quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sobre a existência de Jesus

Um exercício interessante para qualquer um é questionar. Se você é cristão e partidário de que a crença e a fé não se questiona, sugiro ler a Bíblia com atenção e perceber que muitos dos personagens da mesma, os quais figuram como exemplos da crença em Deus, duvidaram, questionaram e riram de afirmativa do próprio criador (destaques feito por mim):

Deus disse a Abraão: "A tua mulher Sarai, não mais a chamará de Sarai, mas seu nome é Sara. Eu a abençoarei, e dela te darei um filho (...) Abraão caiu com o rosto em terra e se pôs a rir, pois dizia a si mesmo:"Acaso nascerá um filho a um homem de cem anos, e Sara que tem noventa anos dará ainda à luz?" Gênese 17:15-17

Disse-lhe Moisés: "O povo no meio do qual estou conta seiscentos mil homens a pé e tu dizes: Eu lhe darei carne para comer durante um mês inteiro! Se se matassem para eles rebanhos e pequenos e grandes animais, ser-lhes-iam suficientes? Se se ajuntassem para eles todos os peixes do mar, ser-lhes-iam suficientes?" Respondeu Iahweh a Moisés: "Ter-se-ia, por ventura, encurtado o braço de Iahweh? Tu verás se a palavra que eu te disse se cumpre ou não." Números 11:21-23

Em outras passagens, Jesus mostra saber que até em seus mais próximos discípulo há dúvidas (como ao caminhar por sobre as águas e chamar Pedro, ou na sua ressurreição, em especial em relação a Tomé).

Então, meus caros, Deus é extremamente bondoso e aqueles que duvidam e questionam também encontram morada junto ao Senhor.

Baseado nesta certeza, ajudarei àqueles que, assim como eu, questionam. Duvidemos, então, das bases do cristianismo e veremos se é possível, ao fim, concluir pela filosofia cristã como a que se mostra verdadeira. A isso se chama dúvida metódica.




JESUS EXISTIU?

Aqui minha abordagem é focada na figura histórica de Jesus, ou Jesus histórico, como homem e sem considerar os feitos sobrenaturais a Ele atribuídos. Em outras palavras, se houve um homem que atendeu por tal nome, vivendo no espaço e tempo em que o Novo Testamento aponta, que pregou aos judeus, agrupou seguidores ao seu redor, desafiou as formas que os lideres do seu povo pregavam suas crenças e foi crucificado no governo de Pôncio Pilatos.
Particularmente, não escreverei muito. Apenas apontareis textos que sintetizam os argumentos pró e contra à existência de um Jesus histórico, sem, no entanto, deixar de emitir minha conclusão ao fim. Você poderá  lê-los e concluir por si, sem muletas.


1. Dos que defendem a não existência de um Jesus histórico

Começarei utilizando 03 textos disponibilizados na internet que apontam para a inexistência. Sobre o primeiro, pode-se o tomar como uma pesquisa séria, ou oportunidade de polemizar e aferir lucro por meio de um livro, ou ainda como uma pesquisa que carece de mais bases (mas o coloquei por ser bem recente, outubro de 2014). Os outros apresentam um esforço grandioso e bem estruturado, com textos ricos. Assim, espero abrir um canal para que você, que lê este meu texto, possa iniciar os balizadores de sua pesquisa pessoal. Vamos a eles.

a. No portal de notícia no portal Terra, tem-se um artigo com o título: “Jesus nunca existiu”, defende historiador americano. Confiram o artigo na integra por meio do link que aqui forneci. Destaco um trecho, a seguir.

 Paulo não sabe nem onde, nem quando Jesus viveu e considera a crucificação como uma metáfora.

b. O segundo tem o título de Jesus Cristo Nunca Existiu. O artigo é longo e muitas são as passagens que mereceriam destaque. Mas, para não tornar este artigo por demais longo, escolhi a que transcrevo a seguir:

Muitos até mesmo entre os cristãos procuram provas históricas e materiais para fundamentar sua crença. Infelizmente, para eles e sua fé, tal fundamento jamais foi conseguido, porquanto, a história cientificamente elaborada denota que a existência de Jesus é real apenas nos escritos e testemunhas daqueles que tiveram interesse religioso e material em prová-la.

c. Por fim, no mesmo diapasão do anterior, indico o texto "Análise das fontes externas que mencionam Jesus". Como exemplo da abordagem desse artigo, destaco:

Outros debatedores apologéticos da linha de Josh McDowell ou F. F. Bruce aparecem com figuras estranhas, como Flávio Josefo, Suetônio, Tácito, Mara Bar-Serapion entre outros. Volta e meia, em debates, estas figuras um tanto fantasmagóricas aparecem para assombrar pela total falta de sentido e são colocadas sob análise, mas preferi agora estudá-las e ver o porquê de elas não poderem ser usadas como prova que o relato bíblico seja verdadeiro.

Enfatizo: os 03 exemplos de argumentos aqui apresentados, a princípio, não esgotam as conjecturas que os detratores da existência de um Jesus histórico utilizam. Considero-os abrangendo os principais, no mínimo. Portanto, se você quiser um trabalho acadêmico mais completo, sugiro buscar as referencias dos textos nos links que disponibilizei.

