segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O Buraco Negro no Começo do Tempo

Na Scientific American Brasil, número 61, Edição Especial História e Filosofia da Ciência, traz em sua capa o título O Buraco Negro no Começo do Tempo. Trata-se de um artigo interessante e original em sua abordagem versando sobre a teoria do Big Bang em uma proposta bastante diferenciada. O que o autor apresenta em seu trabalho de pesquisa é uma proposição em que o nosso universo é o horizonte de eventos de um buraco negro de outro universo com uma dimensão espacial a mais, ou seja, 4 dimensões espaciais.



Mas como entender um universo de 3 dimensões sendo o horizonte de eventos de um buraco negro de outro universo de 4 dimensões espaciais? 

Bom, primeiramente temos de saber o que é um horizonte de eventos de um buraco negro. Horizonte de eventos, no caso aqui abordado, nada mais é do que a limitação espacial física a partir da qual a gravidade do buraco negro atrai qualquer coisa, inclusive a própria luz. No caso particular do nosso universo, pode-se imaginar, grosso modo, que esse horizonte de eventos é a superfície de uma esfera cujo o centro é um buraco negro: a partir desse limiar, qualquer coisa que chegue próximo ao buraco negro é atraído para o mesmo por sua gigantesca força gravitacional.

Nesse exemplo, obviamente, por se tratar de uma superfície, está se referindo a algo com duas dimensões. De forma análoga, em um universo com quatro dimensões espaciais, tal horizonte de eventos teria três dimensões. Pois é exatamente esse ente limitante de três dimensões espaciais (o tal horizonte de eventos do universo hipotético) é que serve como modelo para explicar o nosso próprio universo (com 3 dimensões espaciais).

Por que essa hipótese é interessante? Ela permite chegar a algumas respostas que hoje o modelo padrão não nos fornece. Como exemplo, tem-se o valor das (cinco) constantes básicas da física, das quais dependem as leis que verificamos na natureza. Outro ponto ainda não entendido é a suposta inflação cósmica no início do universo, a qual é a melhor explicação para a aparente homogeneidade que nós observamos no universo em relação a uniformidade de distribuição de massa e a energia/temperatura visualizada por nós. Além disso, temos a teoria do Big Bang, a qual é uma excelente explicação para a evolução do universo após fração de segundo do momento zero, mas que, sobre o Big que fez Bang, sobre o que explodiu, ela silencia, não fala nada: as leis físicas conhecidas não são aplicáveis ao se tentar explicar essa singularidade primária (as leis físicas entram em colapso em singularidades).

Partindo de um universo existente e com quatro dimensões espaciais, já se supõe que o mesmo possua leis físicas e, com isso, consegue-se explicar algumas coisas que tem se mostrado nebulosas até o momento no modelo padrão, inclusive os três pontos eu acabei de citar no parágrafo anterior. 

Adicionalmente, o autor do artigo em foco acrescenta que a hipótese dele pode ser testada: isso é fundamental para ter uma teoria realmente científica, uma vez que a ciência se baseia em evidências físicas, ou seja: se não pode ser testada, não faz parte da ciência.

Todavia o próprio autor evidencia o ponto fraco dessa nova abordagem para a origem do universo.  Tal “calcanhar de Aquiles” é que, de fato, a abordagem apresentada empurrar as atuais lacunas, as ausências de respostas, para trás, uma vez que se teria que explicar a origem desse universo primário postulado, o com 4 dimensões espaciais.


Vale notar que não é a primeira teoria que consegue completar lacunas na cosmologia invocando mais dimensões físicas. Um exemplo já apresentado aqui nesse blog é teoria das cordas.

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