sudário retrata um Jesus Barbudo.
Nada do que se refere a Jesus pode
ser considerado ponto pacífico. Tudo é discrepante e contraditório. Ora, se
aqueles que tinham e os que ainda têm interesse em defender a veracidade da
existência de Jesus não conseguiram chegar a um acordo no que lhe diz respeito,
isso não é bom sinal.
Moy escreveu: “Desde que se queira
tocar em qualquer coisa real na vida de Jesus, esbarra-se logo na contradição e
incoerência”. Por isso, até o aspecto físico de Jesus tornou-se discutível, o
que ajuda a provar que ele nunca existiu. De acordo com a história, não se pode
aceitar o que está escrito nos evangelhos coma prova de sua existência. Também
a Igreja não dispõe de argumentos válidos, nesse sentido. A arqueologia, por
outro lado, nada encontrou até aqui capaz de elucidar a questão.
De tudo isto depreendemos que a
existência física de Jesus jamais poderá ser provada de modo irrefutável, e,
por conseguinte, é muito difícil ser acatada por homens cultos e amantes da
verdade. O romance, as lendas, os contos, a ficção, interessam como cultura,
como expressão do pensamento de um povo, e desse modo são perfeitamente
aceitos. Entretanto, a apresentação de tais modalidades de cultura como fatos
reais, consumados e verdadeiros e como tal serem impostos ao povo, é
condenável.
A atitude do cristianismo tem sido,
através dos tempos, justamente a que nós acabamos de condenar: a imposição das
lendas, do romance e da novela como realidade palpável, como fato verdadeiro e
incontestável.
Em sua “Vida de Jesus”, Strauss diz:
“Poucas coisas são certas, nas quais a ortodoxia se apoia de preferência — as
milagrosas e as sobrehumanas —, as quais jamais aconteceram. A pretensão de que
a salvação humana dependa da fé em coisas das quais uma parte é certamente
fictícia, outra sendo incerta, é um absurdo, que em nossos dias nem sequer
devemos nos preocupar, refutando-o”.
Ernest Havet, comparando Jesus com
Sócrates, diz que Sócrates é um personagem real, enquanto Jesus é apenas ideal.
Homens como Platão e Xenófanes, os quais conviveram com Sócrates, deixaram o
seu testemunho a respeito do mesmo. Em seus escritos relatam tudo sobre
Sócrates: a vida, o pensamento, os ensinamentos e a morte. E nada do que lhe
diz respeito foi adulterado, e, portanto, é autêntico, verdadeiro e
indiscutível.
Quanto a Jesus, não teve existência
real, e aqueles aos quais se atribui escritos e referências em relação a ele,
uns foram adulterados em seus escritos, outros não existiram. Pílatos, que
teria autorizado seu sacrifício, omite o fato quando relata os principais
acontecimentos de seu governo. Por acaso mandaria matar um deus, e não saberia?
Assim, quem descreveu Jesus, apenas imaginou o que ele teria sido, não foi sua
testemunha.
Renan disse em sua “Vida de Jesus”:
“Nossa admiração por Jesus não desapareceria nem mesmo quando a ciência nada
pudesse decidir de certo, e chegasse forçosamente às negações”. Termina dizendo
que o divino encontrado pelos cristãos em Jesus é o mesmo que a beleza de
Beatriz, que apenas resultou do pensamento de Dante ou de seu gênio literário.
Da mesma forma, as belezas de Cristina residem nos sonhos religiosos dos
hindus. As maravilhas de Jesus e a beleza de Maria são produtos do gênio
inventivo da liderança oradora dos mitos Jesus e Maria.
Se de ambos apenas se diz o bem, há
sinal que eles não tiveram existência real. Jesus Cristo é uma criação do
homem, o qual esteve em cena apenas para realizar as profecias dos primários
profetas judeus. Esta é também a opinião de Didon, exposta em seu livro “Vida
de Jesus”. Diz ele que é suspeita a sonegação de quase trinta anos da vida de
Jesus à história evangélica.
“Nós apenas sabemos um nada da vida
de Jesus”, escreveu Miron. Os redatores dos Evangelhos e os primeiros autores
eclesiásticos, recolhendo as tradições correntes na comunidade cristã, podem
ter adquirido alguns fragmentos da verdade; mas como assegurar que, entre
tantos elementos mitológicos e legendários, haja algo de verdade? Assim, a vida
de Jesus em si é impossível.
Acontece com Cristo o mesmo que
acontece com todos os entes legendários: quanto mais os buscamos, menos os
encontramos. A tentativa feita até aqui de colar na história, de arrebatar às
trevas da teologia, um personagem que até a idade de trinta anos é
absolutamente desconhecido, e que depois da referida idade aparece fazendo
impossíveis humanos — os milagres — é absurda e ridícula.
Labanca, em “Jesus Cristo”, impugna a
possibilidade de uma biografia científica de Jesus, baseando-se na
inautenticidade dos Evangelhos, uma vez que os mesmos não tiveram finalidade
histórica, mas tão-somente religiosa e propagandística. Jesus não está nos
Evangelhos por causa de sua esquisita divindade, mas porque isso convém aos
seus lançadores e aos que ainda hoje vivem do seu nome, como rendoso meio de
vida.
Na ausência de novidades, relembremos.
Viciados em teorias da conspiração adoram
a idéia: Jesus nunca teria existido. As histórias sobre sua vida, morte e
ressurreição seriam mera colagem de mitos egípcios e babilônicos, com pitadas
do Antigo Testamento para dar um saborzinho judaico. Na prática, Cristo não
seria mais real do que Osíris ou Baal, deuses mitológicos que também morreram e
ressuscitaram. No entanto, para a esmagadora maioria dos estudiosos, sejam eles
homens de fé ou ateus, a tese não passa de bobagem. A figura de Jesus pode até
ter "atraído" elementos de mitos antigos para sua história, mas temos
uma quantidade razoável de informações historicamente confiáveis, englobando
pistas de fontes cristãs, judaicas e pagãs. [04]
VII
Jesus
Cristo nos Evangelhos
Assim como a história não tomou conhecimento da existência de Jesus, os
Evangelhos igualmente desconhecem-no como homem, introduzindo-o apenas como um
deus. Maurice Vernés mostrou com rara mestria que o Velho Testamento não passa
de um livro profético de origem apenas sacerdotal, fazendo ver que tudo que ai
está contido não é histórico, sendo apenas simbólico e teológico. O mesmo
acontece com o Novo Testamento e os Evangelhos. Tudo na Bíblia é duvidoso,
incerto e sobrenatural.
Apesar de
reconhecer a existência de anacronismos, como o caso dos camelos nos relatos
sobre os patriarcas, o arqueólogo israelense Amihai Mazar diz, no livro
"Arqueologia na Terra da Bíblia", que as similaridades entre a
cultura dos séculos 20 a 18 a.C. e aquela ilustrada nas histórias do Gênesis
são próximas demais para serem ignoradas. [01]
... os evangelistas (conhecidos
entre nós pelos títulos de Mateus, Marcos, Lucas e João, que não devem ter sido
os autores dos textos) estavam tão preocupados em relatar o que tinha
acontecido com Jesus e os apóstolos 50 anos antes quanto em tornar esses fatos
relevantes para seu público, formado por cristãos nascidos depois que seu
Mestre morrera na cruz. [04]
Tratando dos Evangelhos, mostra que
sua origem foi mantida anônima, talvez de propósito, não se podendo saber
realmente quem os escreveu. Por isso, eles começam com a palavra “segundo”;
Evangelho segundo Mateus; segundo Marcos. Daí se deduz que não foram eles os
autores desses Evangelhos, foram, no máximo, os divulgadores.
Igualmente deixaram em dúvida a época
em que foram escritos. A referência mais antiga aos Evangelhos é a de Papias,
bispo de Yerápoles, o qual foi martirizado por Marco Aurélio entre 161 e 180.
Seu livro faz parte da biblioteca do Vaticano. Irineu e Eusébio foram os
primeiros a atribuir a Marcos e a Mateus a autoria dos Evangelhos, mas ambos
permanecem desconhecidos da história, como o próprio Jesus Cristo. Destarte,
pouco ou nenhum valor têm os Evangelhos como testemunha dos acontecimentos. Se
só foram compostos no século III ou IV, ninguém pode garantir se os originais
teriam realmente existido.
Os primitivos cristãos quase não
escreveram, e os raros escritos desapareceram. Por outro lado, no Concílio de
Niceia foram destruídos todos os Evangelhos. Esse Concílio foi convocado por
Constantino, que era pagão. Daí, devem ter sido compostos outros Evangelhos
para serem aprovados por ele ou pelo Concílio. Com isto, perderam sua
autenticidade, deixando de ser impostos pela fé para serem-no pela espada.
Começamos, no
Novo Testamento, com as cartas de São Paulo, escritas entre 20 e 30 anos após a
crucificação do pregador de Nazaré. Cerca de 40 anos depois da morte de Jesus,
surge o Evangelho de Marcos, o mais antigo da Bíblia; antes que o século 1
terminasse, os demais Evangelhos alcançaram a forma que conhecemos hoje. [04]
Celso, no século II, combateu o
cristianismo argumentando somente com as incoerências dos Evangelhos. Irineu
diz que foram escolhidos os quatro Evangelhos, não porque fossem os melhores ou
verdadeiros, mas apenas porque esses provieram de fontes defendidas por forças
políticas muito poderosas da época. Os bispos que os apoiaram tinham muito
poder político. Informam ainda que antes do Concílio de Niceia os bispos
serviam-se indiferentemente de todos os Evangelhos então existentes, os quais
alcançaram o número de 315. Até então eles se equivaliam para os arranjos da
Igreja. Mesmo assim, os quatro Evangelhos adotados conservaram muitas das
lendas contidas nos demais que foram recusados. De qualquer forma, era e
continuam sendo todos anônimos, inseguros e inautênticos. Os adotados foram
sorteados, e não escolhidos de acordo com fatores valorativos. Mesmo estes
adotados desde o Concílio de Niceia sofreram a ação dos falsificadores que
neles introduziram o que mais convinha à época, ou apenas a sua opinião pessoal.
Esta é a história dos Evangelhos que,
através dos tempos, vêm sofrendo a ação das conveniências políticas e
econômicas. Embora a Igreja houvesse se tornado a senhora da Europa, nem por
isso preocupou-se em tornar os Evangelhos menos incoerentes. Sentiu-se tão
firme que julgou que sua firmeza seria eterna.
Na verdade, tem-se ai uma estória dos
evangelhos.
Os argumentos mais poderosos contra a
autenticidade dos Evangelhos residem em suas contradições, incoerências,
discordâncias e erros quanto a datas e lugares, e na imoralidade de pretender
dar cunho de verdade a velhos e pueris arranjados dos profetas judeus. Essa
puerilidade avoluma-se à medida que a crítica verifica o esforço evangélico em
tornar realidade os sonhos infantis de uma população ignorante. Para justificar
sua ignorância, se dizem inspirados pelo Espírito Santo, o qual também é uma
ficção religiosa, resultante da velha lenda judia segundo a qual o mundo era
dominado por dois espíritos opositores entre si: o espírito do bem e o do mal.
Adquiriram essa crença no convívio com os persas, os egípcios e os hindus.
Quem estuda e pesquisa diverge.
Por um lado, é
preciso reconhecer que os Evangelhos, principais narrativas sobre Jesus na
Bíblia cristã, não são livros históricos no sentido moderno do termo. "Os
Evangelhos são uma combinação de elementos históricos e interpretações feitas
posteriormente no âmbito das comunidades cristãs", afirma o padre Léo Zeno
Konzen, coordenador do curso de teologia da Universidade Regional Integrada do
Alto Uruguai e das Missões (RS). [04]
Os egípcios tiveram também os seus
sacerdotes, os quais escreveram os livros religiosos como o “Livro dos Mortos”,
sob a inspiração do deus Anubis. Hamurabi impôs suas leis como tendo sido
oriundas do deus Schamash. Moisés, descendo do Monte Sinai, trouxe as tábuas da
lei como tendo sido ditadas a ele por Jeová. Maomé, igualmente, foi ouvir do
anjo Gabriel, em um morro perto de Meca, boa parte do Alcorão. Allah teria
mandado suas ordens por Gabriel.
