domingo, 30 de setembro de 2012

A Teoria do Nada



“(...) o que normalmente consideramos como o espaço vazio – o vácuo, o nada - desempenha um papel central na determinação da aparência atual das coisas (...)”
Brian Greene


Atente para o nosso universo em grande escala: imensos vazios com aglutinações de matéria bastante espaçadas, ao menos na parte visível que conhecemos.

Analisando a matéria em diminutas escalas chegamos à conclusão de que as moléculas e átomos não possuem substância, não são sólidos ou pequenas esferas como é comum imaginarmos. Alguns ainda concebem, de forma enganosa, uma estrutura atômica de prótons, nêutrons e elétrons como um pequeno sistema planetário. Estas concepções mentais são falsas.

Uma imagem mais aproximada nesta escala de observação seria de regiões com altas probabilidades de se encontrar as estruturas básicas, inclusive o próprio átomo, em contraste grandes espaços de baixíssima probabilidade de encontrar os mesmos. É como se fosse uma nuvem no céu, dessa que imaginamos diversas formas ao olharmos para as mesmas: montes de algodão. Quanto mais escura maior a probabilidade da água estar concentrada na região e, em consequência, mais densa é a nuvem nesta zona. De maneira similar, as “nuvens atômicas” também possuem densidades e estas definem a região do espaço onde a partícula subatômica tem maior probabilidade de ser encontrada.

Com efeito, o átomo é formado por regiões volumétricas de alta e de baixa probabilidade de se achar seus componentes fundamentais. A física quântica, grosso modo, é uma física depossibilidades.

Em geral, não há contato físico entre os átomos ou moléculas, não da maneira convencional que imaginamos. As ligações são elétricas, atrações entre as cargas de sentidos opostos. A natureza mais íntima da matéria se mostra um imenso vazio quando olhada de perto.

Uma boa definição para o que chamamos de partículas subatômicas, os tijolos da realidade física, seria um condensado de informações, ou de ideias. Um elétron é definido por seu spin, carga e massa: um conjunto de informações percebidas pela interação que este tem com outras partículas.

Uma das coisas que mais perturbam os materialistas é um fato difundido e amplamente explorado nos experimentos quânticos: a fundamental importância da medição interferindo no evento observado.

Em grande escala, ao medirmos a velocidade e posição de um objeto, como um carro, não alteramos ou definimos estas informações. Quando o tempo de uma volta de um carro de fórmula 1 é apresentado no programa de televisão que cobre o evento, a posição e a velocidade do mesmo não sofre qualquer perturbação fruto da medida feita. Nada parece ter se alterado como consequência da medição realizada. Isso não ocorre nos experimentos subatômicos.

Um evento quântico não é precipitado, ou seja, vem a ter existência física, enquanto não é medido. Antes da medição o fenômeno se encontra em meio a possibilidades da realidade. Quando se mede, uma única alternativa dentre todas as possibilidades passa a fazer parte da realidade daquele momento e todas as outras probabilidades de existência são reduzidas a 0% de chance de acorrerem fisicamente.

Tal fato ocorre de forma tão fantástica que um só elétron pode estar em vários lugares em dado instante antes de uma medição qualquer. Contudo, uma vez que este elétron tenha sua posição medida, no instante da medição, sua alocação passa a ser um lugar definido e único.

O domínio da mecânica quântica nos mostra fatos deveras anômalos em relação a nossa vivência cotidiana. Como exemplo, a experiência conhecida como escolha retardada mostra que um evento medido pode definir a posição, ou posições, que uma partícula adotou antes da medição, ou seja, uma decisão que tem afeitos naquilo que entendemos, de forma contumaz, como passado.

Esta linha de pensamento levou o físico Amit Goswami a construir uma teoria que a mente figura como responsável pela criação de nossa realidade, inclusive da matéria.

Dentre as similitudes que percebo entre a cabala e a física, há uma que considero de forma especial. A dinâmica que caracteriza nosso universo e a vida são características indispensáveis à visão de quem os estuda. Pode-se dizer que nada é, tudo está. Este é assunto para outro texto.

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