terça-feira, 21 de agosto de 2012

O DNA da Criação


Dentro do que é apresentado como linha dominante deste trabalho, as sephirot existem também em Assiá [1]. É certo que você percebeu, na figura da Árvore da Vida, formas além das sephirot: as ligações entre elas (representadas por segmentos de reta, estilizados ou não).

Os estudiosos da cabala, seguindo a tradição, afirmam que Deus, para criar, utilizou 32 Caminhos. Estes definiriam sua obra por completo. Enquanto as pequenas esferas [2] (num total de 10) representam as sephirot no desenho da Árvore da Vida, os segmentos de retas (totalizando 22) representam a ligação entre as primeiras. Kaplan afirma que este é o DNA da criação, formando tudo aquilo que experimentamos ou conhecemos: nossas mentes, a luz, um elétron, etc.

Eu afirmei, no início deste anexo, que Deus gravou (de forma similar as antigas escritas em argila) a criação em si, uma vez que Ele é a unidade perfeita existente. Com isso, ficou somente aquilo no Criador que é necessário e estável à criação. O que sobrou após Deus “gravar” a criação? Quais as características ou qualidades, ou seja lá o que for, ficam para que possa vir existir nosso universo? As 10 sephirot e as 22 ligações, os 32 Caminhos da Criação.

Segundo a cabala, tudo na criação é feito com estes atributos (os 32 caminhos). As 10 sephirot definem as quantidades e as 22 ligações as qualidades.

Nunca é demais reforçar que, dentro da filosofia da cabala, o Criador e tido como uma perfeita unidade. Apesar d'Ele conter tudo aquilo que define e mantém a criação, os 32 caminhos estão de forma inseparáveis no Criador. Lembra da analogia com a luz branca? Ela é a soma de todas as frequências visíveis de luz (o arco-íris apresenta as cores diversas que compõem a luz branca). Cada um dos espectros que a forma só pode ser separado quando filtrado de alguma maneira, como, por exemplo, num prisma. De forma análoga, a multiplicidade, como a percebemos, só passa a fazer sentido com a existência da criação.

As sephirot podem ser consideradas como chácras da criação, pontos de confluência e redistribuição de forças que mantém a existência. Arieh Kaplan afirma que as sephirot são como ideias, sem qualquer substância. Porém, mais do que isto, essas são atributos divinos que, muitas vezes, confundem-se com o próprio criador em textos tidos como sagrados.

Quanto às ligações, os 22 caminhos que ligam as sephirot, lembro que a Árvore da Vida - seu desenho - é limitada, pois representa uma realidade dinâmica e dimensional além daquilo que uma figura comporta. Isto posto, adoto que tais forças no universo são consequências da existência das  sephirot.

As ligações entre as sephirot é assunto de estudos e conclusões particulares para várias escolas esotéricas. Diversas são as figuras que podem ser encontradas em sites da Internet  que ilustram essa diversidade. 

Vamos estabelecer uma linha de raciocínio: por que existem estradas de ferro (EF)? Porque há locomotivas e elas precisam se deslocar. A existência de locomotivas implica, obrigatoriamente, na existência de EF? Não. Obviamente pode-se construir locomotivas e estas ficarem em salas de exposição (não me pergunte com que utilidade). Desta forma, só para fim de entendimento dos próximos parágrafos até o fim desta seção, vou dizer que estradas de ferro existem por existirem locomotivas, mas não são diretamente dependentes dessas (a primeira também podem ser construídas sem a existência da máquina mecânica a vapor). Há uma relação profunda, mas não subordinativa.

Em analogia a esta alegoria, digo que os 22 caminhos são consequências das sephirot, mas não são derivados diretamente, ou desdobrados, a partir destas. Na cabala, tais caminhos são associados às 22 letras do alfabeto hebraico.

Como esta parte dos conhecimentos da tradição que aqui apresento – provavelmente devido as minhas limitações intelectuais - não pode ser ligada diretamente a mecânica quântica, relatividade ou teoria das cordas, eu seja, não tenho um equivalente físico, vou deixar o leitor somente com estas informações, sem esgotar o assunto.

Por fim, ainda explorando a construção utilizada na Árvore da Vida, a parte amarelo claro da ilustração representa, na criação, a unidade, a simetria, na concepção arquetípica pura. A parte oval cinza, por trás das sephirot, mostra aquilo que vem, de maneira crescente, desdobrando a assimetria. É como se fosse a clara e a gema de um ovo. Nessa comparação, é possível entender porque alguns mitos antigos chamam a criação de Ovo Cósmico. Em alguns trabalhos o leitor também achará a denominação de Cristo Cósmico para a parte branca oval (a clara do ovo), ou, ainda, de paraíso.

No enfoque do estudo apresentado aqui, tudo aquilo que existe dentro do espaço denominado por paraíso carregará em sua estrutura íntima a Árvore da Vida completa.

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[1] Lembro ao leitor que citei autores os quais consideram os diversos planos, ou mundos, como constituídos por parte das sephirot, excluindo outras. Alinho-me com aqueles que propõem que todos os mundos são compostos pelo conjunto completo das sephirot.

[2] Didaticamente, cada uma das sephirot pode ser entendida de forma análoga a transformadores elétricos, destes que ficam nos postes da ruas, por exemplo. Estes equipamentos recebem uma tensão de 13.800 V, comumente usada para distribuição, e transforma em tensões de 127/220 V, ou 220/380 V, para uso residencial (dados do sistema brasileiro). De forma similar, nos sephirot a energia primária da criação é amortecida a um nível de utilização compatível e suficiente aos diversos níveis de existência.

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