O conhecimento mostra que as religiões,
para se firmarem, têm-se valido muito mais da força física do que da fé. Quanto
à verdade, esta não existe em suas proposições básicas. De modo que, Anubis,
Schamash, Allah e Jeová nada mais são do que o Espírito Santo sob outros nomes.
Stefanoni
demonstrou que todos esses escritos não representam o Espírito Santo, mas o
espírito dominante em cada época ou lugar. Assim surgiram os Evangelhos, os
quais, como Jesus Cristo, foram inventados para atender a certos fins
materiais, nem sempre confessáveis.
“Não
creria nos Evangelhos, se a isso não me visse obrigado pela autoridade da
Igreja”. São palavras de Sto. Agostinho. Com sua cultura e inteligência,
poderia hoje estar no rol dos que não creem.
Sobre os Evangelhos e Jesus, já foi
refutado.
Sobre Sto Agostinho, sem o autor citar a
fonte, obra e página, por desconhecer a obra do santo na integra, não posso
afirmar que tal trecho exista na mesma e o contexto em que foi escrita. Mas,
dando massivo crédito ao que ai foi apresentado, ainda que fosse a única coisa
escrita pelo culto notável, isso em nada reforça a opinião particular do autor,
contrária a dos historiadores (maioria), de que não houve um Jesus histórico.
Todavia, estou seguro que qualquer pessoa
que leia as obras de Santo Agostinho e acreditar nas palavras do mesmo, terá
uma perspectiva de Jesus e dos Evangelhos muito mias próximas das minhas
(cristão) do que a do autor (ateu) do texto em debate.
VIII
Jesus
Cristo é um Milagre
No que diz respeito a Jesus Cristo, a teologia toma em consideração,
sobretudo, o aspecto sobrenatural e os seus milagres. João Evangelista foi
trazido para a cena a fim de criar o Logos, o Jesus metafísico, destruindo,
assim, o Jesus-Homem. As contradições surgidas em torno de um Jesus saído da
mente de pessoas primárias e incultas tornaram-no muito vulnerável à crítica
dos mais bem dotados em conhecimento. Então vem João e substitui o humano pelo
divino, por ser o mais seguro. O mesmo iria fazer a Igreja no século XV,
quando, para abafar, grita contra os que haviam queimado miseravelmente uma
heroína nacional dos franceses, tiraram o uniforme do corpo carbonizado de
Joana D’Aro e vestiram-lhe a túnica dos santos. O mesmo aconteceu com Jesus:
teve de deixar queimar a pele humana que lhe haviam dado, para revestir-se com
a pele divina.
Jesus é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, diz a teologia
cristã. A “definição” (acima) foi “muito parcial”.
Existiram seguidores de cristo cultos (e inteligentes) entre os judeus,
entre os romanos e aqui, hoje. Claro que se um individuo qualquer se toma por
detentor de toda a sabedoria sobre o assunto, qualquer um que discorde passa,
diante dos olhos do soberbo, a ser uma pessoa primária e inculta. Temos aqui,
no máximo, uma tentativa de intimidação, ao invés de comprovação.
A Igreja, na impossibilidade de
provar a existência de Jesus-Homem, inventou o Jesus-Deus. Assim atende melhor
à ignorância pública e fecha a boca dos incrédulos. Do que relatamos,
conclui-se que, no caso de Joana D’Arc, a igreja obteve os resultados esperados.
Contudo, continua com as mesmas dificuldades para provar que Jesus Cristo, como
homem ou como deus, tenha vivido fisicamente. E não é só. Ela não tem
conseguido provar nada do que tem ensinado e imposto como verdade. Falta-lhe
argumentos sérios e convincentes para confrontar com o conhecimento científico
e com a história sem que sejam refutados.
Felizmente, os historiadores o provaram.
A igreja tem outro papel. Há algo de verdadeiro quando o autor cita “continua
com as mesmas dificuldades para provar que Jesus Cristo, como homem ou como
deus, tenha vivido fisicamente”, pois isso exige estudo, metodologia e
conhecimento, assim como os historiadores fazem. Em seguida, lança argumentos
já refutados.
A Igreja tudo fez para tornar Jesus
Cristo a base e a razão de ser do cristianismo. E isto satisfez plenamente a
seus interesses materiais nestes dois milênios de vida. Da mesma forma, os
portugueses, os espanhóis e os ingleses, de Bíblia na mão e cruz no peito,
foram à longínqua África para arrastar o negro como escravo, para garantir a
infra-estrutura econômica do continente americano. Jamais se preocuparam em
saber se o pobre coitado queria separar-se de seus entes queridos, nem o que
estes iriam sofrer com a separação.
A Igreja está realmente atravessando
uma crise. Acontece que os processos tecnológicos e científicos descortinam
para o homem novos horizontes, e então ele percebe que foi iludido
miseravelmente. Sua fé, sua crença e seu deus morrem porque não têm mais razão
de ser.
Jesus Cristo foi inicialmente um deus
tribal, que teria vindo ao mundo por causa das desgraças dos judeus. Eles
sonhavam ser donos do mundo, mas, mesmo assim, foram expulsos até mesmo de sua
própria terra. Contudo, o cristianismo ganhou a Europa, com a adesão dos reis e
imperadores.
Renan, não conseguindo encontrar o
Jesus-Divino, tentou ressuscitar o Jesus-Homem. Mas o que conseguiu foi apenas
descrever uma esquisita tragédia humana, cujo epílogo ocorreu no céu. Jesus
teria sido um altruísta mandado à terra para que se tornasse uma chave capaz de
abrir o céu. Teria sido o homem ideal com que o religioso sonha desde seus
primórdios. Existindo o homem ideal, cuja idealidade ficasse comprovada, o
histórico seria dispensável. Mas, ao tentar evidenciar um desses dois aspectos,
Renan perdeu ambos. Mostrou então que, para provar o lado divino de Jesus,
compuseram os Evangelhos. Seu objetivo: relatar exclusivamente a vida de um
homem milagroso e não de um homem natural.
Elaborando os Evangelhos, cometeram
tantos erros e contradições, que acabaram por destruir, de vez, a Jesus. A
exegese da vida de Jesus, baseada no conhecimento e na lógica, separando-se o
ideal do real, eles destroem-se mutuamente. Quem descreve o Jesus real, não
poderá tocar o ideal, e vice-versa, porque um desmente o outro.
Em suma, os Evangelhos não satisfazem
aos estudiosos da verdade livre de preconceitos, destruindo o material e o
ideal postos na personalidade mítica de Jesus. A fabulação tanto recobre o
humano como o divino.
Os parágrafos acima ilustram a faceta do
ateísmo que o autor adota. Não traz qualquer novidade nos argumentos usados
pelo mesmo para tentar comprovar o escopo central do seu trabalho em tela.
Verificamos, então, estarmos em
presença de mais um deus redentor ou solar. Jesus, através dos Evangelhos, pode
ser Brama, Buda, Krishna, Mitra, Horus, Júpiter, Serapis, Apolo ou Zeus. Apenas
deram-lhe novas roupas. O Cristo descrito por João Evangelista aproxima-se mais
desses deuses redentores do que o dos outros evangelistas. É um novo deus
oriental, lutando para prevalecer no ocidente como antes tinha lutado para
impor-se no oriente. É um novo subproduto do dogmatismo religioso dos
orientais, em sua irracional e absurda metafísica. Por isso, criaram um Jesus
divino, não por causa dos seus pretensos milagres, mas por ser o Logos, o Verbo
feito carne. Essa essência divina é que possibilitou os milagres. É um deus
antropomorfizado, feito conforme o multimilenar figurino idealizado pelo clero
oriental. Jesus não fez milagres, ele é o próprio milagre. Nasceu de um milagre,
viveu de milagres e foi para o céu milagrosamente, de corpo e alma, realizando
assim mais uma das velhas pretensões dos criadores de religiões: a imortalidade
da alma humana.
Mais uma vez, Jesus distingue-se por poder
ser historicamente rastreável. Os mitos intuíam aquilo que ocorreu como fato:
Jesus, o Logos encarnado. Mas isso não contribui com o escopo aqui proposto.
Sendo Jesus essencialmente o milagre,
não poderá ser histórico, visto não ter sido um homem normal, comum, passando
pela vida sem se prender às necessidades básicas da vida humana. Jesus foi
idealizado exclusivamente para dar cumprimento às profecias do judaísmo, é o
que verificamos através dos Evangelhos. Tudo quanto ele fez já estava predito,
muito antes do seu nascimento.
Em choque com historiadores.
Jesus surgiu no cenário do mundo, não
como autor do seu romance, mas tão-somente como ator para representar a peça
escrita, não se sabe bem onde, em Roma ou, talvez, Alexandria. O judaísmo
forneceu o enredo, o Vaticano ficou com a bilheteria. E, para garantir o êxito
total da peça, a Igreja estabeleceu um rigoroso policiamento da plateia,
através da confissão auricular. Nem o marido escapava à delação da esposa ou do
próprio filho. O pensamento livre foi transformado em crime de morte. Os direitos
da pessoa humana, calcados aos pés. Nunca a mentira foi imposta de modo tão
selvagem como aconteceu durante séculos com as mentiras elaboradas pelo
cristianismo. À menor suspeita, a polícia tonsurada invadia o recinto e
arrastava o petulante para um escuro e nauseabundo calabouço onde as mais
infames torturas eram infligidas ao acusado. Depois, arrastavam-no à praça
pública para ser queimado vivo, o que, decerto, causava muito prazer ao
populacho cristão.
Desse modo, a Igreja tornou-se um
verdugo desumano, exercendo o seu poder de modo impiedoso e implacável, ao
mesmo tempo em que escrevia uma das mais terríveis páginas da história da
humanidade.
Durante muito tempo o sentimento de
humanidade esteve ausente da Europa, e a mentira triunfava sobre a verdade.
Milhares de infelizes foram sacrificados porque ousaram dizer a verdade. O
poder público apoiava a farsa religiosa, e era praticamente controlado pela
Igreja. Aquele que ousasse apontar as inverdades, as incoerências e o
irracionalismo básicos do catolicismo, seria eliminado. Tudo foi feito para
evitar que o cristianismo fracassasse, devido à fragilidade de seus
fundamentos. O que a Igreja jura de mãos postas ser a verdade, é desmentido
pelo conhecimento, pela ciência e pela razão.
E olha que lá no prefácio está escrito “O
seu intuito é exclusivamente patentear as provas inequívocas de falsificação e
mistificação, as quais foram impostas aos homens a ferro e fogo, durante
séculos”. Estes últimos capítulos está mais para “doutrinação”.
IX
Jesus
Cristo, um Mito Bíblico
Folheando as páginas da história humana, e não encontrando aí qualquer
referência à passagem de Jesus pela terra, nós, estudiosos do assunto,
convencer-nos-emos de que ele nada mais é do que um mito bíblico. Pesquisando
os Evangelhos na esperança de encontrar algo de positivo, deparamo-nos mais uma
vez com o simbolismo e a mitologia. A história que o envolve desde o nascimento
até a morte é a mesma do surgimento de inúmeros deuses solares ou redentores.
Vou deixar o comentário para o fim da seção, para não ficar repetindo as
respostas as mesmas afirmativas vazias até aqui colocadas.
É de se notar o cuidado que tiveram
os compiladores dos Evangelhos para não permitir que Jesus praticasse senão o
que estava estabelecido pelas profecias do judaísmo. Assim, a vida de Jesus
nada mais é do que as profecias postas em prática. O cristianismo e os
Evangelhos são um modo de reavivamento da chama do judaísmo, ante a destruição
do templo de Jerusalém. É uma transformação do judaísmo, de modo a existir
dentro dos muros de Roma, de onde, posteriormente, ultrapassou os limites,
alcançando boa parte do mundo.
O sofrimento que o judaísmo infligiu
ao povo pobre deveria ser o suficiente para que se acabasse definitivamente.