Considerações
Antes de apresentar artigos favoráveis a existência de um Jesus histórico, deixe-me  tecer algumas considerações sobre os textos anteriores.

No primeiro texto (a), em relação ao destaque dado, argumento que é possível que o autor do livro em foco, Michael Paulkovich, desconheça alguns apontamentos de Paulo, como os abaixo:

(...) Sem encontrar nele motivo algum de morte, condenaram-no e pediram a Pilatos que o mandassem matar. Atos dos Apóstolos 13:28

(...) e sendo reconhecido como homem, humilhou-se, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Filipenses 2:8.

(...) a qual nenhum dos poderosos deste mundo conheceu, pois se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glóriaI Coríntios 2:8.

Todavia, o próprio autor do artigo do portal Terra (não o autor do livro) aponta a divergência do responsável pela obra aqui em evidência em relação aos pesquisadores sobre Jesus: "A teoria do historiador é bastante controversa, já que a maioria dos estudiosos afirma a teoria de que Jesus realmente existiu e era um judeu da Galileia nascido entre 7-4 A.C e morreu entre 30 a 36 DC. Entre os estudiosos também é amplamente aceito que Jesus tenha sido batizado por João Batista e crucificado por ordem do prefeito romano Pôncio Pilatos."

Lembro que o primeiro texto, o do portal Terra, é de um historiador, segundo a fonte. Os outros dois autores (textos "b" e "c"), embora não se possa dizer que eles se identifiquem como historiadores, pelo menos apresentam uma estrutura e pesquisa aparentemente mais mais elaborada.

2. Dos que defendem a existência de um Jesus histórico

De fato, não entrarei no mérito de discutir o livro (texto "a") ou os artigos (textos "b" e "c"), mas me limitarei a oferecer algum material de referência para estudo a você que busca concluir por si sobre a existência ou não de um Jesus histórico. Novamente, reforço: caso sua opção seja constituir uma pesquisa formal acadêmica, os artigos (e suas referências), cujo links aqui estão disponibilizados, trazem uma visão geral bastante elucidativa a qual, certamente, a ajudará.

a. Sob o título de "Desculpai, mas Jesus existiu", Reinaldo Lopes dá sua contribuição ao assunto. Trata-se de um texto de linguagem acessível, popular, bem humorado, e de argumentos bem postos.São seis partes:

b. Revistas nacionais de divulgação científica
Em abril de 2004 a revista Galileu, da Editora Globo, apresentou em Artigo Dossiê (pág 41 a 52), a Arqueologia da Bíblia. Nem todos os argumentos vão ao encontro da crença cristã, mas a existência de Jesus não é questionada. Leia um trecho:

Até a crucificação já foi questionada, já que não era costume enterrar os corpos dessas pessoas. As dúvidas acabaram em 1968, quando arqueólogos encontraram o corpo de um judeu crucificado. "Isso comprovou que, em casos raros, essas pessoas eram enterradas. Jesus também poderia ter sido exceção. A maioria dos cientistas dá crédito a esse fato", diz Chevitarese.
(...)
Existem oito momentos nos relatos bíblicos sobre a vida de Jesus que podem ser considerados reais, segundo os pesquisadores André Chevitarese, da UFRJ, e Gabriele Cornelli, da Universidade Metodista de São Paulo.

A mesma revista, Galileu, em setembro de 2008, traz a matéria CSI Jesus. Destaco:

Viciados em teorias da conspiração adoram a idéia: Jesus nunca teria existido. As histórias sobre sua vida, morte e ressurreição seriam mera colagem de mitos egípcios e babilônicos, com pitadas do Antigo Testamento para dar um saborzinho judaico. Na prática, Cristo não seria mais real do que Osíris ou Baal, deuses mitológicos que também morreram e ressuscitaram. No entanto, para a esmagadora maioria dos estudiosos, sejam eles homens de fé ou ateus, a tese não passa de bobagem. A figura de Jesus pode até ter "atraído" elementos de mitos antigos para sua história, mas temos uma quantidade razoável de informações historicamente confiáveis, englobando pistas de fontes cristãs, judaicas e pagãs.

Já em 2012 a revista Super Interessante (Editora Abril) apresentou um artigo que em muito diverge sobre verdades tidas no cristianismo, mas, por outro lado, fala sobre o nascimento de Jesus. Destaco:

Outro consenso é o de que Jesus nasceu "antes de Cristo".


Conclusão

Analisando o material disponível, como os que aqui apresentei, o que se verifica é o consenso da maioria dos historiadores sobre a existência de Jesus (histórico). Aos que acreditam na "mitificação" da existência de Jesus recai o ônus da prova de demonstrarem tal suposição, ou seja, de provar que é um mito, pois todos os argumentos utilizados pelos mesmos são refutados pelos pesquisadores.


Uma vez estabelecido pela ciência que o homem Jesus tem uma existência física comprovada por historiadores, passemos ao teor daquilo em que a ciência acadêmica se cala: são dignos de confiabilidade os relatos do Novo Testamento, em especial dos Evangelhos?

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