terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Um universo criado


Parte 1

“... assim como deveríamos permitir que a nossa artista trabalhasse livremente a partir de uma tela, do mesmo modo devemos permitir que a teoria das cordas crie o seu próprio ambiente espaço-temporal, começando com uma configuração destituída de espaço e de tempo.
Espera-se que tendo essa tela em branco como ponto de partida - (...) – a teoria seja capaz de descrever um universo que evolui para uma forma na qual um pano de fundo de vibrações de cordas coerentes emerge, produzindo as notações convencionais de espaço e tempo. Tal versão revelaria que o espaço, o tempo e, por extensão, as dimensões não são elementos definidores essenciais do universo. São, ao contrário, noções convenientes que surgem a partir de um estado mais básico, atávico e primário.”
O Universo Elegante, de Brian Greene


As palavras que escrevo neste texto são, em especial, para aqueles que vêm na ciência, na física em particular, um sublime esforço da criatura almejando o entendimento daquilo que o Criador fez. A ciência deve muito ao esforço racional de pensadores das antigas Universidades do Sec XIII, os quais foram influenciados pelo conceito monoteísta de um só Deus de suprema sabedoria que cria um universo racional e permite à existência em tal ambiente de um ser (o homem) que é sua imagem e semelhança, logo, capaz de entender tudo aquilo que o cerca (embora não necessariamente seu Criador além do que é manifesto na criação).

            Nos textos anteriores, o ponto de vista inicial foi uma determinada experiência física e as teorias científicas que a explica. Neste contexto, mostrei a indispensável necessidade de existência de Deus (ao menos de um conceito dEle). Mas qual conceito, ou melhor, quais características seriam indispensáveis a Deus para uma harmonia perfeita com o universo? É possível atender a inspiração científica da citação feita nos parágrafos de abertura que transcrevi no início deste texto?

Alguém, de convicção mais ortodoxa, poderia argumentar que não devemos (ou podemos) sujeitar Deus a nada, ele é quem é senhor de tudo. Concordo. Todavia, mesmo quem assim concebe, por certo toma Deus como a base primária e única da existência. Se assim o é, então, certamente, o universo vem dEle. Logo, entender o cosmo, como ele é sustentado, é entender aquilo que Deus nos mostra, o que o Criador demonstra de sua natureza mais intima. Estudar a natureza e suas leis é uma devoção eterna e sublime à obra máxima do Criador.

Com base nestes argumentos, por parte de determinados religiosos, considero um enorme erro desprezar ou dispensar o estudo científico, ainda mais sob a alegação de se perceber, neste tipo de aprendizado, algum insulto ao criador. Falta a visão do quanto é importante estar imerso no máximo do conhecimento produzido pela inteligência humana, a fim de atestar, até em termos físicos, o quão grandioso é o Criador. Se assim não o fizerem, deixarão os militantes ateus (os quais não perfazem a totalidade desses) se arvorarem das descobertas científicas a ponto de chegarem a distorcer parte delas em favor da filosofia de vida materialista que adotam, ocultando os apontamentos cabais em contrário.

 Então, partindo em direção oposta ao que foi feito nos últimos textos, suporemos a existência de Deus, naquilo que percebo ser totalmente compatível com o cristianismo, e veremos se é possível apresentar um desdobramento natural em que o universo físico emerja de forma coerente e de acordo com as notações convencionais que verificamos.

Continua.

Em algum ponto da validação de todas as alegações ou hipóteses de verdade, um salto de fé é um ingrediente indispensável. Na base de todas as buscas humanas do entendimento e da verdade, incluindo-se a pesquisa científica, está presente um elemento de confiança que não pode ser erradicado. Se você se pega duvidando do que acabo de dizer, é apenar porque, neste exato momento, você confia na sua mente o suficiente para preocupar-se com a minha asserção. Você não pode deixar de confiar em sua capacidade intelectual, mesmo quando está em dúvida. Além disso, você expõe seu questionamento crítico porque acredita que vale a pena procurar a verdade. A fé, nesse sentido, não no sentido de loucas fantasias e desejos impossíveis, está na raiz de toda religião – e ciência – autêntica.
God and the New Atheists, de John F Haught

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