Acreditamos que a ambição de Constantino é que deu lugar ao alastramento do
cristianismo, ou, melhor dizendo, do judaísmo sob novas roupagens e novo
enredo. Não fosse isso, a falta de cumprimento das pretensas promessas de
Abraão, de Moisés e do próprio Jesus Cristo já teria feito com que o judaísmo e
o cristianismo fossem varridos da memória do homem. De há muito o homem estaria
convencido da falsidade que é a base da religião.
Idealizaram o cristianismo que,
baseado no primarismo da maioria, deu novo alento ao judaísmo, criando assim, o
capitalismo e a espoliação internacional. O liberalismo que surgiu graças ao
monumental trabalho dos enciclopedistas, é que possibilitou ao homem uma nova
perspectiva de vida. A partir do enciclopedismo, os judeus e o judaísmo
deixaram de ser perseguidos por algum tempo, e com isto, quase perdeu sua razão
de ser.
Ao surgir Hitler e seu irracional
nazismo, encontrou quase a totalidade dos judeus alemães integrada de corpo e
alma na pátria alemã. O Fuhrer deu então um novo alento ao judaísmo, ao persegui-lo
de modo desumano. Graças à perseguição de que foram vítimas os judeus de toda a
Europa durante a guerra de 1940, surgiu a justificativa internacional para que
se criasse o Estado de Israel. Talvez o Estado de Israel, revivendo sua velha
megalomania racial, invalide em sangue a tendência natural para a socialização
do mundo e universalização do conhecimento. A socialização do mundo acabaria
com a irracional e absurda ideia de ser o judeu um bi-pátrida. Nasça onde
nascer, não se integra no meio em que nasce e vive. Daí a perseguição.
Os judeus ricos de todo o mundo
carreiam para Israel todo o seu dinheiro e, com ele, a tecnologia e o
conhecimento alugados. Graças a isto, poderá embasar ali os seus mísseis
teleguiados, tudo quanto houver de mais avançado na química, física e
eletrônica. Assim, terão meios de garantir a manutenção da sócio-economia
estruturada no capitalismo. Esta é uma situação realmente grave, a qual poderá
tornar-se dramática no porvir. O poder econômico concentrado em poucas mãos é uma
ameaça contra o homem e sua liberdade.
Apesar de o cristianismo liderar o
movimento que faz do homem e do seu destino o centro das preocupações das altas
lideranças sociais, a grande maioria dos homens está marginalizada, porque o
poder econômico do mundo acumula-se em poucas mãos. E, se permanecemos crendo
em tudo quanto criaram os judeus de dois milênios atrás, isso é sinal de que
não evoluímos o bastante para justificar o decurso de tanto tempo. Se o
progresso científico e a tecnologia avançada não conseguirem libertar-nos dos
mitos, estará patente mais uma vez o estado pueril em que ainda se encontra o
desenvolvimento mental do homem. O homem não será de todo livre enquanto
permanecer preso às convenções religiosas, as quais possuem como único fundamento
o mito e a lenda.
Se assim falamos, não é que estejamos
sendo movidos por um antissemitismo ou um anticlericalismo doentio; de modo
algum isto é verdadeiro. O que nos motiva tomar em pauta o assunto é o desejo
de ver um crescente número de pessoas partilhar conosco do conhecimento da
verdade.
Temos dito repetidas vezes que tudo
aquilo em que se fundamenta o cristianismo é apenas uma compilação de velhas
lendas dos deuses adorados por diversos povos. Strauss diz que saiu do Velho
Testamento a pretensão de que Jesus encarnar-se-ia em Maria, através do
Espírito Santo. Em números, 24:17 estava previsto que uma estrela guiaria os
reis magos.
Cantu lembra que, juntando-se os
livros do Velho Testamento com os do Novo, teremos 72 livros, o mesmo número de
anciãos teria Moisés escolhido para subir com ele ao Monte Sinai. O Velho
Testamento previa que o povo seguiria a Jesus, mesmo sem conhecê-lo. Seriam os
peixes retirados da água pelos apóstolos, e os mesmos da pescaria de São
Jerônimo. Moisés teria feito da pedra o símbolo da força de Jeová, por isto,
Jesus devia dar a Pedro as chaves do céu.
Oseias 11:1 e Jeremias
31:15-16-4-10-28 profetizam que o Messias seria chamado por Jeová, do Egito,
ligado ao pranto de Raquel pelo assassinato dos filhos. Então arranjaram a
terrível matança dos inocentes, a qual consta apenas em dois evangelhos, sendo
silenciado o assunto pelos outros dois e pelos relatos enviados a Roma.
Strauss lembra também que a discussão
de Jesus com doutores do templo, assim como a passagem de Ana e Semeão, bem
como a circuncisão, estava tudo previsto no Velho Testamento. Diz ainda que
teria ido para Nazaré após o regresso do Egito apenas para que os Evangelhos
pudessem atribuir-lhe a alcunha de nazareno. Entretanto, Nazaré não existia,
pelo menos naquela época; era uma cidade fantasma, só passando a existir nas
páginas dos Evangelhos. Assim, Jesus foi nazareno, não por ter nascido em
Nazaré, visto que não poderia nascer em dois lugares, como também não poderia
nascer em uma cidade que não existia. Ele foi nazareno por ter sido um
comunista essênio. A anunciação e o nascimento de João Batista foram copiados
do Talmud.
As tentações de Jesus pelo demônio,
no deserto, segundo Emilio Bossi, foram copiadas das Escrituras. Os quarenta
dias passados no deserto são oriundos do cabalismo de Roma e da crença dos
babilônios, os quais atribuíam a esse número força cabalística. Por isso, tal
número repete-se várias vezes no decorrer das dissertações bíblicas: o dilúvio
descrito na Bíblia durou quarenta dias; Moisés esteve quarenta anos na corte do
Faraó; passou quarenta anos no deserto, e os ninivitas jejuaram quarenta dias.
Ezequiel teria sido conduzido por um
espírito de um lugar para outro, através do espaço. Abraão teria sido tentado
pelo demônio; os mesmos episódios passaram ao Novo Testamento, tendo Jesus como
protagonista. Perguntamos nós: por que tais coisas não mais se repetem? A
resposta só pode ser esta: elas jamais aconteceram. Tudo isto não passa de
lendas ou sonhos, os quais foram impostos como fatos reais.
O Talmud diz: “Então se abrirão os
olhos aos cegos e os ouvidos aos surdos”. Jesus teria de dizer: “Então o coxo
pulará como o cervo e a língua dos mudos se soltará”.
Em Lucas 4:27 Jesus cura Naamã,
reproduzindo uma cura efetuada por Eliseu, de um outro leproso. Elias e Eliseu
ressuscitaram mortos, por seu lado, Jesus ressuscitaria a Lázaro. Os discípulos
de Jesus, não sabendo como curar os endemoniados, recorrem ao Mestre. Passagem
semelhante está em Eliseu, cujo servo teria recorrido a ele para curar o filho
da sunamita. A multiplicação dos pães e dos peixes é a repetição de Moisés no
deserto, fazendo cair maná e cordonizes. Moisés transformou as águas do rio em
sangue e Jesus transforma a água em vinho.
Em Jeremias 7:11 e Isaías 56:7 está
escrito que o templo não deve se converter em um covil de ladrões, o que leva
os evangelistas a dizer que Jesus expulsou os mercadores do templo.
A transfiguração de Jesus é a mesma
coisa que aconteceu a Moisés, ao subir ao Monte Sinai, quando encontrou com
Jeová. Aliás, Moisés havia prometido que viria um profeta semelhante a ele. A
traição de Judas repete o mesmo acontecimento em relação a Crestus.
A prisão de Jesus foi descrita de
modo igual no Talmud. A fuga dos apóstolos estava prevista por Isaías. Jesus
foi crucificado na Páscoa, representando o cordeiro pascal.
Essas comparações patenteiam a
existência do cristianismo muito antes de Filon. Donde se deduz que Jesus foi
inventado de acordo com as Escrituras, sem esquecer de anexar as ideias de
Filon ao relato de sua pretensa vida. Fócio demonstrou que os Evangelhos foram
copiados de Filon. São Clemente e Orígenes, embora fossem padres da Igreja,
orientaram-se por Filon e não pelo bispo de Roma.
Estas citações seriam suficientes
para se provar que Jesus jamais existiu. É apenas um produto da mente clerical,
a qual o compôs baseada em mitos e lendas.
Deixa-me ressaltar a parte mais honesta
intelectualmente desta obra “Acreditamos
que a ambição de Constantino é que...”. Infelizmente o que o autor não percebeu
é que o que ele tem descrito até aqui é o que ele acredita, muito pouco além disso (se que há algo além).
Sobre Jesus só fazer o que já estava no
Antigo Testamento (AT), é melhor rever o Novo Testamento. Como exemplo: alguém
sabe de algum personagem do AT que conjuga o verbo ser (proibido entre os
judeus, pois só Deus é) e diz “Eu sou”, o que equivale a se auto afirmar como
Deus?
X
As
Contradições sobre Jesus Cristo
Como tudo o mais que se refere à existência de Jesus na terra, também a
sua ascendência é objeto de controvérsias. Segundo Mateus e Lucas, Jesus
descende ao mesmo tempo de David e do Espírito Santo. Entretanto, como filho do
Espírito Santo, não poderá descender de José, consequentemente deixa de ser
descendente de David e o Messias esperado pelos judeus. Assim, Jesus ficará
sendo apenas Filho de Deus, ou Deus, visto ser uma das três pessoas da trindade
divina.
Em ambos os evangelhos acima citados
há referências quanto a data de nascimento de Jesus, mas tais referências são
contraditórias o Jesus descrito por Mateus teria onze anos quando nasceu o de
Lucas. Mateus diz que José e Maria fugiram apressadamente de Belém, sem passar
por Jerusalém, indo direto para o Egito, após a adoração dos Reis Magos.
Herodes iria mandar matar as criancinhas. Todavia, Lucas diz que o casal
estivera em Jerusalém e acrescenta a narração da cena de que participaram Ana e
Semeão. De modo que um evangelista desmente o outro. Lucas não alude à matança
das criancinhas, nem à fuga para o Egito.
Por outro lado, Marcos e João não se
reportam à infância de Jesus, passando a narrar os acontecimentos de sua vida a
partir do seu batismo por João Batista.
Mateus que conta o regresso de Jesus,
vindo do Egito e indo para Nazaré, deixa-o no esquecimento, voltando a
ocupar-se dele somente depois dos seus trinta anos, quando ele procura João
Batista. Diz ainda que João já o conhecia e, por isto, não o queria batizar,
por ser um espírito superior ao seu.
Lucas narra a discussão de Jesus com
os doutores da lei, aos doze anos de idade. Sendo perguntado pela mãe sobre o
que estava ali fazendo, teria respondido que se ocupava com os assuntos do pai.
Emilio Bossi, referindo-se a esta
passagem, estranha a atividade da mãe. Se o filho nascera milagrosamente, e ela
não o ignora, só poderia esperar dele uma sequência de atos milagrosos. Mesmo a
sua presença no templo, entre os doutores, não deveria causar preocupação à sua
mãe, visto saber ela que o filho não era uma criança qualquer, e sim um Deus.
Lucas diz que os samaritanos não
deram boa acolhida a Jesus, o que muito irritara a João. Contudo, João, o
Evangelista, diz que os samaritanos deram-lhe ótima acolhida e, inclusive,
chamaram-no de salvador do mundo.
Os evangelistas divergem também
quanto ao relato da instituição da eucaristia. Três deles afirmam que Jesus
instituiu-a no dia da Páscoa, enquanto João afirma que foi antes. Enquanto os
três descrevem como aconteceu, João silencia.
Na última noite Jesus estava muito
triste, como, aliás, permaneceria até a morte. Pondo o rosto em terra, orou
durante muito tempo. Segundo os evangelistas, ele estava de tal modo triste e
conturbado que teria suado sangue, coisa, aliás, muito estranha, nunca
verificada cientificamente.
Enquanto isto, seus companheiros
dormiam despreocupadamente, não se incomodando com os sofrimentos do Mestre.
