quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Diversidade

Alguns dos arquivos publicados na Scientific American Brasil de novembro 2014 faziam parte de uma matéria maior denominada por “O Estado da Ciência no Mundo”.

 Ciência tecnologia são indispensáveis para a prosperidade da sociedade.  Quem são seus impulsionadores?



A pergunta acima (da edição em tela) foi a ancoragem dos artigos em foco: eles gravitaram ao redor do termo diversidade. O argumento principal é que a diversidade é fator de fortíssima influência sobre a ciência, tecnologia e a inovação, bem como sobre a eficiência em responder a novos questionamentos e desafios.  Um grupo formado por vários gêneros, ou seja, por homens e por mulheres, bem como diversidades étnicas (negros, brancos, pardos, asiáticos, etc), além de segmentos sociais e culturais diferentes, dentre outras, possibilita abordar problemas sobre múltiplos e diferenciados em enfoques. Com isso, ganha-se vastos argumentos, conformando uma clara tentativa de saturar todas, ou um número tão grande quanto possível, de abordagens e facetas a respeito de uma mesma questão.

Só que a diversidade ainda leva a outros aspectos que melhoram as pesquisas: cada um dos indivíduos, regra geral, elabora e trabalha melhor suas ideias, visto que deve as apresentar (e muitas vezes convencer) a um grupo heterogêneo (devem-se antecipar contra-argumentos e perspectivas diferentes). Assim, lê-se em um dos textos que aponto na revista: “diversidade parece conduzir a pesquisas científicas mais elaboradas e de melhor qualidade”.

Note que, de certa forma, isso remete a um princípio da ciência: considerar TODAS as hipóteses (mesmo as que não gostamos – isso é um recado, tanto para ateus quanto para teístas). Os parágrafos anteriores mostram como a diversidade enfoca tal princípio. O reflexo disso pode ser lido no artigo: “Ciência impõe a disciplina de ter de encontrar as melhores ideias entre equipes de diversas pessoas, o que dá a cientistas e engenheiros a oportunidade de serem pioneiros em mudanças culturais. (...) As pessoas das áreas da ciência e engenharia estão impulsionando os mecanismos de prosperidade e ideias inovadoras mais vitais do mundo.”.

Assim, ainda que os desentendimentos e a falta de tolerância gerem processos na esfera judicial (de funcionários entre si e/ou contra a própria empresa), e com isso elevação de custos, o resultado geral é definitivamente positivo. Obviamente que se busca minimizar os custos, o que leva a políticas que primam pelo respeito à diversidade e à inclusão (real) de minorias: “Empresas gastam bilhões de dólares para atrair e gerenciar diversidade tanto interna quanto externamente, mas ainda assim enfrentam processos judiciais por discriminação”.

Você que acompanha este blog pode estar achando esta matéria um tanto deslocada dos temas costumeiramente aqui tratados (obviamente não é o único artigo daqui que pode ser assim classificado). Porém, meu objetivo é demonstra que a diversidade não é somente boa para desenvolver ciência, tecnologia e inovação, como os artigos aqui comentados apontam, mas também é fundamental para cada um de nós (pelo menos para aqueles que gostam de pensar, no sentido mais nobre do termo). Meus melhores insights surgiram em discussões com defensores de pontos de vistas divergentes dos meus, por vezes antagônicos. Quando o(s) debatedor(es) mantinha(m) um bom nível de argumentos (infelizmente, alguns preferem ignorâncias e desrespeitos pessoais), preocupado(s) em fornecer boas explicações e apontar fontes, obrigava(m)-me a fazer o mesmo (nos casos que assim eu, eventualmente, não o vinha fazendo).

Outro exemplo: minha tese de doutorado saiu da fusão de duas áreas distintas.

Este blog é fruto desse tipo de pensamento e isso é exemplificado na abrangência de temas que aqui eu abordo (relatividade, mecânica quântica, astrofísica, teoria das cordas, mente, livre-arbítrio, cabala, ioga, etc). Há uma citação em um dos artigos aqui abordado que ilustra, em parte, a postura que encorajo aqui: “Até ser simplesmente exposto à diversidade pode mudar o modo como você pensa”.


Finalizando, deixo um recado que resume minha experiência: estude para responder as suas perguntas, mas não deixe de ler e escutar (com atenção) argumentos contrários, sobretudo os bem formulados, pois eles são fundamentais para que você tenha a abrangência necessária que lhe permita formar um conceito sólido e consistente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário