sábado, 25 de agosto de 2012

Cabala – uma breve introdução para cristãos


Dra Tamar Frankiel, Ed Pensamento

O livro se mostra uma boa introdução para aqueles que desejam estudar cabala, independente de ser ou não cristão.
A autora apresenta um rastreamento histórico sobre marcantes escritos sobre o assunto, inclusive citando o estudo e obras por parte de não judeus (embora aponte que este autores costumam misturar seus escritos “com interpretações esotéricas complicadas advindas de outras tradições teosóficas”).
A Dra Frankiel é de opinião que o interesse mais generalizado pelo estudo da cabala está coligado ao período em que vivemos (parte da população) de atenção ao lado espiritual. A busca por uma identidade pessoal concreta, por completar lacunas existenciais (em teoria ou em sentimento), é a força motriz que “populariza” a cabala modernamente.
Esse aspecto, da busca por si mesmo, é uma constante no livro. A obra aponta que tal procura é fundamental e indispensável ao projeto que nos dispomos a cumprir enquanto encarnados e, consequentemente, à nossa felicidade. O homem é a imagem e a semelhança de seu criador e, como tal, deve refletir isso no mundo. Para tanto, diz a escritora: “A cabala é a ciência que nos ensina diretamente sobre a religiosidade, sobre a divindade e sobre como podemos nos relacionar com ela em nossa vida.”.
No texto, adverte-se sobre a visão crítica que as autoridades religiosas, de forma geral, têm sobre o estudo do esoterismo e sobre o esforço, sobretudo mental, que aqueles que se dispuserem a estudar seriamente o assunto terão de suportar.
Ainda é dito pela autora que: “a cabala, como teosofia, diz respeito antes de tudo à compreensão de quem e de como é Deus (na medida da compreensão possível ao ser humano) ...  A cabala é uma teologia que dá origem a uma cosmologia e a uma antropologia.”.

A obra segue apresentando o assunto, discorrendo, por exemplo, sobre o aspecto limitado que percebemos do universo (e da criação), sobre a realidade divina (o Ein Sof dos cabalistas judeus, que não é exatamente como apesento aqui neste blog, o qual é fortemente influenciado pelo cristianismo), da dependência total da criação em relação ao seu Criador, de como tudo é formado pelos elementos que compõem a Árvore da Vida e como ela é manifestada em nós, humanos, a obra-prima da criação, onde o Criador apresenta seu reflexo. Sem fugir do foco, a autora apresenta as Sefirot (componentes da Árvore da Vida) de pontos de vista interessantes, as quais dedica as 2 últimas partes do livro: “Nós discutiremos o mapa completo a partir de duas perspectivas diferentes. A primeira delas, na Parte II, é em sentido do descendente e ilustra a maneira como as energias divinas se transformam e se manifestam, procedendo da emanação da luz de Deus sobre o mundo em sua forma conhecida por nós. Na parte III, eu descreverei as sefirot, assim como o ‘Caminho da Lembrança’.”.

No entanto, quem espera que o livro apresente uma coligação direta (ao menos em parte) da teosofia da cabala judaica com conceitos do cristianismo ficará um tanto frustrado. A autora cita bastante o judaísmo, como esperado (por ser sua religião), e outras religiões (ou elementos delas) quase tanto quanto cita o cristianismo, não tecendo sobre esse correlações profundas (talvez por se ater a uma obra introdutória) que leve um cristão a ver uma espécie de sincretismo da teosofia a qual está familiarizado com a cabala.

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