Entretanto João não fala sobre esse estado de alma do Mestre. Pelo contrário,
diz que Jesus passara a noite conversando, quando se mostrava entusiasta de sua
causa e completamente tranquilo. Lucas, Mateus e Marcos afirmam que o beijo de
Judas denunciara-o aos que vieram prendê-lo. Todavia, João diz que foi o
próprio Jesus quem se dirigiu aos soldados dizendo-lhes tranquilamente: “Sou
eu”.
Lucas é o único que fala no episódio
da ida de Jesus de Pilatos para Herodes Antipas. Os outros caem em contradição
quanto à hora do julgamento pelo Conselho dos Sacerdotes em presença do povo.
João não fala a respeito do depoimento de Cireneu, nem na beberagem que teriam
dado a Jesus. Omite-se ainda quanto à discussão dos dois ladrões, crucificados
com Jesus, e quanto à inscrição posta sobre a cruz.
De forma que seu relato é bastante
diferente daquilo que os outros contaram. E as divergências continuam ainda no
que concerne ao quebramento das pernas, ao embalsamamento, à natureza do
sepulcro e ao tempo exato em que ele esteve enterrado. Quanto ao
embalsamamento, por exemplo, há muita coisa que não foi dita. Teriam retirado
seu cérebro e intestinos como se procede normalmente nesses casos? Se a
resposta for positiva, como explicar o fato de Jesus, após a ressurreição,
pedir comida? Como se vê, as verdades bíblicas são além de controvertidas,
incompreensíveis.
Lucas diz que Jesus referiu-se aos
que sofrem de fome sede, enquanto Mateus diz que ele se referia aos que têm
fome e sede de justiça, aos pobres de espírito. Uns afirmam que Jesus tratara
os publicanos com desprezo e ódio, outros dizem que ele se mostrou amigável em
relação a eles. Para uns, Jesus teria dito que publicassem as boas obras, para
outros, que nada dissessem a respeito. Uma hora Jesus aconselha o uso da força
física e da resistência, mandando até que comprassem espada; noutra, ameaça os
que pretendem usar a força.
Marcos, Mateus e Lucas dizem que Jesus
recomendara o sacrifício. Entretanto, não tomou parte em nenhum deles.
Mateus diz que Jesus afirmou não ter
vindo para abolir a lei nem os profetas, enquanto Lucas diz que ele afirmara
que isso já estava no passado, já tivera o seu tempo. Os três afirmam ainda que
Jesus apenas pregara na Galileia, tendo ido raramente a Jerusalém, onde era
praticamente desconhecido. Todavia, João diz que ele ia constantemente a
Jerusalém, onde realizara os principais atos de sua vida. As coisas ficam de
modo que não se sabe quem disse a verdade, ou, melhor dizendo, não sabemos quem
mais mentiu. Ora, se Jesus tivesse realmente praticado os principais atos de
sua vida em Jerusalém, seria conhecido suficientemente, e, então, não teriam
que pagar a Judas 30 dinheiros para entregar o Mestre.
João, que teria sido o precursor do
Messias, não se fez cristão, não seguiu a Jesus, pregando apenas o judaísmo no
aspecto próprio. Entretanto, depois de preso, enviou um mensageiro a Jesus,
indagando-lhe: “És tu que hás de vir, ou teremos de esperar um outro?”, ao que
Jesus teria respondido: “Você é o profeta Elias”. Talvez houvesse esquecido que
o próprio João antes já declarara isso mesmo. Contam os Evangelhos que, desde a
hora sexta até Jesus exalar o último suspiro, a terra cobriu-se de trevas.
Contudo, nenhum escritor da época comenta tal acontecimento.
Marcos 25:25 diz que Jesus foi
sacrificado às 9 horas. João diz que ao meio dia ele ainda não havia sido
condenado à morte, e acrescenta que, a esta hora, Pilatos tê-lo-ia apresentado
ao povo exclamando: “Eis aqui o vosso rei”!
Emilio Bossi assinala detalhadamente
todas estas contradições, e as que se deram após a pretensa ressurreição,
dizendo que nada do que vem nos Evangelhos deve ser levado a sério. O
sobrenatural é o clima em que se encontra a Bíblia, e esta é apenas o resultado
da combinação de crenças e superstições religiosas dos judeus com as de outros
povos com os quais conviveram.
Como as ditas contradições não invalidam
a existência de Jesus, vou me limitar a apontar algumas fontes de respostas. Se
quiseres pode vc mesmo perguntar a uma pessoa de boa vontade que se dedica a
isso, como no site: http://www.respondi.com.br/2013/01/existem-contradicoes-nos-evangelhos.html
XI
As
Contradições Evangélicas
Mateus e Marcos afirmam enfaticamente que os discípulos de Jesus
abandonaram tudo para segui-lo, sem sequer perguntar antes quem era ele. Em
Mateus, lê-se que Jesus teria afirmado que não viera para abolir as leis de
Moisés. Contudo, esta seria uma afirmativa sem sentido algum, visto que hoje
sabemos que os livros atribuídos a Moisés são apócrifos.
Segundo João, quando Jesus falou ao
povo, foi por este acatado e proclamado rei de Israel, aos gritos de “Hosanna”.
Mas, um pouco adiante, ele se contradiz, afirmando que o povo não acreditou em
Jesus, e imprecando contra ele, ameaçava-o a ponto de ele haver procurado
esconder-se.
Mateus diz que Jesus entrara em
Jerusalém, vitoriosamente, quando a multidão tê-lo-ia recebido de modo festivo,
e marchando com ele, juncava o chão com folhas, flores e com os próprios
mantos, gritando: “Hosanna ao Filho de David! Bendito seja o que vem em nome do
Senhor!” Aos que perguntavam quem era, respondiam “Este é Jesus, o profeta de
Nazaré da Galileia”. No entanto, outros evangelistas afirmam que ele era um
desconhecido em Jerusalém.
Disseram que Pilatos estava
convencido da inocência de Jesus, razão porque teria tentado salvá-lo, abandonando-o
logo a seguir, indefeso e moralmente arrasado.
João faz supor que Pilatos teria
deixado matar a Jesus, temendo que denunciassem sua parcialidade ao imperador.
Se ele não castigasse a um insurreto que se intitulara rei dos judeus, estaria
traindo a César. No entanto, tal atitude por parte de Pilatos não combina com o
seu retrato moral, pintado por Filon. Era um homem duro e tão desumano quanto
Tibério. A vida de mais um ou menos um judeu, para ambos, era coisa da somenos
importância. Filon faz de Pilatos um carrasco, e mostra que ele, em Jerusalém,
agia com carta branca. Além disso, as reações de Pilatos com Tibério eram quase
fraternais e ele era um delegado de absoluta confiança do imperador. Mas, como
os Evangelhos foram compostos dentro dos muros de Roma, teriam de ser de modo a
não desagradar às autoridades Imperiais. Pilatos foi posto nisso apenas porque
os bens e a vida dos judeus estavam sob sua custódia. Entretanto, como a
ocupação romana foi feita em defesa dos judeus ricos, contra os judeus pobres e
os salteadores do deserto, as autoridades romanas temiam muito mais ao povo do
que a Roma.
Além disso, muitas eram as razões
para não gostarem de Pilatos nem de Herodes Antipas. Eles eram antipáticos aos
judeus pobres, por isso teriam temido a ira popular. Esta é a razão apresentada
pelos historiadores que levam a sério os Evangelhos, justificando assim o
perdão do criminoso Bar Abbas e a condenação do inocente Jesus. Entretanto, se
as legiões romanas realmente ali estivessem naquela época, nem Pilatos nem
Herodes tomariam em consideração a opinião do povo, porque se sentiriam
garantidos nos seus postos.
Além disso, a opinião popular é fator
ainda bem novo na técnica de formação dos governos. Tudo o que sabemos é o que
está nos Evangelhos. Jesus era um homem do povo e um dos que temiam o governo.
Por isso é que em Marcos, 16:7 encontraremos Jesus aconselhando os discípulos a
fuga. Em Lucas 10:4 Jesus está aconselhando aos discípulos a não falarem a
ninguém em suas viagens.
Em Mateus 35:23 encontraremos Jesus
reprovando os judeus que haviam assassinado Zacarias, filho de Baraquias, entre
o adro do templo e o altar. A história, no entanto, afirma ser esse episódio
imaginário. Flávio Josefo relata um acontecimento semelhante, registrado no ano
67, 34 anos após a pretensa morte de Jesus, referindo-se no caso a um homem
chamado Baruch. Isto evidencia o descuido dos compiladores dos Evangelhos, que
os compuseram sem levar em conta que, no futuro, as contradições neles
encontradas seriam a prova da inautenticidade dos fatos relatados.
Nicodemos, que teria sido um fariseu
rico, membro de Senedrin, homem de costumes morigerados e de boa-fé, não se fez
cristão, apesar de ter agido em defesa de Jesus contra os próprios judeus. Por
certo ele, como João Batista, não se convenceram da pretensa divindade de Jesus
Cristo, nem mesmo se entusiasmaram com suas pregações.
Outra ficção evangélica é debitada a
Paulo, o qual inventou um Apolo, que não figura entre os apóstolos e em nenhum
outro relato. Em Atos dos Apóstolos 18, lê-se: “Veio de Éfeso um judeu de nome
Apolo, de Alexandria, homem eloquente e muito douto nas Escrituras. Este era
instruído no caminho do Senhor, falando com fervor de espírito, ensinando com
diligência o que era de Jesus, e somente conhecia João Batista. Com grande
veemência convencia publicamente os judeus, mostrando-lhes pelas Escrituras que
Jesus era o Cristo”. Seria um judeu fiel ao judaísmo que, segundo Paulo,
procurava levar seus próprios patrícios para o Cristo? Na epístola I aos
Coríntios, diz que: “Apolo era igual a Jesus”.
Paulo, já no fim do seu apostolado,
afirma que o imperador Agripa era um fariseu convicto, e que sua religião era a
melhor que então existia. Era, assim, um divulgador do cristianismo afirmando a
excelência do farisaísmo. Falando de Jesus, Paulo descreve apenas um personagem
teológico e não histórico. Não se refere ao pai nem à mãe de Jesus, sendo um
ser fantástico, uma encarnação da divindade que viera cumprir um sacrifício
expiatório, mas não se reporta ao modo como teria sido possível a encarnação.
Não diz sequer a data em que Jesus teria nascido. Não relata como nem quando
foi crucificado. No entanto, estes dados têm muita importância para definir
Jesus como homem ou como um ser sobrenatural. Está patente, desse modo, que
Paulo é uma figura tão mitológica quanto o próprio Jesus.
Em Atos dos Apóstolos 28:15 e em 45
Paulo diz que, quando chegou a Pozzuoli, ele e os seus companheiros foram ali
bem recebidos, havendo muita gente à beira da estrada esperando-os. Entretanto,
chegando a Roma, teve de defender-se das acusações de haver ofendido em
Jerusalém ao povo e aos ritos romanos.
Na Epístola aos Romanos 1:8 Paulo diz
que a fé dos cristãos de Roma alcançara todo o mundo, razão porque encerraria
sua missão tão logo regressasse da Espanha, onde saudaria um grande número de
fiéis. Mas, se assim fosse, por que Paulo teve de se defender perante os
cristãos de Roma, contra o seu próprio judaísmo?
Com pouco tempo Paulo já pensava
encerrar sua missão porque o cristianismo já se universalizara. Entretanto, ele
continuava considerando como melhor religião o farisaísmo. O cristianismo a que
Paulo referia-se deveria ser anterior a Jesus Cristo, que era o seguido pelos
cristãos de Roma, e não pelos cristãos dos lugares por onde Paulo havia passado
pregando.
Eusébio disse que o cristianismo de
Paulo era o terapeuta do Egito, e Tácito disse que os hebreus e os egípcios
formavam uma só superstição.
Idem à seção anterior.
XII
Algumas
Fontes do Cristianismo
O passado religioso do homem está repleto de deuses solares e
redentores. Na índia, temos Vishnu, um deus que se reencarnou nove vezes para
sofrer pelos pecados dos homens. No oitavo avatar foi Krishna e, no nono, Buda.
