Para
os físicos o mundo e formado por partículas e campos de força, mas não está
nada claro que partículas e campos estão no domínio quântico. O mundo pode ter
uma infinidade de propriedades como cor e forma.
Meinard Kuhlmann (*)
O reducionismo adotado pela ciência,
em particular pela física, está com problemas. Embora os aceleradores de
partículas e o conhecimento recente tenha avançado (O Prêmio Nobel de Física de
2013 foi atribuído ao britânico Peter Higgs e ao belga François Englert por
suas descobertas sobre o bóson de Higgs, partícula elementar que explica a
origem da massa), a suposição de que o universo é feita por minúsculas partes
que podem ser estudadas isoladamente e, a partir destas, a realidade seria
explicável pela combinação pura e simples das mesmas está varrendo para debaixo
do tapete um grave empecilho à compreensão da intimidade da natureza: a
extensão dos conceitos clássicos de partículas e campos usada pelos físicos no
domínio da mecânica quântica conduz a percepções enganosas e não reais.
Embora o modelo padrão tenha
um enorme sucesso e apresente a teoria mais precisa já vista pela humanidade, nem
tudo é um “mar de rosas”. Em poucas palavras, há uma tremenda dificuldade de se
definir sobre o que, exatamente, a teoria quântica de campos trata (um problema
de ontologia). Os “objetos bases” dela, partículas e campos, se confundem: “A teoria quântica de campo atribui um campo
a cada tipo de partícula elementar (...) os campos de força não são contínuos,
mas quantizados, o que dá origem a partículas (...) a distinção entre
partículas e campos parece ser artificial”, diz Meinard Kuhlmann (*).
Além disso, imaginar um
fóton ou um elétron como uma pequena bolinha, conceito comumente utilizado, é “fantasiar”:
uma bolinha tem trajetória, mas não se pode assegurar posição ou velocidade de
um fóton, por exemplo, sem que meçamos tal grandeza (é como se ela só existisse
quando medida). Há ainda outros fatores (muitos
ligados ao observador) que impedem de forma cabal a aproximação do modelo quântico
ao clássico.
No caso dos campos, a “coisa”
(semelhança entre o clássico e quântico) já se distância na “largada”: enquanto
no campo clássico tem-se grandezas físicas associadas (temperatura, intensidade,
etc), no campo quântico tem-se entidades matemáticas abstratas (um espectro de
possíveis valores) associadas ao mesmo (tendo-se que se considerar uma outra
entidade matemática, o operador, para se extrair uma medida física).
Uma possível saída para a
confusão que se estabelece a partir daí está em se descartar partículas ou
campos como elementos fundamentais e adotar o realismo estrutural, em que a
relação entre os objetos é que constituem o fundamental a ser considerado.
Na versão mais forte, os que
defendem o realismo estrutural ôntico afirmam que devemos “prescindir dos objetos e assumir que o mundo é formado por estruturas
ou rede de relações”, segundo Meinard
Kuhlmann (*).
(*) Para saber mais, leia Scientific
American Brasil nº 136, páginas
39-41, set/2013.
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