Krishna foi igualmente um deus redentor, nascido de uma virgem pura e bela,
chamada Devanaguy. Sua vinda messiânica foi predita com muita antecedência,
conforme se vê no Atharva, no Vedangas e no Vedanta. O deus Vishnu teria
aparecido a Lacmy, mãe da virgem Devanaguy, informando que a filha iria ter um
filho-deus, e qual o nome que deveria dar-lhe. Mandou que não deixasse a filha
casar-se, para que se cumprissem os desígnios de deus. Tal teria acontecido
3.500 anos a.C. no Palácio de Madura. O filho de Devanaguy destronaria seu tio.
Para evitar que acontecesse o que estava anunciado, Devanaguy teria sido
encerrada em uma torre, com guardas na porta. Mas, apesar de tudo, a profecia
de Poulastrya cumpriu-se, “O espírito divino de Vishnu atravessou o muro e se
uniu à sua amada”. Certa noite ouviu-se uma música celestial e uma luz iluminou
a prisão, quando Viscohnu apareceu em toda a sua majestade e esplendor. O
espírito e a luz de deus ofuscaram a virgem, encarnando-se. E ela concebeu. Uma
forte ventania rompeu a muralha da prisão quando Krishna nasceu. A virgem foi
arrebatada para Nanda, onde Krishna foi criado, lugar este ignorado do rajá.
Os pastores teriam recebido aviso
celeste do nascimento de Krishna, e então teriam ido adorá-lo, levando-lhe
presentes. Então o rajá mandou matar todas as criancinhas recém-nascidas, mas
Krishna conseguiu escapar. Aos 16 anos, Krishna abandonou a família e saiu pela
Índia pregando sua doutrina, ressuscitando os mortos e curando os doentes. Todo
o mundo corria para vê-lo e ouvi-lo. E todos diziam: “Este é o redentor
prometido a nossos pais”. Cercou-se de discípulos, aos quais falava por meio de
parábolas, para que assim só eles pudessem continuar pregando suas ideias.
Certo dia os soldados quiseram matar
Krishna, quando seus discípulos amedrontados fugiram. O Mestre repreendendo-os,
e chamou-os de homens de pouca fé, com o que reagiram e expulsaram os soldados.
Crendo que Krishna fosse uma das muitas transmigrações divinas, chamaram-no
“Jazeu”, o nascido da fé. As mulheres do povo perfumavam-no e incensavam-no, adorando-o.
Chegando sua hora, Krishna foi para
as margens do rio Ganges, entrando na água. De uma árvore, atiraram-lhe uma
flecha que o matou. O assassino teria sido condenado a vagar pelo mundo. Quando
os discípulos procuraram recolher o corpo, não o encontraram mais porque,
então, já teria subido para o céu.
Depois Vishnu tê-lo-ia mandado
novamente à terra pela nona vez, receberia o nome de Buda. O nascimento de Buda
teria sido, igualmente, revelado em sonhos à sua mãe. Nasceu em um palácio,
sendo filho de um príncipe hindu. Ao nascer, uma luz maravilhosa teria
iluminado o mundo. Os cegos enxergaram, os surdos ouviram, os mudos falaram, os
paralíticos andaram, os presos foram soltos e uma brisa agradável correu pelo
mundo. A terra deu mais frutos, as flores ganharam mais cores e fragrância,
levando ao céu um inebriante perfume. Espíritos protetores vigiaram o palácio,
para que nada de mal acontecesse à mãe. Buda, logo ao nascer, pôs-se de pé
maravilhando os presentes.
Uma estrela brilhante teria surgido
no céu no dia do seu nascimento. Nasceu também, nesse mesmo dia, a árvore de
Bó, a cuja sombra o menino deus descansaria. Entre os que foram ver Buda,
estava um velho que, como Semeão, recebeu o dom da profecia. Sua tristeza seria
não poder assistir à glória de Buda por ser muito velho.
Buda teria maravilhado os doutores da
lei com a sua sabedoria. Com poucos anos de idade, teria começado sua pregação.
Teria ficado durante 49 dias sob árvore de Bó, e sido tentado várias vezes pelo
demônio. Pregando em Benares, convertera muita gente. O mais célebre de seus
discursos recebeu o nome de “Sermão da Montanha”. Após sua morte apareceria
também aos seus discípulos, trazendo a cabeça aureolada. Davadatta trai-lo-ia
do mesmo modo que Judas a Jesus. Nada tendo escrito, os seus discípulos
recolheriam os seus ensinamentos orais. Buda também tivera os seus discípulos
prediletos, e seria um revoltado contra o poder abusivo dos sacerdotes
bramânicos. Mais tarde, o budismo ficaria dividido em muitas seitas, como o
cristianismo.
Quando missionários cristãos
estiveram na índia, ficaram impressionados e começaram a perceber como nasceu o
romance da vida de Jesus. O Papa do budismo, o Dalai-Lama, também se diz ser
infalível.
Mitra, um deus redentor dos persas,
foi o traço de união entre o cristianismo e o budismo. Cristo foi um novo
avatar, destinado aos ocidentais. Mitra era o intermediário entre Ormuzd e o
homem. Era chamado de Senhor e nasceu em uma gruta, no dia 25 de dezembro. Sua
mãe também era virgem antes e depois do parto. Uma estrela teria surgido no
Oriente, anunciando seu nascimento. Vieram os magos com presentes de incenso,
ouro e mirra, e adoraram-no. Teria vivido e morrido como Jesus. Após a morte, a
ressurreição em seguida.
Fírmico descreveu como era a
cerimônia dos sacerdotes persas, carregando a imagem de Mitra em um andor pelas
ruas, externando profunda dor por sua morte
Por outro lado, festejavam
alegremente a ressurreição, acendendo os círios pascais e ungindo a imagem com
perfumes. O Sumo Sacerdote gritava para os crentes que Mitra ressuscitara, indo
para o céu para proteger a humanidade.
Os ritos do budismo, do mitraísmo e
do cristianismo são muito semelhantes. Horus foi o deus solar e redentor dos
egípcios. Horus, como os deuses já citados, também nasceria de uma virgem. O
nascimento de Horus era festejado a 25 de dezembro.
Amenófis III criou um mito religioso,
que depois foi adaptado ao cristianismo. Trata-se da anunciação, concepção,
nascimento e adoração de Iath. Nas paredes do templo, em Luxor, encontram-se os
referidos mistérios.
Baco, o deus do vinho, foi também um
deus salvador. Teria feito muitos milagres, inclusive a transformação da água
em vinho e a multiplicação dos peixes. Em criança, também quiseram matá-lo.
Adonis era festejado durante oito
dias, sendo quatro de dor e quatro de alegria; as mulheres faziam as
lamentações, como as carpideiras pagas de Portugal. O rito do Santo Sepulcro
foi copiado do de Adonis. Apagavam todos os círios, ficando apenas um aceso, o
qual representava a esperança da ressurreição. O círio aceso ficava
semiescondido, só reaparecendo totalmente no momento da ressurreição, quando
então o pranto das mulheres era substituído por uma grande alegria.
Também os fenícios, muitos milênios
antes, já tinham o rito da paixão, do qual copiaram o rito da paixão de Cristo.
Todos os deuses redentores passaram
pelo inferno, durante os três dias entre a morte e a ressurreição. Isto é o que
teria acontecido com Baco, Osiris, Krishna, Mitra e Adonis. Nestes três dias,
os crentes visitavam os seus defuntos, segundo Dupuis, em “L’ Origine des tous
les cultes”.
Todos os deuses redentores eram
também deuses-sol, como Átis, na Frígia; Balenho, entre os celtas; Joel, entre
os germanos; Fo, entre os chineses.
Assim, antes de Jesus Cristo, o mundo
já tivera inúmeros redentores. Com este ligeiro apanhado da mitologia dos
deuses, deixamos patente a origem do romance do Gólgota. Acreditamos ter
esclarecido quais as fontes onde os criadores do cristianismo foram buscar
inspiração.
Bela coletânea. Mas já foi explicada a
relação de Jesus com os mitos solares antigos.
XIII
Jesus
Cristo, uma Cópia Religiosa
O precedente estudo permite-nos constatar que, nas diversas épocas da
história, as religiões transformam-se, variando em razão da complexidade cada
vez maior das sociedades em que elas existem.
Vimos que a crença em um deus
redentor é muito anterior ao judaísmo, sempre ligada à ânsia da necessidade de
redenção das tremendas aflições do populacho. Quanto a Jesus Cristo, resultou
de uma série de mitos, que os hebreus copiaram dos babilônicos, dos egípcios e
de outros povos, visando com isto dar consistência ao judaísmo.
Estudos filológicos forneceram as
bases para o estabelecimento de um traço de união entre as crenças dos deuses
orientais e o judaísmo. Tomemos, por exemplo, as palavras Ahoura-Mazzda e
Jeová, que significam “O que é”. Partindo de velhas lendas orientais, e
baseando-se na origem comum da palavra, foi compilado o Gênese, numa tentativa
de explicar a criação do mundo. Segundo o Zend-Avesta, o Ser Eterno criou o céu
e a terra, o sol a lua, as estrelas, tudo em seis períodos, aparecendo o homem
por último.
O descanso foi posto no sétimo dia.
Manu havia ensinado, muito antes, que no começo tudo era trevas, quando Bhrama
dispersou-as, criou e movimentou a água, em seguida produziu os deuses
secundários, os anjos dirigidos por Mossura, os quais posteriormente
rebelar-se-iam contra Deus. Veio então Shiva, e arrojou-os ao inferno. Shiva
tornou-se a terceira pessoa da Santíssima Trindade Bhramânica em consequência
das sucessivas invasões bárbaras sofridas pela Índia. Os bárbaros, crendo em
Shiva, o deus da lascívia e do sensualismo, impuseram sua inclusão, com o que
surgiu a trindade divina de Bhrama.
Manu ensinara igualmente que Deus
criara o homem e a mulher, fazendo-os apenas inferior a Devas, isto é, Deus. O
primeiro homem recebera o nome de Adima ou Adam, e a primeira mulher, Heva,
significando o complemento da vida. Foram postos no paraíso celeste e receberam
ordem de procriar. Deveriam adorar a Deus, não podendo sair do paraíso. Mas, um
dia, indo ver o que havia fora dali, desapareceram. Bhrama perdoou-os, mas
expulsou-os, condenando-os a trabalhar para viver. E disse que, por haverem
desobedecido, a terra tornar-se-ia má, porque o espírito do mal dela se apoderara.
Entretanto, mandaria seu filho Vishnu
que, se encarnando em uma virgem, redimiria a humanidade, libertando-a
definitivamente do pecado da desobediência.
Ormuzd teria prometido ao primeiro
casal humano que, se fossem bons, seriam felizes na terra. Mas Arimã mandou que
um demônio em forma de serpente aconselhasse a desobedecerem a deus. Comeram os
frutos que Arimã lhes deu, acabou a felicidade humana, e todos os que nascessem
daí em diante seriam infelizes. Sendo levados cativos para a Babilônia, os
judeus ali encontraram tal lenda. Libertos, voltando à Judeia, trouxeram essa
crendice, como também a crença da imortalidade da alma e da vida futura, dos
espíritos bons e espíritos maus, surgindo daí os anjos Gabriel, Miguel e
Rafael, os querubins e serafins. Nasceu daí o mito do diabo, o anjo rebelado.
A palavra paraíso é o termo persa que
significa jardim. Os persas, os hindus, os egípcios e os gregos criam no
paraíso. Da mesma forma, todos eles criam no inferno. Entretanto, as crenças
antigas desconheciam as penas eternas, que foram criadas pelo cristianismo,
aliás, uma das poucas coisas originárias dessa crença. Também o purgatório,
naturalmente, é outra novidade do cristianismo, sendo desconhecido do judaísmo.
A ideia do purgatório vem de Platão, que havia dividido as almas em puras,
curáveis e incuráveis.
Os filhos de Adima e Heva haviam-se
tornado numerosos e maus. Por isso, Deus mandou o dilúvio para matá-los. Mas
deu ordem a Vadasuata para construir um barco e nele entrar com a família,
devido ao fato de ser um homem virtuoso. Deveria levar consigo, além da
família, um casal de cada espécie de animal existente: esta é a história do
dilúvio relatada nos Vedas, e que foi incluída na Bíblia dos cristãos.
As origens do cristianismo repousam,
incontestavelmente, nas lendas e crenças dos deuses mitológicos, não apenas dos
judeus, mas também de outros povos.
Os caldeus e os fenícios, como os
judeus, haviam-se especializado no comércio, e por dever de ofício,
alfabetizaram-se. Assim, sabendo ler e escrever, puderam copiar as lendas e o
folclore dos povos com os quais comerciavam e conviviam, os quais puderam
adquirir longevidade e fixar-se melhor na memória humana.
Sendo comerciantes por excelência, os
judeus perceberam que a religião poderia tornar-se uma boa mercadoria, através
da qual adviria o domínio de muitos povos e vontades. Desta forma, tendo
compilado o que julgaram mais interessante ou mais proveitoso em relação aos
seus propósitos, passaram a difundir pelo mundo as suas ideias religiosas. Com
isto, o conhecimento e a razão foram substituídos pelas crendices e
superstições religiosas.
Desde há muito a religião tem servido
para moderar os impulsos humanos, sobretudo daqueles que pertencem a uma classe
social menos favorecida.
Salientamos o prejuízo que o mundo
tem sofrido com o rebaixamento mental imposto com as crenças e superstições
religiosas, com o que o conhecimento sofre uma estagnação sensível.
No entanto, o homem tem-se deixado
levar pelas crenças e práticas religiosas sem que nenhum benefício lhe advenha
em retribuição. O homem tem feito tudo por si mesmo, apesar de sua
religiosidade. A única classe beneficiada realmente com a religião é a dos
sacerdote.
Retornamos ao assunto em pauta, após
uma rápida digressão. A Bíblia cita dez patriarcas que teriam morrido em idade
avançada, antes do dilúvio. Contudo, essa lenda provém da tradição caldáica,
segundo a qual dez reis governaram durante 432 anos. Da mesma forma, as lendas
hindus, egípcias, árabes, chinesas ou germânicas fazem referência a homens que
teriam tido uma longa vida, como a do Matusalém da Bíblia.
Igualmente, a lenda de Abraão, que
deveria sacrificar o seu filho Isaac, procede de lendas anteriores ao judaísmo.
O livro das profecias hindus relata uma história igual. Ramatsariar conta que
Adgitata, protegido de Bhrama, por ser um homem de bem, teve um filho que
nasceu tão milagrosamente como Jesus. Entretanto, Bhrama, para experimentá-lo,
ordena-lhe que sacrificasse o filho. Ele obedece, mas Bhrama impede-o no
momento exato, seu filho seria o pai de uma virgem, a qual, por sua vez, seria
a mãe de deus-homem.
José e a mulher de Putifar foi a
cópia de uma velha lenda egípcia, conforme documentos recentemente traduzidos.
Era uma história intitulada “Os dois irmãos”.
Emílio Bossi, relatando o achado, dá
a palavra a Jacolliot: “Um homem da Índia fez leis políticas e religiosas;
chamava-se Manu. Esse mesmo Manu foi o legislador egípcio, Manas. Um cretense
vai ao Egito estudar as instituições que pretende dar ao seu pais, e a história
confirma-nos isto dizendo que esse cretense foi Minos. Enfim, o libertador dos
escravos judeus chamava-se Moisés, que teria recebido as leis das mãos do
próprio Jeová. Temos, então, Manu, Manes, Minos e Moisés, os quatro nomes que
predominaram no mundo antigo. Aparecem nos albores de quatro diversos povos
para representar o mesmo papel, rodeados da mesma auréola misteriosa, os quatro
são legisladores, grandes sacerdotes e fundadores das sociedades teocráticas e
sacerdotais. Esses quatro nomes têm a mesma raiz sânscrita. O hinduismo deu
origem ao judaísmo. Por isso, de Jeseu Krishna fizeram Jesus Cristo”.
Documentos recentemente estudados
mostram terem sido os hindus os prováveis colonizadores do Egito. A
documentação demonstra que o conhecimento nasceu do saber hindu.
A assiriologia mostra que a lenda de
Moisés foi copiada da de Sargão I, rei acádio, que igualmente teria sido salvo
em um cesto deixado no rio, à deriva.
A lenda de Sansão é outro exemplo.
Sansão representa o sol. O poder que lhe foi atribuído é o mesmo dos deuses
solares. E, assim, examinando os escritos de antigas civilizações, chegamos ao
conhecimento das origens de tudo o que a Bíblia narra como fatos reais.
Concluímos então que Jesus Cristo nada mais representa que uma cópia das lendas
e mitos dos deuses adorados por povos os mais remotos e variados.
Se o autor aprofundasse um pouco mais,
chegaria na fone primária de uma série de relatos Bíblicos: os sumérios. Mas
sem qualquer novidade neste capítulo para o escopo do assunto aqui tratado
(Jesus Histórico).
XIV
Os Deuses
Redentores
Percebendo a importância da luz do sol sobre a terra, o homem imaginou que
essa luz seria uma emanação protetora de Deus. Da ideia de que existia um único
sol, surgiu o monoteísmo, isto é, a crença em um só Deus.
Das palavras Devv e Divv, que em
sânscrito significam sol e luminoso, originou-se a palavra deus. Daí, em grego,
a palavra Zeus; em latim, deo; para os irlandeses, dias; em italiano dio, etc.
A parte do tempo em que a terra
recebe a luz do sol recebeu o nome dia em oposição ao período de trevas, a
noite. O dia teria sido um presente divino, graças à luz solar. Conseguindo
produzir o fogo, aumentou a crença humana no deus sol. Graças ao fogo, o homem
pôde libertar-se de um dos seus maiores inimigos, que era o frio, assim como
passou a cozinhar os seus alimentos. Devendo cada vez mais a vida ao calor, a
gratidão do homem para com o sol cresceu ainda mais. Foi assim que nasceu o
mito solar, do qual Jesus Cristo é o último rebento.
Por uma série de ilações, chegaram
igualmente à concepção do significado místico da cruz. Dos raios solares foi
criada uma cruz, espargindo raios por todos os lados. Da mesma forma foi a
ideia do Espírito Santo, um espírito benfazejo, que irradia a bondade divina.
Depois a sequência mística do sol, o fogo e o vento, dando origem a Salvitri,
Agni e Vayu, do mito védico.
O rito védico celebra o nascimento de
Salvitri, o deus-sol, em 25 de dezembro, no solstício, quando aparecem as
refulgentes estrelas. As estrelas trazem a boa nova, a perspectiva de boas
colheitas. Daí os sacrifícios e os ritos propiciatórios oferecidos ao deus-sol.
Assim os cristãos encontraram o seu
Jesus Cristo.
A vida dos deuses redentores é a vida
do sol. Por isso, todos eles tiveram suas datas de nascimento fixadas em 25 de
dezembro: Mitra, Horus e Jesus Cristo. Também é simbólica a ressurreição na
primavera, tempo da germinação e das folhas novas. Baseando-se nisto,
Aristóteles e Platão admitiram uma certa racionalidade dos que adoravam o sol.
Heródoto e Estrabão diziam que Mitra
era o deus-sol, tendo por emblema um sol radiante. Plutarco conta que o culto
de Mitra veio para a Sicília trazido pelos piratas do mar. Em escavações feitas
no solo italiano, foram encontradas placas de barro solidificados ao sol
trazendo esta inscrição: “Deo Soli Invicto Mitrae”, lembrando o deus dos
persas.
Niceto escreveu que certos povos
adoraram a Mitra como o deus do fogo, outros como sendo o deus-sol.
Júlio Fírmino Materno disse que Mitra
era a personificação do deus fogo, enquanto Aquelau considerava-o o deus-sol.
São Paulino descreveu os mistérios de
Mitra como sendo os de um deus solar e redentor. Karneki, rei hindo-escita, no
começo de nossa era, mandou cunhar moedas em que se vê a efígie de Mitra dentro
de um sol radiante. Mitra ainda era representado com um disco solar na cabeça,
segurando um globo com a mão esquerda. Do mesmo modo os cristãos representam
Jesus Cristo. Era o Senhor. Ao surgir o cristianismo, os cristãos primitivos
ainda chamavam o sol de “Dominus”, com o que, lentamente, foi absorvendo o
ritual mitráico.
No Egito, o sol era o “Pai
Celestial”. Um obelisco trazido para o Circo Máximo de Roma trazia esta
inscrição: “O grande Deus, o justo Deus, o todo esplendente”, tendo um sol
espargindo seus raios para todos os lados.
Da mesma forma, todos os deuses dos
índios americanos pertenciam ao rito solar, assim como os deuses dos hindus,
dos chineses e japoneses. Os caldeus, adorando o sol como seu deus,
dedicaram-lhe a cidade de Sípara, onde ardia o fogo sagrado, eternamente, em
sua honra. Em Edessa e em Palmira foram encontrados templos dedicados ao
deus-sol. Orfeu considerava o sol como sendo o deus maior. Agamenon disse que o
sol era o deus que tudo via e de que tudo provinha.
Os judeus e os líderes do
cristianismo, para a formação deste, só tiveram de adaptar as crenças e rituais
antigos a um novo personagem: Jesus Cristo. Toda a roupagem necessária para
vestir o novo deus preexistia. Apenas fazia-se necessário amoldá-la um pouco.
já foi explicada a relação de Jesus com
os mitos solares antigos.
XV
Jesus
Cristo É um Mito Solar
Tendo em vista o completo silêncio histórico a respeito de Jesus Cristo,
bem como as evidentes ligações deste com o mito dos deuses-solares, Dupuis
escreveu o seguinte: “Um deus nascido de uma virgem, no solstício do inverno,
que ressuscita na Páscoa, no equinócio da primavera, depois de haver descido ao
inferno; um deus que leva atrás de si doze apóstolos, correspondentes às doze
constelações; que põe o homem sob o império da luz, não pode ser mais que um
deus solar, copiado de tantos outros deuses heliosísticos em que abundavam as
religiões orientais. No céu da esfera armilar dos magos e dos caldeus via-se um
menino colocado entre os braços de uma virgem celestial, a que Eratóstenes dá
como Ísis, mãe de Horus. Seu nascimento foi a 25 de dezembro. Era a virgem das
constelações zodiacais. Graças aos raios solares, a virgem pôde ser mãe sem
deixar de ser virgem… Via-se uma jovem ‘Seclanidas de Darzana’, que em árabe é
‘Adrenadefa’, e significa virgem pura, casta, imaculada e bela… Está assentada
e dá de mamar a um filho que alguns chamam de Jesus e, nós, de Cristo”.
Já vimos que Jesus repete todos os
mistérios dos deuses solares e redentores, pelo que Heródoto, Plutarco,
Lactâncio e Firmico puderam afirmar que esse deus redentor é o sol. De modo que
Jesus é apenas mais um deus solar.
Ainda hoje, grande parte do rito
cristão é de origem solar. Na Bíblia, encontramos estas palavras: “Deus
estabeleceu sua tenda no sol”, e ainda: “Sobre vós que temeis o meu nome,
levantar-se-á o sol da justiça e vossa vida estará em seus raios”.
João diz que “o verbo é a lei, a luz
e a vida, a luz que Ilumina a vista de todos os mortais, a luz do mundo”. E
ainda chama a Jesus de o “cordeiro”, o “Agnus Dei qui tollit peccata mundi”.
Com isto, o Apocalipse fez de Jesus o “cordeiro pascal”, e a Igreja adorou-o
sob a forma de um cordeiro até o ano de 680. Era o Cristo o Áries zodiacal,
vindo de Agnus, com a significação de fogo, o sol condensado.
Origenes justificava a adoração do
sol tendo em vista a sua luz sensível e também pelo aspecto espiritual.
Tertuliano reconheceu que o dogma da
ressurreição tem sua origem na religião persa de Mitra. Para S. Crisóstomo,
Jesus era o sol da justiça, para Sinésio, o sol intelectual. Fírmico Materno
descreveu Jesus baixando ao inferno, esplendente como o sol.
O domingo, o dia do Senhor, o dia do
descanso, procede de Dominus, o deus-sol, o Senhor.
Segundo Teodoro e Cirilo, para o
maniqueus Cristo era o sol. Os Saturnilianos acreditavam que a alma tinha
substância solar, deixando o corpo e voltando para o sol, de onde proviera,
após a morte.
O antigo rito do batismo determinava
que o catecúmeno voltasse o rosto em primeiro lugar para o ocidente, para
retirar de si a satanás, símbolo das trevas.
Igualmente, as festas do sábado santo
são reminiscências do mito da luta do sol contra as trevas, na Páscoa. As
orações desse ofício são cópia dos hinos védicos. A palavra aleluia, que era o
grito de alegria dos persas, adoradores do sol, quando na Páscoa festejavam a
sua volta, significa: elevado e brilhante.
Foram necessários muitos séculos para
que a igreja pudesse alienar um pouco do que lembrava que o seu culto era de um
deus solar. Entretanto, a história escrita é inflexível, e demonstra que todos
os deuses redentores ou solares foram tão adorados quanto o mitológico Jesus
Cristo. E embora tenha havido longas fases em que foram impostos a ferro e
fogo, nem por isto deixaram de cair, nada mais sendo hoje do que o pó do
passado religioso do homem.
O certo é que Jesus Cristo é
mitológico de origem, natureza e significação. O seu surgimento ocorreu para
atender à tendência religiosa e mística da maioria, que ainda hoje teme as
realidades da vida e, portanto, procura, para orientar-se, algo fora da esfera
humana, na esperança de assim conseguir superar a si mesmo e aos obstáculos que
surgem quotidianamente.
O cristianismo é produto de
tendências naturais de uma época, aproveitadas espertamente pelos líderes do
cristianismo. O judeu pobre e oprimido, não tendo para quem apelar, passou a
esperar de Deus aquilo que o seu semelhante lhe negava. O sacerdote, valendo-se
do deplorável estado de espírito de uma população faminta e, sobretudo,
desesperançada, ressuscitou um dentre os velhos deuses para restaurar a
esperança do povo judeu. E, assim, surgiu mais um mito solar, mais um deus com
todos os atributos divinos, tal como os que antecederam. O novo deus solar em
questão é Jesus Cristo.
já foi explicada a relação de Jesus com
os mitos solares antigos.
XVI
Outras
Fontes do Cristianismo
Conforme temos dito repetidas vezes, o cristianismo tomou por empréstimo
tudo quanto se fez necessário à sua formação. Assim, todos os ensinamentos
atribuídos a Cristo foram copiados dos povos com os quais os judeus tiveram
convivência. A sua moral, a moral que Cristo teria ensinado, aprendeu-a com os
filósofos que o antecederam em muitos séculos.
De sorte que não há inovações em
nenhum setor ou aspecto do cristianismo. Antigos povos, milênios antes,
adoraram seus deuses semelhantemente.
Dentre as máximas adotadas pelo
cristianismo, comentaremos a seguinte: “Não faças aos outros o que não queres
que a ti seja feito”. Este ensinamento não teria partido de Jesus, conforme
pretendem os cristãos, não sendo sequer uma máxima cristã, originariamente.
Encontrá-la-emos em Confúcio, e ainda
no bramanismo, no budismo e no mazdeismo, fundado por Zoroastro. Era uma
orientação filosófica e religiosa, adotada pelos hindus. A originalidade do
cristianismo consistiu apenas em criar as penas eternas, um absurdo desumano e
irracional. Enquanto isso, o mazdeismo cria a possibilidade de regeneração do
pior bandido, admitindo mesmo a sua plena reintegração no seio da sociedade.
O perdão aos inimigos foi, muito
antes de Jesus, aconselhado por Pitágoras. Os egípcios religiosos praticavam
uma moral muito elevada. No “Livro dos Mortos” encontramos a confissão
negativa, de acordo com a qual a alma do morto comparecia ante o tribunal de
Osiris e proferia em alta voz as suas más ações.
O sentimento de igualdade e
fraternidade para com os homens foi ensinado por Filon. O cristianismo adotou
os seus ensinamentos, atribuindo-os a Jesus. São de Filon as seguintes
palavras: “Os que exaltam as grandezas do mundo como sendo um bem, devem ser
reprimidos.”; “A distinção humana está na inteligência e na justiça, embora
partam do nosso escravo, comprado com o nosso dinheiro.”; “Porque hás de ser
sempre orgulhoso e te achares superior aos outros?”; “Quem te trouxe ao mundo?
Nu vieste, nu morrerás, não recebendo de Deus senão o tempo entre o nascimento
e a morte, para que o apliques na concórdia e na justiça, repudiando todos os
vícios e todas as qualidades que tornam o homem um animal”; “A boa vontade e o
amor entre os homens são a fonte de todos os bens que podem existir”. Como
vemos, não há nada de novo no cristianismo.
Platão salientou a felicidade que
existe na prática da virtude. Ensinou a tolerância à injúria e aos maus tratos,
e condenou o suicídio. Recomendou o humanismo, a castidade e o pudor, e condenou
a volúpia, a vingança e o apego demasiado aos bens. Sua moral baseou-se na
exaltação da alma, no desprezo dos sentidos e na vida contemplativa. O Padre
Nosso foi copiado de Platão. Quem conhece bem a obra de Platão percebe os
traços comuns entre a mesma e o cristianismo. Filon inspirou-se em Platão e, a
Igreja, na obra de Filon, que helenizou o judaísmo.
Aristóteles afirmou que a comunidade
repousa no amor e na justiça. Admitia a escravatura, mas libertou os seus
escravos. Poderiam existir escravos, mas não a seu serviço. A comunidade
deveria instruir a todos, independentemente da classe social, com o que ensinou
o evangelho aos Evangelhos.
A abolição do sacrifício sangrento
não foi introduzida pelo cristianismo. Não lhe cabe tal mérito. Gélon, da Sicília,
firmando a paz com os cartagineses, estipulou como condição a supressão do
sacrifício de vidas animais aos seus deuses.
Sêneca aconselhava o domínio das
paixões, a insensibilidade à dor e ao prazer. Recomendava igualmente a
indulgência para com os escravos, dizendo que todos os homens são iguais.
Referia-se ao céu como fazem os cristãos, afirmando que todos são filhos de um
mesmo pai. Concebia como pátria o Universo. Os homens deveriam se ajudar e se
amar mutuamente. Enquanto isso, o humanismo cristão limitou-se apenas aos
irmãos de fé. O bem visa somente a salvação da alma, o que é egoísmo, nunca
humanismo. Sêneca manifestou-se contrário à pena de morte; o cristianismo, ao
contrario, é responsável por inúmeras execuções. Admitia a tolerância mesmo em
face da culpa. Em vez de perseguir e punir, por que não persuadir, ensinar e
converter?
Epíteto e Marco Aurélio foram bons
professores dos cristãos. Os filósofos greco-romanos foram grandes mestres da
moral cristã e da consolação, sem que para isto criassem empresas, negócios ou
castas. O cristianismo existente antes de Jesus Cristo já pregava a moral
anterior ao martírio do Gólgota. A moral cristã não veio de Jesus Cristo nem
dos Evangelhos, mas nasceu da tendência natural para o aperfeiçoamento do homem.
Não fosse a destruição sistemática de antigas bibliotecas, determinada pelo
clero no intuito de preservar os seus escusos interesses, hoje seria possível
patentear com documentos à mão que a moral anterior à cristã era bem melhor do
que esta, tendo-lhe servido de modelo. Assim, vê-se que a moral jamais foi
patrimônio de castas ou de indivíduos, sendo uma lenta conquista da humanidade,
com ou sem religião, e mesmo contra ela. Por isso é que o mundo racionaliza-se
continuamente, e avança sempre no sentido do seu aperfeiçoamento. A bondade
humana independe da ideia religiosa. A razão ensina-nos o que devemos ao nosso
meio social, independentemente da fé e da religião. Para justificar o
aparecimento de Jesus, fez-se necessário recorrer a uma moral que, no entanto,
já era um patrimônio da humanidade. Jesus nada mais foi do que a materialização
de qualidades que já existiam. Por isso, mesmo em moral, Jesus foi ator, não
autor. O cristianismo apenas sistematizou e industrializou essa velha moral,
estabelecendo-a como um rendoso comércio. A Igreja é responsável pela
deturpação dessa moral. Havia a moral pela moral, que foi substituída pela
moral bíblica, em que só se é bom para ganhar o céu.
Superpondo-se um grupo
empresarialmente forte, extinguiu-se a moral individual.
Verifica-se que não há qualquer novidade
na vã tentativa de demonstra que Jesus é apenas um mito. Já foi explicado o
motivo pelo qual filosofias religiosas antigas trazem elementos do
cristianismo. Corroborando com o que já disse lá atrás, lembre-se uq emuitas
vezes Jesus se referiu ao “Princípio”.
XVII
Judaísmo e
Cristianismo
Pesquisas recentes e estudos comparados têm demonstrado que a mitologia
judaico-cristã é bem anterior ao próprio judaísmo, quando se percebe que dogmas
como o da imortalidade da alma, da ressurreição e do Verbo encarnado são muito
anteriores ao cristianismo.
A imortalidade da alma já era
multimilenar quando os judeus foram levados cativos para a Babilônia. Zoroastro
ensinara, muito antes, ser a alma imortal, e que essa imortalidade seria
produto de uma opção humana. O livre arbítrio levaria o homem a escolher uma
vida que o levaria ou não à imortalidade. O erro e o mal produziriam a morte
definitiva, a prática do bem, a imortalidade.
Do mesmo modo, na Ciropédia, bem
anterior a Zoroastro, lê-se que Ciro, moribundo, disse: “Não creio que a alma
que vive em um corpo mortal se extinga desde que saia dele, e que a capacidade
de pensar desapareça apenas porque deixou o corpo que não tem como pensar por
si mesmo”. Por outro lado Einstein, pouco antes de morrer, declarou não crer
que algo sobrasse do ser vivo após a morte.
Os egípcios, os hindus, os sumérios,
os hititas e os fenícios criam na imortalidade da alma.
A ressurreição foi um dos fundamentos
do Zend-Avesta. Zoroastro também ensinou que o fim do mundo seria precedido por
um grande acontecimento, a ser predito por profetas. Os persas tiveram os seus
profetas, que foram Ascedermani e Ascerdemat, os quais passaram à Bíblia sob os
novos nomes de Enock e Elias, entidades míticas, como se vê. Desses mitos
surgiram o Talmud e os Evangelhos, o que mostra que, em religião, a ideia
original pertence à noite dos tempos.
A doutrina do Verbo já era
antiquíssima no Egito. Deus teria gerado Kneph — a palavra, o Verbo —, que é
igual ao pai. Da união de Deus com o Verbo nasceu o fogo, a vida, Fta, a vida
de todos os seres.
O monoteísmo e a Santíssima Trindade
eram crenças muito antigas na Índia. Os deuses únicos e os deuses secundários
são uma velha doutrina oriental. A religião greco-romana já possuía o seu Apolo
e Zeus, acolitados por uma porção de deuses secundários. Essas velhas lendas
deram origem ao Deus do cristianismo, com toda sua corte de santos e anjos. O
politeísmo de há muito vinha caminhando para o monoteísmo. Os gregos já haviam
concebido a ideia de um intermediário entre os homens e Júpiter, que era Apolo,
tendo-se encarnado para redimir os homens.
Porfírio citou o seguinte oráculo de
Serapis: “Deus é antes e depois e ao mesmo tempo, é o Verbo e o Espírito, como
um e outro”.
O mundo antigo cria em um Deus único,
pai de todas as coisas, afirmou Máximo de Tiro. O povo então já dizia: Deus o
sabe! Deus o quer! Deus o abençoe! Os oráculos só se referiam a Deus e não aos
deuses.
Os apologistas do cristianismo, tais
como Eusébio, Agostinho, Lactâncio, Justino, Atanásio e muitos outros,
ensinavam que unidade de Deus era conhecida desde a mais remota antiguidade. Os
órficos, inclusive, admitiam-na.
Na Bíblia, ao ser traduzido para o
grego e para o latim, o nome de Deus passou a ser muitas vezes Senhor, Dominus,
para ficar conforme o nome do Deus-sol do mitraísmo.
O amor a Deus foi a base de todas as
religiões copiadas pelo judaísmo. Isaías falava de Deus como Pai Celestial.
Ezequiel dizia que Deus não queria a morte do pecador, preferindo antes a sua
conversão. O justo viverá eternamente pela fé. São palavras de Habacuc,
repetidas por Paulo em Gálatas 3:2.
Como vimos, a doutrina do Verbo vem
de Platão, tendo sido este o intermediário entre os metafísicos e os cristãos.
Foi ele quem concebeu a ideia da separação do corpo e da alma, e pôs aquele na
dependência desta. Na sua opinião, a terra era o desterro da alma. Foi o
criador do sistema filosófico da decadência moral do homem, fazendo dos
sentidos uma ameaça, do mundo um mal, e da eternidade o delírio, o sonho.
Cícero e Sêneca tinham ideias
cristãs, mas não conheceram a Jesus Cristo nem ao cristianismo. Agostinho leu
as obras de Cícero e trocou o maniqueísmo pelo cristianismo. A Igreja procurou
destruir as principais obras de Cícero e de Sêneca para que a posteridade não
percebesse que eles não tinham sido cristãos seguidores de Cristo, mas apenas
que as suas ideias coincidiam com as que o cristianismo esposou.
O cristianismo nasceu da helenização
do judaísmo. Os cristãos terapeutas abandonaram o judaísmo ortodoxo porque este
tinha posto de lado o culto nacional do templo e o sacrifício Pascal,
retirando-se para uma vida contemplativa nos montes, longe dos homens e dos
negócios. Estabeleceram uma sociedade comunal, considerando o casamento um
apego à carne, um empecilho à salvação da alma, com o que proscreveram os
principais prazeres da vida, exaltando o celibato e a pobreza, como os
essênios, além de aconselhar a caridade.
Eusébio chamou aos terapeutas de
cristãos sem Cristo. Para ele, um terapeuta era um autêntico cristão. Isto
levou Strauss a escrever: “Os terapeutas, os essênios e os cristãos dão sempre
muito o que pensar”.
A doutrina dos essênios, a moral dos
terapeutas, a encarnação do Verbo, vinda do judaísmo helenizado, é o
cristianismo de Filon. Desse modo, Filon foi criador do cristianismo, sem o
saber. Ele refere-se ao Verbo nos termos da mitologia egípcia, sem, contudo,
mencionar a crença em Jesus Cristo.
Salomão fez da sabedoria divina a
criação. O Livro da Sabedoria define a natureza desse principio intermediário,
transformando o pensamento vago do rei judeu sobre a sabedoria da doutrina do
Verbo.
Sirac, em “Eclesiástico”, faz a
doutrina do Verbo ser mais precisa: “A sabedoria vem de Deus, estando sempre
com ele. Foi criada antes de todas as coisas. A voz da inteligência existe
desde o principio. O Verbo de Deus, no mais alto do céu, é a fonte da
sabedora”! Filon disse que o Verbo se fizera humano. Segundo ele, Deus era
infalível e inacessível à inteligência humana, não nos alcançando senão pela
graça divina. Para ele, ainda, o Verbo não era apenas a palavra, mas a imagem
visível de Deus. O Verbo seria o Ungido do Senhor, o ideal da natureza, o Adão
Celeste, é a doutrina da encarnação do Verbo, tomando a forma humana. O Verbo é
o intermediário entre Deus e os homens. Diz ainda que o Verbo é o pão da vida.
Por ai vemos que não foi o Cristo o criador do cristianismo, mas este é que o
criou.
Clemente de Alexandria, Origenes ou
Paulo, assim como os primeiros padres do cristianismo, jamais se referiram a
Jesus Cristo como tendo sido um homem que tivesse caminhado do Horto ao
Gólgota, mas tiveram-no apenas como o Verbo, conforme a doutrina de Platão e de
Filon.
Os sumérios detêm os registros antigos
mais antigos cujos relatos bíblicos podem ser claramente tomados como
paralelos. Jesus veio restituir aquilo que já foi único no mundo, remetendo o
“princípio”, sob o ponto de vista teológico, claro. Todavia, mesmo que assim
não o seja, nada disso corrobora em apoiar o autor em sua tese (suposta
central) nesse seu trabalho.
XVIII
O
Cristianismo sem Jesus Cristo
Essa é fácil: não existe cristianismo sem Jesus. Os historiadores
atestam isso. A seção abaixo funciona como uma conclusão ao trabalho, baseado
em todos os argumentos lançados pelo autor. Obviamente, não traz novidade.
Está patente a existência do cristianismo sem Cristo. A existência do
clero, por outro lado, foi uma exigência bramânica. Pregando por meio de
parábolas, os sacerdotes faziam-se necessários para esclarecer o sentido das
mesmas. Justifica-se, assim, o pagamento com as esmolas dos crentes. Ensinavam
a religião e apoderavam-se do dinheiro. Suas terras e os templos já eram
isentos dos impostos. O sumo-sacerdote não se casava e era venerado como um
deus.
No budismo, tanto os bonzos como os
mosteiros são mantidos pela comunidade, e os monges, igualmente, não se casam.
O Dalai-Lama é o Vigário de Deus, o sucessor de Fó, sendo Infalível como o Papa
se diz ser. Nos mosteiros todos se chamam de irmãos.
O clero persa era dividido em ordens
hierárquicas, e tinha o direito a um décimo da renda da comunidade. Os magos
persas, como os profetas judeus, eram puros e não trabalhavam.
No Egito, a classe mais alta era a
dos sacerdotes. Elegiam o rei e limitavam a sua ação. O povo arrendava as
terras do templo. Só o clero ensinava a religião e presidia aos sacrifícios. O
regime era teocrata e todos tinham de submeter-se às regras eclesiásticas. O
sacerdote era o adivinho, fazia os oráculos, as profecias, os sortilégios e os
exorcismos. Afirmava ter força sobre a natureza, para o bem da humanidade.
Os brâmanes procuravam afugentar os
malefícios e as maldições. Para isto, cultivam certas plantas, como o lótus e o
cânhamo, das quais faziam licores como o “amrita”, que possuía virtudes
milagrosas. Tinham as mesmas modalidades de expiação ainda hoje adotadas pelo
cristianismo.
As mortificações hindus são as mesmas
praticadas pelos cristãos medievais. Certos crentes carregaram durante toda a
vida enormes colares de ferro, outros, pesadas correntes de ferro. Alguns se
marcavam com o ferro em brasa, avivando a ferida todos os dias. Muitos vão
rolando deitados até Benares, pagar ali suas promessas. Também usam sandálias
cravadas de finos pregos, os quais entram pelas solas dos pés.
No Egito, os sacerdotes de Ísis
açoitavam-se em sua honra, expiando, com isso, suas próprias culpas e as do
povo.
Entre os gregos havia a água lustral
para as expiações e para as propiciações. Os sacerdotes de Dodona feriam-se e
os de Diana praticavam tais coisas em seus corpos, que às vezes punham em
perigo a própria vida.
Os romanos procuravam livrar-se das
calamidades públicas oferecendo aos seus deuses sacrifícios humanos. Os
Indostânicos tornavam-se celibatários, pediam esmolas, jejuavam e isolavam-se
do convívio com outras Pessoas.
No budismo, as crianças eram
ensinadas a fazer votos de castidade. O governo concedia honras especiais ao
que chegavam aos 40 anos castos. No Egito, existiam mosteiros apropriados para
os que faziam votos de castidade. Também os sacerdotes de Baco, na Grécia,
faziam tais votos. Os sacerdotes de Cibele eram castos e castrados. Em Roma, as
vestais viviam em mosteiros, indo para eles até aos seis anos de idade, e
juravam não deixar extinguir-se o fogo sagrado e manterem-se virgens. A que
faltasse ao juramento seria enterrada viva e, o amante, condenado à morte.
Os budistas consagravam o pão e o
vinho, representando o corpo e o sangue de Agni, quando os bonzos aspergiam os
crentes. Enquanto aspergem água lustral, cantam hinos ao sol e ao Fogo, o
“Kirie Eleison” que os católicos copiaram e cantam ou recitam durante a missa.
Inicialmente o sacrifício constava da imolação de uma pessoa, a qual
posteriormente foi substituída pela hóstia. Tal como o padre católico, o
sacerdote budista também lava as mãos antes das libações. A cerimônia budista é
em tudo semelhante à missa da Igreja Católica.
Os persas tinham, em seus ritos
religiosos, a eucaristia, ou seja, a mesma oferenda do pão e do vinho que
também consta do ritual da missa, bem como o Pater Noster, o Credo e o
Confiteor.
Na Grécia, rezava-se pela manhã e à
noite. Os etruscos juntavam as mãos quando oravam. Também a confissão lá era
praticada pelos persas. O ritual do catolicismo tem muito do ritual mitraico,
assim como a vestimenta dos sacerdotes católicos foi copiada do figurino dos sacerdotes
de Mitra.
Muitas das religiões pré-cristãs já
festejavam a Páscoa e a Natividade. Os persas inclusive dedicaram um dia aos
mortos. E, no dia em que o filho começava a receber instrução religiosa, havia
festa na casa dos pais.
Entre os gregos, cada dia da semana
era dedicado a um deus.
Os Hindus viviam peregrinando de um
templo para outro. Criam na existência de dias bons e dias maus, como também em
sortilégios e malefícios. Cada pessoa era dedicada a um anjo que a protegia
desde o nascimento. Benziam as vacas, os instrumentos agrícolas e animais
domésticos.
A história do passado religioso do
homem está repleta de virgens puras e belas, que são as mães dos deuses. Maria,
mãe de Jesus Cristo, é apenas mais uma dentre tantas outras.
Igualmente, as procissões constituem
práticas multimilenares. É antiquíssima tal modalidade de culto. Juno e Diana
passearam em andores durante muitos séculos. As cidades sempre se enfeitaram à
passagem dos santos e dos deuses.
Por aí vemos que nem Jesus nem o
cristianismo têm nada de original. A veneração das imagens já era muito
anterior ao cristianismo. Por outro lado, o judaísmo, que as baniu, não foi,
entretanto, o primeiro a tomar tal atitude. Plutarco disse que os tebanos não
as usavam, assim como Numa Pompílio proibiu os romanos de usarem-nas, durante o
seu governo. O batismo era uma cerimônia praticada pelos antigos muito antes de
se cogitar, sequer, do nome de cristão. Os hindus lavam o recém-nascido em água
lustral, dando-lhe um nome de um gênio protetor. Aos oito anos, a criança
aprende a recitar os hinos ao Deus-Sol. A extrema-unção também, de há muito
antes do cristianismo, era praticada pelos hindus.
Copiando detalhes dos ritos e cultos
de uma grande variedade de seitas, o cristianismo constituiu o seu próprio ritual,
tudo girando em torno do Deus-Sol, no qual, por fim, vestiram a roupa de Jesus
Cristo.
·
autor: La Sagesse
[01] - Artigo Dossiê , Revista
Galileu, Ed Globo, abril 2004, pág 41 a 52.
[02] Pereira, Daniela Martins. Experiência Religiosa da Fé e
Desenvolvimento Humano, trabalho de conclusão de curso, Curso de
Psicologia, da Universidade São Francisco, 2008.
[03] Cruz, Eduardo Rodrigues da.
Origens Místicas e Científicas. Cienc. Cult. vol.60 no.spe1 São
Paulo July 2008 - http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252008000500012&script=sci_arttext
[04] CSI Jesus, Revista Galileu,
Edição 206 - Set de 2008, Editora Globo.
[05] Lopes, Reinaldo José. Desculpai, mas Jesus Existiu, Folha de
São Paulo, 15 de abril de 2014 - http://darwinedeus.blogfolha.uol.com.br/2014/04/15/desculpai-mas-jesus-existiu-um-preambulo/
[06] Jesus - A verdade por trás do
mito. Revista Super Interessante,Editora Abril,
Dezembro de 2012.
[07] Forato,
Thaís Cyrino de Mello. O Método Newtoniano Para A Interpretação Das
Profecias Bíblicas De João E Daniel Na Obra:
Observations Upon The Prophecies Of Daniel And
The Apocalypse Of St. John; Dissertação de
Mestrado em História da Ciência, PIC – SP, 2003.
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